Durante
a Campus Party, em Berlim, o escritor pediu que indústria seja menos rígida com
conteúdos na web
BERLIM
– O escritor Paulo Coelho pediu nesta quarta-feira, 22, ao mundo editorial
maior flexibilidade em relação ao conteúdo grátis na internet e que abandone
uma concepção rígida dos direitos autorais de propriedade intelectual.
“Estão
tentando deter algo que não se pode interromper”, disse Coelho durante a Campus
Party, feira de tecnologia que está sendo realizado em Berlim.
“Não
devemos controlar conteúdos, mas compartilhá-los. Com mais conteúdos
compartilhados, mas conteúdo será recebido”, disse o escritor.
Desde
2005, Coelho oferece parte de sua obra de graça na internet, e segundo ele a
iniciativa melhorou as vendas de seus livros.
O
escritor considerou que atualmente, da mesma forma que ocorreu nos tempos da
invenção da imprensa, existe medo pela perda do controle do conhecimento.
Em
janeiro, o Pirate Bay prestou homenagem o escritor após ele ter feito críticas
à Sopa e ter colocado seus livros para download.
O
escritor brasileiro se tornou o mais novo amigo dos piratas após criticar a Sopa
e deixar seus livros para download
Paulo
Coelho se posicionou contra a lei antipirataria americana Sopa e foi
homenageado pelo maior site de torrent do mundo, o The Pirate Bay (TPB). Na página
dos piratas, a foto do escritor brasileiro virou um Doodle e inaugura uma
campanha do TPB que deve destacar artistas que permitam o compartilhamento
gratuito de suas obras pela internet.
No
dia 20 de janeiro, o escritor publicou em seu blog um post com o título “Minhas
ideias sobre a Sopa”. No texto, Coelho se posicionava contra leis antipirataria
e defendia o livre compartilhamento do conhecimento pela internet. “‘Piratear’
pode servir como introdução ao trabalho de um artista. Se você gosta da sua
ideia, então você vai querer tê-lo em casa; uma boa ideia não precisa de
proteção. O resto é ganância ou ignorância (…) Piratas do mundo, uni-vos e
pirateai tudo que já escrevi!”
A
campanha The Promo Bay quer que o site sirva de vitrine para artistas
que queiram divulgar seu material gratuitamente. “Acreditamos que há tantos
artistas desconhecidos por aí e que há tanta porcaria inundando as paradas.
Portanto, esta é sua chance de ser descoberto!”. No topo da página, haverá um doodle
do autor que, ao ser clicada, levará o usuário à página do artista ou a um
vídeo.
Em
seu blog, o autor de “O Alquimista”, comentou a homenagem e convidou todos a
baixar seus livros, devidamente linkados para download em um post anterior.
“Fiquem à vontade para baixar meu livros de graça e, se gostarem deles, comprem
uma cópia física – é o modo de mostrarmos à indústria que a ganância não leva a
lugar nenhum”
Paulo
Coelho defende pirataria e ataca Sopa
Para
escritor, piratear ajuda na divulgação do trabalho de um artista
O
escritor Paulo Coelho atacou o projeto de lei antipirataria Sopa em seu
blog.
Escrevendo
em inglês, o autor argumenta que a pirataria serve como divulgação do trabalho
de um artista.
Coelho
chamou a Sopa de “PERIGO REAL” que pode “quebrar a internet”.
Na
antiga União Soviética, no fim dos anos 50 e 60, muitos livros que questionavam
o sistema político começaram a circular privadamente em versão mimeografada. Os
autores nunca ganharam um centavo em direitos autorais. Pelo contrário, eles
foram perseguidos, denunciados na imprensa oficial e mandados para o exílio nos
famosos gulags siberianos. Ainda assim, eles continuaram a escrever.
Por
quê? Porque eles precisavam compartilhar o que estavam sentindo. Do evangelho
aos manifestos políticos, a literatura tem permitido que ideias viajem e até
mudem o mundo.
Não
tenho nada contra quem ganha dinheiro com seus livros; é assim que eu me
sustento. Mas olhe para o que está acontecendo agora. O projeto de lei
antipirataria Sopa pode quebrar a internet. Isto é um PERIGO REAL, não apenas
para os americanos, mas para todos nós, uma vez que a lei – se aprovada – vai
afetar todo o planeta.
E
o que eu penso sobre isso?
Como
autor, eu deveria estar defendendo “propriedade intelectual”, mas não estou.
Piratas
do mundo, uni-vos e pirateai tudo que já escrevi!
Os
bons tempos, quando cada ideia tinha um dono, se foram para sempre.
Primeiro,
porque tudo que todo mundo faz é nada mais que reciclar os mesmos quatro temas:
uma história de amor entre duaas pessoas, um triângulo amoroso, a luta pelo
poder e a história de uma jornada.
Segundo,
porque todos os autores querem que se leia o que eles escrevem, seja num
jornal, blog, panfleto ou muro.
Quanto
mais ouvimos uma música na rádio, mais queremos comprar o CD. É a mesma coisa
com a literatura.
Quanto
mais as pessoas “pirateiam” um livro, melhor. Se eles gostam do começo, eles
comprarão o livro inteiro no dia seguinte, porque não existe nada mais
cansativo do que ler longos trechos de texto na tela do computador.
1.
Algumas pessoas dirão: você é rico o
bastante para permitir que seus livros sejam distribuídos de graça.
Isso
é verdade. Eu sou rico. Mas foi o desejo de ganhar dinheiro que me estimulou a
escrever? Não. Minha família e professores sempre disseram que não havia futuro
em ser escritor.
Comecei
a escrever e continuei a escrever porque me dá prazer e sentido à minha
existência. Se dinheiro fosse o motivo, eu poderia ter parado de escrever há
muito tempo atrás e me poupado de ter que lidar com resenhas invariavelmente
negativas.
2.
A indústria editorial vai dizer:
artistas não podem sobreviver se eles não são pagos.
Em
1999, quando primeiro fui publicado na Rússia (com uma tiragem de três mil), o
país sofria com uma severa falta de papel. Por sorte, eu descobri uma edição
“pirata” d’O Alquimista e a publiquei na minha página na internet. Um ano
depois, quando a crise tinha passado, vendi 10 mil cópias da edição impressa.
Em 2002, eu já tinha vendido um milhão de cópias na Rússia. Hoje, já passei dos
12 milhões.
Quando
viajei pela Rússia de trem, encontrei várias pessoas que me disseram que haviam
descoberto meu trabalho através da edição “pirata” que postei no meu site. Hoje
em dia, mantenho o site “Pirate Coelho”, fornecendo links para quaisquer livros
meus que estejam disponíveis nos sites de P2P (compartilhamento).
E
minhas vendas continuam a crescer – são quase 140 milhões de cópias no mundo
inteiro.
Quando
você comeu uma laranja, você tem que voltar para a loja para comprar outra.
Nesse caso, faz sentido pagar no ato.
Com
um objeto de arte, você não está comprando papel, tinta, pincel, tela ou notas
musicais, mas a ideia que nasceu da combinação desses produtos.
“Piratear”
pode servir como introdução ao trabalho de um artista. Se você gosta da sua
ideia, então você vai querer tê-lo em casa; uma boa ideia não precisa de
proteção.
O
resto é ganância ou ignorância.
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Dag Vulpi