Até
agora, os seis ministros que já votaram limitaram o debate às acusações de
desvio de dinheiro público na Câmara dos Deputados, no Banco do Brasil e no
fundo Visanet. Segundo o Ministério Público, as quantias eram usadas para
alimentar o pagamento de propina a parlamentares.
Até o
momento, a Corte foi unânime em todas as decisões sobre desvios no Banco do
Brasil e no fundo Visanet. Já receberam maioria de seis votos pela condenação
os réus Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
(corrupção passiva e peculato) e os sócios Marcos Valério, Ramon Hollerbach e
Cristiano Paz (corrupção ativa e peculato).
Também
já há maioria para livrar o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken das
acusações de peculato. A absolvição já havia sido solicitada pelo Ministério
Público Federal nas alegações finais do processo por falta de provas. A maioria
formada pode ser alterada até o fim do julgamento caso algum ministro mude de
ideia.
A
unanimidade não se repetiu, no entanto, nas acusações que têm como protagonista
o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Ricardo Lewandowski e Antonio Dias
Toffoli entendem que João Paulo não recebeu propina para favorecer Valério e
seu grupo em um contrato na Casa, e absolvem todos os envolvidos. Opinião
diversa têm os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia,
que os consideram culpados dos crimes de corrupção e peculato.
João
Paulo e Pizzolato também respondem pelo crime de lavagem de dinheiro, mas ainda
não há maioria formada em nenhum dos dois casos porque a ministra Rosa Weber
deixou para votar depois sobre o tema. Pizzolato recebeu até agora
cinco votos pela condenação nesse crime e João Paulo Cunha, três.
O
primeiro a falar nesta quarta-feira será o ministro Cezar Peluso, que
deve apresentar o último voto de sua carreira como ministro da Suprema Corte.
Ele se aposenta compulsoriamente no início de setembro ao completar 70 anos, e
sua última sessão será amanhã (30). O ministro pode, em tese, adiantar todo o
teor de seu voto, passando inclusive à frente do relator e do revisor, mas essa
é uma hipótese considerada pouco provável.
Depois
de Peluso votam Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e o
presidente Carlos Ayres Britto. A principal dúvida se o julgamento da primeira
parte terminará efetivamente nesta quarta está no voto de Celso de Mello.
Decano da Corte, ele geralmente traz votos bastante longos, com fartas
referências históricas e de direito comparado, além de alusões à jurisprudência
do STF.
Mesmo
que as primeiras condenações saiam hoje, os réus envolvidos nessas acusações
ainda não terão um veredito. Os ministros deixaram para o final do julgamento a
análise da chamada “dosimetria”, em que ponderam atenuantes e agravantes para
definir a pena justa entre o mínimo e o máximo permitido por lei.
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