O PT, em seus primórdios, também era atacado pela mídia
|
Qualquer
movimento popular que chega ao poder, pelas armas ou pelo voto, tem como
preocupação central expor ao povo as razões de sua luta, suas motivações, suas
energias fundamentais, seus propósitos, suas alianças, seus programas, suas
estrategias e, principalmente, suas ações práticas, voltadas para atender os
pressupostos básicos de sua filosofia política, em atendimento evidente à
realidade segundo a qual a luta política é, essencialmente, luta de classes,
que se expressa no controle político do Estado. Por isso, a providência imediata
do movimento político antes e depois de chegar ao poder é o lançamento de sua
própria publicação, tornando-a mais visível possível no plano da comunicação
pública, de modo a disputar, no mercado das idéias, o seu lugar, engajando-se
na luta ideológica.
É uma
ingenuidade imaginar que se chega ao poder e nele se possa permanecer sem que
as ideias que chegaram ao poder não disponham de um canal essencial para que
sejam difundidas, em vez de esperar que essa tarefa seja realizada pela mídia
sustentada, fundamentalmente, pelo capital bancário especulativo, por exemplo,
como é o caso brasileiro, ao longo de toda a Nova República, substituta do
regime militar, sob orientação do Consenso de Washington, ainda, predominante,
nas suas formulações ideológicas.
Essas
idéias são antigas e foram elas que levaram Getúlio ao suicídio, em 1954, como
alternativa política para lutar contra a desnacionalização econômica. O
lulismo-dilmismo, no poder, tenta manter uma estratégia nacionalista,
utilizando os bancos estatais como porta-estandarte, que, agora, os próprios
europeus, em colapso econômico, buscam imitar, como demonstra a repórter Assis
Moreira, no Valor Econômico, nessa segunda feira. Igualmente, Barack
Obama, no início da bancarrota financeira, em 2008, tentou o mesmo, defendendo
um banco de fomento norte-americano para reverter a financeirização econômica
desregulamentada, para salvar a economia sufocada pela especulação bancocrática
privada. Por não ter controlado o sistema financeiro e imposto uma estatização
do crédito, para sustentar a produção e o consumo, o colosso capitalista
imperialista se encontra em apuro total.
Vale
dizer, a solução de Getúlio Vargas, que criou o BNDES e o colocou a serviço dos
investimentos no capitalismo nacional, continua sendo a luz pela qual os cegos
se buscam pautar, enquanto a grande mídia anti-nacional, entreguista,
bancocrática, insiste na sua loucura antinacionalista, tentando anular,
politicamente, os agentes dessa estratégia, como foi o caso de Lula e, agora,
de Dilma. Getúlio Vargas é solução global no plano econômico e político.
Cadê
a imprensa nacionalista que o PT não criou para fazer o que a Última Hora,
criada por Getúlio e editada por Samuel Wainer, fez em defesa dos interesses
populares? Tremendo vacilo histórico da esquerda. Infelizmente, o PT não
entendeu até hoje que o poder popular exige um jornal popular, maior lição de
comunicação deixada por Getúlio, que jamais pagou para apanhar.
Uma
suposta reportagem da Veja, na qual o publicitário Marcos Valério, sem dar
entrevistas, “revelaria” seus segredos em que “incriminaria” Lula como o
responsável pelo chamado mensalão – uma grosseira montagem – faz surgir
novamente, com força, a necessidade de um jornal popular, democrático, de
massas.
Sem
ele, as forças progressistas ficam reféns, inertes e sem qualquer capacidade de
resposta diante da verdadeira campanha de demolição de Lula, do PT e dos
valores políticos defendidos pelas forças populares.
Nos
países em que há governos populares na América Latina, foram criados mecanismos
de comunicação popular, seja com nova leis de comunicação, como na Argentina,
Venezuela e Equador, fortalecendo a TV e o rádio públicos, mas também houve o
florescimento de jornais populares com capacidade de fazer a batalha de idéias
com a imprensa conservadora sistematicamente sintonizada com as ideologias e os
interesses dos EUA, e dos oligarcas nativos.
A
decisão recente da Secom de inverter a política de distribuição descentralizada
das verbas publicitárias federais da era Lula, que alcançavam numerosas cidades,
veículos, inclusive os de menor porte, é um retrocesso. Favorece os
conglomerados de mídia que estão em campanha permanente, sonhando com a
desestabilização do governo Lula e agora da Dilma, e também com a
inviabilização definitiva de Lula., com a novela do ‘mensalão’.
É pagar para apanhar.
Enquanto
isso, não se fortalece a comunicação pública e estatal, prevista na
Constituição, pois o governo não avança na aplicação do artigo 224 da Constituição.
Nem é
preciso esperar um novo marco regulatório para isto, é preciso aplicar o
princípio constitucional na distribuição de novas concessões de rádio e tv que
privilegie a comunicação pública, visando claramente alcançar o equilíbrio com
a comunicação privada, escandalosamente predominante, seja em número de
concessões, seja no maior bocado de verbas publicitárias – recursos públicos –
que o governo lhe presenteia.
São
exatamente estes conglomerados, representantes do capitalismo
informativo/desinformativo, que querem golpear a Voz do Brasil, programa
que enorme audiência, talvez o único a fornecer informações sem o crivo
deformado do mercado para uma grande massa de brasileiros, em todos os grotões
deste país, massa que é praticamente proibida da leitura de revistas e jornais.
É
preciso apoiar a decisão da Liderança do PT na Câmara Federal, que retirou este
projeto apadrinhado pela ABERT da pauta de votações. Sua aprovação seria grave
retrocesso no direito de informação do povo brasileiro e um golpe contra uma
experiência positiva e concreta de regulamentação informativa hoje em prática
no país.
Para
completar, TVs e Rádios comunitárias são impedidas do acesso a mídias
institucionais.
Porém,
havendo decisão política, o sonho de um novo jornal como o Última Hora,
não é algo tão inalcançável.
Aliás,
os congressos do PT já aprovaram a construção de um jornal de massas. Só falta
aplicar. Quem elege três vezes um presidente da República, tem força e apoio
para esta nova empreitada democratizadora , indispensável, urgente.
Beto
Almeida é jornalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi