Ernani de
Paula acusa o PSDB de desviar
verba da educação
para campanha
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depois de o PSDB ter começado a incluir citações ao julgamento do ‘mensalão’
nas propagandas eleitorais de seus candidatos a prefeito veiculadas em todo o
país e após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ter dito que “a Justiça está despertando o Brasil”,
uma denúncia feita ao Ministério Público Estadual de São Paulo afirma que o
partido operaria um esquema de desvio de recursos públicos com o objetivo de
fazer caixa dois para suas campanhas eleitorais. Segundo a denúncia, nestas
eleições o esquema já teria beneficiado o candidato tucano à prefeitura de São
Paulo, José Serra, entre outros.
A
denúncia, feita pelo ex-prefeito de Anápolis (GO) e empresário do setor de
educação, Ernani de Paula, aponta que o suposto esquema funcionaria a partir da
concessão de bolsas de estudo a alunos-fantasma em instituições de ensino pouco
conhecidas e ligadas às administrações tucanas. Após o recebimento, segundo a
denúncia, o dinheiro das bolsas-fantasma era repassado ao PSDB para a cobertura
de gastos de campanha.
Segundo
reportagem publicada no jornal digital Brasil 247, de Paula, ex-proprietário
da Universidade São Marcos, hoje sob intervenção do Ministério da Educação,
afirmou que desde 2006, ano da chegada de Serra ao governo de São Paulo, cerca
de R$ 800 milhões já teriam sido repassados a instituições de ensino que fariam
parte do esquema de arrecadação ilegal de fundos para o PSDB.
O
principal braço do esquema seria a concessão de bolsas-fantasma para o ensino
superior, iniciada no governo de FHC. Segundo Ernani de Paula, o mentor desse
sistema de arrecadação ilegal teria sido o ex-ministro da Educação – e também
ex-secretário de Educação de Serra no governo paulista – Paulo Renato de Souza,
já falecido.
O
denunciante disse ao MP Estadual que a São Marcos passou a enfrentar
dificuldades financeiras por não ter aceitado aderir ao esquema. Em seguida,
Paulo Renato – e mais tarde o seu filho, Renato Souza Neto – o teriam
pressionado a vender a universidade para um “grupo de interessados” próximos ao governo tucano. O negócio não
chegou a ser concretizado.
Durante
a denúncia, de Paula citou como emblemáticos os casos da Faculdade Sumaré, que,
embora não tenha renome, é a principal beneficiada pelo repasse de verbas para
a concessão de bolsas de estudo, e da Uniesp, que administra 51 faculdades em
São Paulo, além de outras no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, na Bahia e no
Tocantins. Juntas, as duas instituições já teriam recebido quase R$ 140
milhões, segundo o denunciante: “Essa
faculdade [a Sumaré], que ninguém sabe o que faz ou quem é o dono, já recebeu
mais de R$ 70 milhões. É o mensalão universitário”.
Demóstenes e Cachoeira
Em
abril deste ano, Ernani de Paula já havia denunciado que o contraventor Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, teria doado R$ 3 milhões para a campanha
do ex-senador Demóstenes Torres, então no DEM, para o governo de Goiás em 2006.
Ex-aliado de Cachoeira e Demóstenes, com os quais agora se diz rompido, de
Paula também afirmou na ocasião que os dois seriam os responsáveis pela
produção e divulgação do vídeo em que um funcionário dos Correios, Maurício
Marinho, recebe R$ 3 mil de propina.
O
vídeo, divulgado em 2005, teria, segundo Ernani de Paula, o intuito de
desestabilizar o governo Lula e seria uma represália ao então chefe da Casa
Civil, José Dirceu, que teria vetado a indicação de Demóstenes para o
Ministério da Justiça, articulação que vinha sendo tentada pelo grupo de
Cachoeira. A divulgação do vídeo precedeu a célebre entrevista do então
deputado Roberto Jefferson (PTB) que deu início ao escândalo do mensalão.
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Dag Vulpi