A
redução da alíquota do ICMS a partir de janeiro vai reduzir a receita dos
municípios e do Estado, mas não será o fim da atividade de comércio exterior,
uma das principais vocações do Estado
A
redução de 12% para 4% da alíquota do ICMS nas operações interestaduais com
bens e mercadorias importados, que entra em vigor a partir de janeiro, vai
reduzir acentuadamente a receita dos municípios e do Estado, além de minar os
estímulos das empresas a importar pelos portos capixabas.
Mas
não será o fim da atividade de comércio exterior, uma das principais vocações
do Estado. As várias ações engendradas pelo governo estadual, dentro do
Programa de Desenvolvimento Sustentável do Espírito Santo (Proedes), deverão
minimizar os impactos da mudança da alíquota e manter as empresas no território
capixaba.
O
secretário estadual de Desenvolvimento, Márcio Félix Carvalho, reconhece que a
crise global que retrai a economia dos principais mercados do mundo poderá
afetar o Brasil e o Espírito Santo. "Se não fosse a crise, nossa perda
seria pequena e compensável por outras atividades", enfatiza, ao avaliar
que o efeito da turbulência internacional será mais devastador que as mudanças
na legislação.
Mas
ele está otimista. Como a alíquota será a mesma para os demais Estados, não
haveria razões para que as empresas de comércio exterior trocassem o Espírito
Santo por outra unidade da Federação. "Em tempo de crise, quem está
acampado sai, quem está fixado não sai de um dia para outro".
Novo
Fundap
O
Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap), o instrumento
queridinho das importadoras, teve que ser reinventado para não morrer. E mesmo
com a alíquota de ICMS menor, ele continuará sendo um atrativo, avalia o
secretário. "O Fundap é anterior à mudança da alíquota, é um dos mais
sólidos instrumentos que o Estado tem, e ele vai continuar", enfatiza.
Para
o diretor de Administração e Finanças do Bandes, Guilherme Henrique Pereira, o
volume de negócios gerados pelo comércio exterior deve continuar o mesmo. Se
houver queda, será em decorrência da crise. O Fundap continuará operando, só
que em bases diferentes.
Com a
alíquota de 12%, o mecanismo financiava 8%. Com a nova alíquota de 4%, a partir
de janeiro, financiará 3%, e os municípios ficarão com 1% da receita gerada. A
receita vai cair, mas o volume de negócios deverá se manter, argumenta Pereira.
O
diretor do Bandes, ex-secretário de Economia e Planejamento, que trabalhou na
equipe que construiu o Proedes, lembra que outras ações do programa, além do
Fundap, vão contribuir para manter a competitividade do comércio exterior.
A lei
de incentivo ao setor automotivo é um dos exemplos. A intenção do governo, ao
formular uma lei específica para o setor de veículos, é claramente a de atrair
para o território capixaba montadoras que querem expandir os negócios no país.
E uma grande empresa nessa área, certamente, vai incrementar as importações e
também as exportações.
A
criação da Subsecretaria de Comércio Exterior, vinculada à Secretaria de
Desenvolvimento,
é
outra das várias ações do Proedes. A pasta, explica Carvalho, terá atuação
voltada para transações internacionais.
Os
entrevistados defendem também a necessidade do aumento da competitividade dos
portos. Há um grupo estudando o assunto, e o indicativo é de que poderá haver
redução significativa de algumas tarifas, contribuindo para melhorar a
competitividade portuária.
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