Presidente
acredita que Eletrobrás não fez os investimentos necessários decidiu acelerar
mudanças já em curso na administração
Leonencio
Nossa e Rafael Moraes Moura
BRASÍLIA
- A presidente Dilma Rousseff decidiu acelerar mudanças na estrutura e na
administração de Furnas. Preocupada com "incidentes" que
interromperam, por duas vezes num intervalo de 11 dias, o abastecimento de
energia em várias regiões do País, ela quer antecipar mudanças preventivas que
seriam feitas nos próximos meses.
Para
Dilma, a subsidiária da Eletrobrás não fez investimentos necessários no setor
de transmissão. Atualmente, 40% da energia do País passa pelo sistema
Eletrobrás/Furnas, que opera em 11 Estados. Foi um incêndio provocado por
curto-circuito na subestação de Furnas em Foz de Iguaçu que provocou o
"apaguinho" da última quarta-feira e atingiu áreas das Regiões Sul,
Sudeste e Centro-oeste, além de Acre e Rondônia.
A
estatal, porém, não tem responsabilidade sobre os demais episódios recentes. A
falha de fornecimento do dia 22, que deixou sem luz o Nordeste, além de
Tocantins e Pará teve origem numa subestação da Eletronorte, em Imperatriz
(MA). O blecaute do centro de Brasília anteontem teve como causa uma queimada,
que atingiu uma linha de transmissão da distribuidora local, a Companhia
Energética de Brasília (CEB).
Em
encontros e conversas recentes, Dilma demonstrou ter pressa no desenvolvimento
de um plano de reestruturação de Furnas, com enxugamento de pessoal e mudanças
de atribuições. Desde o começo do governo, a presidente reduz os poderes de
grupos políticos no setor elétrico, área onde fez carreira. Em fevereiro de
2011, ela nomeou o engenheiro Flavio Decat para presidir Furnas. A escolha foi
uma resposta ao grupo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que controlava a
estatal.
Respaldado
por lideranças do PMDB como o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o senador
José Sarney (AP), Decat tem a confiança de Dilma, que já conhecia o seu
trabalho. Em agosto, o PR perdeu a diretoria de Engenharia e o PMDB, as
diretorias Financeira e de Construção. À época, foram extintas as diretorias de
Engenharia e Construção e criada a de Expansão. O PT ainda conta com as
diretorias de Gestão Corporativa e Operação do Sistema e Comercialização.
A
presidente avalia que as mudanças não foram suficientes. Setores do governo
avaliam que Decat está amarrado por problemas na estrutura da empresa. O
governo identificou as áreas que emperram o gerenciamento de Furnas. Possíveis
substituições na administração da empresa deverão obedecer a critérios
técnicos, afirmam pessoas próximas da presidente.
A
estatal também tem sido frequentemente criticada pela falta de rigor na
operação do sistema. Por isso, há expectativa de que sejam criadas novas normas
técnicas para a empresa seguir. Os últimos autos de infração emitidos pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que Furnas não tem
obedecido a uma série de normas técnicas previstas para a operação das linhas
de transmissão.
(Colaborou
Renée Pereira) Via Estado de S. Paulo
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