O governo do
presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, encaminhou ao
Congresso um projeto de lei para que o Estado passe a controlar e
regulamentar a importação, produção, compra, comercialização e distribuição de
maconha. O secretário adjunto da Presidência da República do Uruguai, Diego
Cánepa, disse que o objetivo é reduzir o tráfico de drogas no país
e controlar o consumo da erva.
Pela proposta, ficam
mantidos os termos de um decreto de 1974, que proíbe a venda de maconha
sem a interferência do governo. O novo texto estabelece que o Estado
controla a distribuição da substância. Segundo o secretário, a expressão
importação é aplicada apenas para as sementes da erva.
Integrantes do governo
Mujica acreditam que, com o Estado no controle da produção e do comércio
da maconha, não somente haverá a redução do tráfico como também deve
diminuir a dependência do álcool, tabaco e drogas em geral. "Não há
dúvida de que o álcool e o tabaco são prejudiciais. Porém, não são proibidos, o
que se faz são campanhas de conscientização para tentar reduzir os danos”,
disse Cánepa.
O secretário disse que
a proposta não é defender a maconha, mas estabelecer uma nova política pública
de combate ao tráfico e controle do uso da erva. "Ninguém está
dizendo que a maconha é boa”, disse ele. "Acho que a decisão do presidente
de ter a audácia ao dar esse passo permitirá ao governo promover um amplo
debate.” Mais detalhes da proposta estão na página da Presidência
da República do Uruguai.
O texto enviado ao
Parlamento reúne análises de vários órgãos do governo e especialistas
uruguaios e estrangeiros. O ex-presidente brasileiro Fernando
Henrique Cardoso é citado como um dos defensores da proposta apresentada pela
Comissão Mundial sobre Políticas de Drogas. Também são mencionados o ex-secretário-geral
da Organização das Nações Unidas Kofi Annan e o escritores Mario Vargas
Llosa e Carlos Fuentes.
A comissão observa a
necessidade de se rever a política sobre drogas. "A pior coisa é cair
em uma discussão com slogans, preconceitos, sem um debate claro e
verdadeiro”, disse Cánepa. "Há problemas com o abuso de álcool e
alcoolismo em si, mas ninguém em sã consciência pensaria em proibir álcool.
Vimos o que aconteceu com a proibição nos Estados Unidos, que foi uma
grande derrota das políticas proibicionistas ", disse o secretário.
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