O julgamento do
Mensalão, que colocou no banco dos réus 38 personagens apontados como
participantes direta ou indiretamente de um esquema que se apropriou de
recursos públicos para satisfazer projetos de poder de médio e longo prazo.
Após sete anos de espera, o Brasil se vê diante do maior julgamento político da
história do país.
Os réus são
classificados pela acusação como membros de uma quadrilha, uma “sofisticada
organização criminosa, dividida em setores de atuação, que se estruturou
profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro,
corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude”.
A denúncia contra os
réus na Ação Penal 470 foi entregue em 2007 pelo então Procurador-Geral da
República Antônio Fernando de Souza, aos ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF), que hoje começam a julgar o caso. O procurador-geral hoje é Roberto
Gurgel, que seguirá a mesma linha de acusação do antecessor.
Em sua peça penal,
Antônio Fernando de Souza disse que todos os delitos atribuídos aos acusados
tiveram início com a vitória petista de 2002 no plano nacional.
O procurador
sustentou que o objetivo principal do esquema era garantir a continuidade do
projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, “mediante a compra de suporte
político de outros partidos políticos e do financiamento futuro e pretérito
(pagamento de dívidas) das suas próprias campanhas eleitorais”.
O então procurador
Antônio Fernando de Souza sustenta que o empresário Marcos Valério aproxima-se
do núcleo petista para oferecer os préstimos da sua própria quadrilha (Ramom
Rollerbach, Cristiano de Mello, Rogério Tolentino, Simone Vasconcellos e Geiza
Dias dos Santos) em troca de vantagens patrimoniais do governo federal.
Veja abaixo por quais
crimes de que são acusados pela Procuradoria Geral da República os 38 réus do
Mensalão:
1) José Dirceu -
Apontado como “chefe da quadrilha”, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores
(PT) e ex-chefe da Casa Civil é acusado de ter negociado acordos com os
partidos políticos que apoiaram o governo Lula e a criação de um esquema
clandestino de financiamento que distribuiu recursos ao PT e a seus aliados
para garantir apoio no Congresso. No primeiro mandato de Lula, ostentava a
imagem de homem forte do governo. Responde por crimes de formação de quadrilha
e corrupção ativa.
2) José Genuíno
- Ex-deputado federal, assumiu a presidência do PT após José Dirceu. É
acusado de ter participado das negociações com os partidos aliados e com os
bancos que alimentaram o valerioduto e de ter orientado a distribuição do
dinheiro do esquema. Responde por formação de quadrilha e corrupção ativa.
3) Delúbio
Soares - Ex-secretário de Finanças do PT, é apontado como o elo entre
o grupo do publicitário Marcos Valério(também réu na ação penal) e a cúpula do
partido. Responde por crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa.
4) Marcos Valério
- Ex-sócio das agências DNA Propaganda e SMP&B, é acusado de ter
criado o esquema que financiou o PT e outros partidos governistas, desviando
recursos obtidos com contratos de publicidade firmados com o Banco do Brasil e
a Câmara dos Deputados e usando empréstimos fraudulentos dos bancos Rural e BMG
para disfarçar a origem do dinheiro. O publicitário responde por crimes de
formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão
de divisas.
5) Ramon Hollerbach
- Ex-sócio de Marcos Valério na SMP&B Propaganda, é acusado de ter participado
da negociação de empréstimos e de contratos com o Banco do Brasil e Câmara dos
Deputados. Responde por crimes de formação de quadrilha, peculato,lavagem de
dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas.
6) Cristiano Paz - Também ex-sócio de Marcos Valério, é acusado de ter participado de negociação dos empréstimos e da distribuição de recursos a políticos para obter contratos de publicidade. Responde por crimes de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas.
6) Cristiano Paz - Também ex-sócio de Marcos Valério, é acusado de ter participado de negociação dos empréstimos e da distribuição de recursos a políticos para obter contratos de publicidade. Responde por crimes de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas.
