Cientistas descobrem que bactéria
bloqueia a multiplicação do vírus nos insetos, impedindo a transmissão da
doença
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue: o objetivo é que em 2014 os cientistas comecem os testes de campo com a liberação de Aedes aegypti com a bactéria no estado do Rio de Janeiro |
Uma estratégia inovadora descoberta
por cientistas australianos poderá por ponto final nas sucessivas epidemias de dengue que
afetam o Brasil desde a década de 1980. Eles descobriram que uma bactéria
presente em 70% dos mosquitos, chamada Wolbachia, bloqueia a multiplicação do
vírus da dengue no inseto - ou seja, ele armazena o vírus mas não transmite a
doença, que só no ano passado matou 482 brasileiros.
Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciaram
parceria com o grupo, que já realiza testes na Austrália, Vietnã e Indonésia. O
objetivo é que em 2014 os cientistas comecem os testes de campo com a liberação
de Aedes aegypti com a bactéria no estado do Rio de Janeiro. Com o passar do
tempo, afirmam os especialistas, a expectativa é que a maior parte da população
de mosquitos tenha a Wolbachia, reduzindo a transmissão da doença. "Temos
a possibilidade de uma nova abordagem em relação ao controle da dengue",
afirmou Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz.
De acordo com os cientistas, que
retiraram a bactéria de moscas-da-fruta e introduziram em ovos do mosquito
transmissor da dengue, as fêmeas do Aedes "contaminadas" com a
bactéria passam a Wolbachia para seus ovos. Esses insetos já nascem com a
bactéria e, portanto, são incapazes de transmitir dengue. "Acreditamos que
a Wolbachia funciona como uma vacina para os insetos e compete por nutrientes
com o vírus da dengue, impedindo que ele se multiplique", explica Luciano
Moreira, líder do projeto Eliminar a dengue: desafio do Brasil.
Controle - Para o secretário de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a pesquisa é mais
uma ferramenta no combate e controle da dengue. Só em 2010, a pasta gastou
cerca de 800 milhões de reais com ações de prevenção e atendimento aos doentes.
"A dengue é uma doença complexa e o Ministério apoia todas as ferramentas
de combate. A pesquisa está no início, mas esperamos que em alguns anos o
resultado positivo possa ser comemorado."
No Brasil, o projeto está na primeira
fase, sendo realizado em laboratório, na manutenção de colônias dos mosquitos
com Wolbachia e no cruzamento com Aedes aegypti de populações brasileiras. A
construção de uma estrutura de gaiola de grandes proporções no campus da
Fiocruz - onde os testes intermediários serão realizados - está programada para
2013.
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