Ex-ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF), Sepúlveda Pertence renunciou, nesta segunda-feira, à
presidência da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, alegando
“mudança radical” na composição do grupo. A comissão possui sete integrantes,
mas estava com apenas dois conselheiros após saídas decorrentes do término ou
da não renovação de mandatos. Sepúlveda, que deixará o grupo, tinha mandato até
dezembro de 2013.
– Não há um motivo determinante apenas
houve uma mudança radical na composição da comissão – disse Sepúlveda a
jornalistas, no Palácio do Planalto.
O anúncio foi feito após a posse de
três conselheiros indicados pela presidenta Dilma Rousseff: Marcello Alencar de
Araújo, Mauro de Azevedo Menezes e Antonio Modesto da Silveira. Eles terão um
mandato de três anos, podendo ser reconduzidos por uma única vez.
– Não tenho nada contra os designados,
lamento, devo ser sincero, lamento a não recondução dos dois membros que eu
havia indicado para a comissão e que a honraram e a dignificaram – disse o
ex-ministro.
Dilma não teria gostado das decisões
tomadas pelo grupo, que abriu diversos processos contra ministros. Um caso
particular que incomodou a presidente foi a decisão do grupo de pedir a
demissão do então ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT-RJ). Na ocasião, ela
solicitou os argumentos para o pedido. O mandato da relatora do processo contra
Lupi, Marília Muricy, venceu no último dia 24 de agosto e Dilma decidiu não
renovar seu mandato pelo período de três anos. Outro conselheiro foi Fábio
Coutinho. Ele foi relator do procedimento de investigação contra o
ex-ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e vinha trabalhando na
relatoria do caso de supostas consultorias prestadas pelo ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Fernando Pimentel.
Ambos foram indicados à recondução por
Sepúlveda, mas seus nomes foram rejeitados por Dilma. No ano passado, a
comissão recomendou a Dilma que exonerasse o então ministro do Trabalho Carlos
Lupi, alvo de denúncias de irregularidades na pasta. Lupi pediu demissão dias
depois. O caso de Pimentel segue na pauta da comissão.
A comissão é composta, ainda, por
Américo Lourenço Masset Lacombe, cujo mandato vence em março de 2015. O grupo
atua como instância consultiva da presidenta Dilma Rousseff e ministros de
Estado sobre ética pública, e tem, entre outras atribuições, administrar a
aplicação do Código de Conduta da Alta Administração Federal. No último dia 31, Pertencecancelou
uma reunião do Conselho por falta de quórum. Desfalcada, a comissão contava com
apenas dois dos sete membros.
– Não tem reunião. Por que não vai
perguntar à autoridade que pode responder? Sem quórum não tem reunião – já
visivelmente irritado com a questão.
Dos sete membros previstos para a
comissão, somente o próprio Sepúlveda e Américo Lacombe – indicado em março
deste ano – continuavam no colegiado.
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