7) Rogério Tolentino
- Outro ex-sócio de Marcos Valério, é acusado de ter participado da
negociação dos empréstimos e de ter ajudado a montar o esquema de distribuição
dos recursos para os políticos. Responde por crimes de formação de quadrilha,
lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
8) Simone Vasconcelos
- Ex-diretora financeira da SMP&B, é acusada de ter distribuído o
dinheiro do valerioduto, dando instruções ao Banco Rural, sacando cheques na
boca do caixa e fazendo pagamentos pessoalmente. Responde por crimes de
formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de
divisas.
9) Geiza Dias - Ex-gerente
financeira da SMP&B, subordinada a Simone Vasconcelos, é acusada de ajudar
na distribuição de recursos do valerioduto para deputados. Responde por crimes
de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de
divisas.
10) Kátia Rabello
- Ex-presidente do Banco Rural, é acusada de ter negociado os empréstimos
que alimentaram os cofres do PT e o valerioduto na esperança de obter do
governo vantagens na liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco. Responde por
crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de
instituição financeira e evasão de divisas.
11) José Roberto
Salgado - Ex-diretor do Banco Rural, é acusado de ter autorizado a
contratação e a renovação dos empréstimos para o PT e as empresas de Marcos
Valério e de ter transferido ilegalmente recursos para o publicitário Duda
Mendonça no exterior. Responde por crimes de formação de quadrilha, lavagem de
dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas.
12) Sílvio Pereira - Ex-secretário-geral
do PT, foi excluído do processo após fazer acordo com a Justiça. Saiu do
partido e se afastou da política. Era acusado de ter participado das
negociações com os partidos que apoiaram o governo Lula no Congresso.
13) Vinícius Samarane
- Era diretor do Banco Rural em 2005. Hoje é vice-presidente do Banco
Rural. Acusado de crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão
fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas;
14) Ayanna Tenório
- Era executiva do Banco Rural. Hoje é consultora. Acusada de crimes de
formação de quadrilha, lavagem, de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição
financeira;
15) João Paulo Cunha
- Foi presidente da Câmara Federal. Era nome forte para disputar o governo
de São Paulo em 2006. Renunciou o mandato de deputado federal e elegeu-se
novamente em 2010. Hoje pretende eleger-se prefeito de Osasco (SP). Acusado de
crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato;
16) Luiz Gushiken - Era
assessor Especial do ex-presidente Lula. Sem cargo no governo desde 2006, abriu
uma consultoria em 2007. Enfrenta tratamento de câncer. Acusado de crime de
peculato, mas terá sua absolvição pedida pela própria acusação.
17) Henrique
Pizzolato - Era diretor de Marketing do Banco do Brasil. Acusado de crimes
de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato;
18) Pedro Corrêa - Era
deputado federal (PP-PE) e hoje está aposentado. É acusado de crimes de
formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
19) José Janene - Era
deputado federal (PP-PR) e faleceu em 2010. Era acusado de crimes de formação
de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
20) Pedro Henry
- Deputado federal (PP-MT) entre 2003 e 2004 e presidente do partido. Hoje
integra a direção nacional do PP. É acusado de crimes de formação de quadrilha,
corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
21) João Cláudio Genu
- Era assessor do então deputado José Janene. Hoje tem empresa de gestão
empresarial e consultoria imobiliária. É acusado de crimes de formação de
quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
22) Enivaldo Quadrado
- Era diretor da Corretora Bonus-Banval. (Corretora que fez a
intermediação dos repasses ao PP, lavando dinheiro e ocultando a origem). É
acusado de crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro;
23) Breno Fischberg
- Sócio da corretora Bonus-Banval (Corretora que fez a intermediação dos
repasses ao PP, lavando dinheiro e ocultando a origem). É acusado de crimes de
formação de quadrilha e lavagem de dinheiro;
24) Carlos Alberto
Quaglia - Dono da Natimar (empresa que integrou a quadrilha que lavava propina
do valerioduto em favor da cúpula do PP). É acusado de crimes de formação de
quadrilha e lavagem de dinheiro;
25) Valdemar da Costa
Neto - Deputado federal (PR-SP), comandou a quadrilha que recebia verbas
do esquema em troca de apoio no Congresso Nacional. È o mentor da candidatura
de Tiririca a deputado federal. É acusado de crimes de formação de quadrilha,
corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
26) Jacinto Lamas
- Era tesoureiro do PL até fevereiro de 2005. É funcionário da Câmara e
acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
27) Antônio Lamas
- Era assessor da liderança do PL na Câmara. Hoje trabalha como gerente de
uma casa lotérica. É acusado de crimes de formação de quadrilha e lavagem de
dinheiro; assim como Gushiken, terá sua absolvição pedida pelo procurador
geral.
