Juntas, companhias têm
7% do mercado brasileiro; em três anos, a meta é dobrar o percentual e garantir
a liderança
A
chinesa Lenovo anunciou nesta quarta-feira a compra do Grupo
Digibras, dono da CCE, por 300 milhões de reais. A informação havia
sido adiantada pelo blog Primeiro Lugar, de Tiago Lethbridge, em
EXAME.com, na tarde de ontem. A companhia levará todos os negócios do grupo
brasileiro, que incluem a Digibras, dona da marca CCE e fabricante de produtos
como TVs e computadores, e a Digiboard, que monta placas eletrônicas e painés
de LCD e LED.
Com a aquisição, que
envolve dinheiro e ações pelo controle total da CCE, a Lenovo quer entrar para
valer no mercado de computadores no Brasil. Juntas, as duas companhias possuem
7% do negócio de PCs no país. A meta é dobrar essa participação em três anos e
abocanhar o primeiro lugar entre as competidoras.
O propósito não vem de
hoje. Em 2010, a empresa tentou levar a Positivo, em uma negociação que acabou
sendo abortada na etapa final. A Positivo, aliás, será uma das principais
concorrentes da Lenovo. A companhia paranaense é líder na venda de computadores
por aqui, seguida pela americana HP.
A própria CCE não é
uma veterana no mercado: companhia familiar do ramo eletrônico, a empresa
decidiu apostar no negócio de computadores pessoais no início de 2006. De
fevereiro a outubro daquele ano, conseguiu vender 37.000 unidades. Cinco anos
depois, a produção bateria em 774.000 computadores, entre notebooks e desktops.
Uma de suas grandes
vantagens no escoamento dos produtos é sua presença entre varejistas. Com itens
disponíveis em mais de 20.000 pontos de vendas, a CCE faturou 1,6 bilhão de
reais no ano passado.
Perspectivas
"A CCE, com seu
portfólio completo de produtos e base valiosa de fabricação no Brasil, é uma
parceira perfeita", afirmou Yang Yuanqing, CEO global da Lenovo. "A
equipe de gestão da CCE, que será essencial às nossas operações no Brasil,
conhece bem o consumidor brasileiro e vai nos ajudar a estabelecer rapidamente
uma presença forte no varejo local", completou o executivo.
Em coletiva à
imprensa, os executivos da Lenovo reforçaram que a equipe da CCE continuará a
mesma, com a manutenção de Roberto Sverner no cargo de CEO da empresa. Tanto as
marcas dos produtos da CCE, quanto da Lenovo não sofrerão modificações, com o
objetivo de "maximizar os pontos
fortes de cada uma".
Mesmo após o período
de transição, a Lenovo afirmou que não haverá interrupção nas operações
individuais das duas companhias, incluindo fabricação, atendimento, entrega de
produtos e garantia. O plano de negócios tampouco prevê a dispensa dos
funcionários da CCE - hoje são 5.900 colaboradores no país.
Com sete fábricas
divididas entre Manaus e São Paulo, a CCE verticaliza a produção de seus
produtos. A Lenovo, por sua vez, havia anunciado em julho um investimento de 30
milhões de dólares em Itu, em São Paulo, destinado à construção de uma fábrica
de 325.000 metros quadrados, que deverá entrar em funcionamento no fim do ano.
Hoje, a produção da empresa no país é feita sob encomenda pela Flextronics.
Consolidadora
Depois de comprar a
divisão pessoal da IBM em 2005, a chinesa Lenovo ficou famosa pela sede pública
de dominar o mercado de PCs. Segundo relatório da Gartner, a empresa está perto
disso. No segundo trimestre do ano, a companhia cravou uma participação de
14,7% no negócio global de PCs, encostando nos 14,9% entregues pela líder HP.
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