28) Carlos Alberto
Rodrigues (Bispo Rodrigues) - Era deputado federal (PL-RJ) e
vice-presidente do partido. É acusado de crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro;
29) Roberto Jefferson
- Ex-deputado federal (PTB-RJ), denunciou a existência do esquema
apelidando-o de Mensalão. Está inelegível ate 2015. Quer voltar à Câmara na
primeira eleição possível, em 2018. Já avisou que deixará a política se for
condenado. É acusado de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
30) Emerson Palmieri
- Era o tesoureiro informal do PTB e diretor da Embratur. Hoje fazendeiro,
é acusado de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
31) Romeu Queiroz
- Trocou Brasília por Belo Horizonte. Era deputado federal (PTB) e se
elegeu deputado estadual (PTB-MG). É acusado de crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro;
32) José Borba
- Era deputado federal (PMDB-PR) e líder do PMDB na Câmara dos Deputados.
Hoje prefeito de Jandaia do Sul (PR), é acusado crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro;
33) Paulo Rocha - Ex-deputado
federal e líder do PT na Câmara dos Deputados em 2005. Hoje é presidente de
honra do PT no Pará. É acusado de crime de lavagem de dinheiro;
34) Anita Leocádia - Era
assessora do ex-deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) e hoje é assessora do
diretório nacional do PT. Recebeu R$ 620 mil do esquema. É acusada de crime de
lavagem de dinheiro;
35) Luiz Carlos da
Silva (Professor Luizinho) - Era deputado federal (PT-SP) e líder do
governo de abril de 2004 a março de 2005. Hoje é consultor. Recebeu R$ 20 mil
do valerioduto e ocultou a origem. É acusado de crime de lavagem de dinheiro;
36) João Magno
- Era deputado federal (PR-MG). Recebeu R$ 360 mil do valerioduto e ocultou
a transação valendo-se de um assessor e de seu tesoureiro. Hoje é sócio de uma
consultoria política. É acusado de crime de lavagem de dinheiro;
37) Anderson Adauto
- Era Ministro dos Transportes de Lula até 2004. Recebeu R$ 950 mil do
valerioduto e intermediou a compra de apoio político. Hoje prefeito de Uberaba
(MG), é acusado de crime de corrupção ativa e lavagem de dinheiro;
38) José Luiz Alves
- Era chefe de gabinete do ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto.
Recebeu R$ 600 mil em nome de Adauto. Hoje é diretor de empresa de saneamento
ligada à prefeitura de Uberaba (MG). É acusado de crime de lavagem de dinheiro;
39) José Eduardo de
Mendonça (Duda Mendonça) - Foi o marqueteiro mais famoso do Brasil. Ajudou
a eleger nomes como Paulo Maluf e Lula. Sempre manteve grandes contatos com
governos estaduais e federal. É acusado de crimes de evasão de divisas e
lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 10,5 milhões no exterior, crime por ele
admitido em caráter nacional;
40) Zilmar Fernandes
- Era sócia do publicitário Duda Mendonça e ainda trabalha com o
marqueteiro. Recebeu pagamentos pelo esquema. É acusada de crimes de evasão de
divisas e lavagem de dinheiro.
Dos 40 réus iniciais
do Mensalão, dois não serão julgados: Silvio Pereira, que fez um acordo com a
Justiça para ser excluído da ação, e o falecido deputado José Janene.
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