Por Joyce
Macedo*
Todos
os dias nossas contas de e-mail são bombardeadas por mensagens indesejáveis.
São convites para novas redes sociais, spams, mensagens dizendo que o ditador
de um país africano havia deixado uma fortuna e você foi o escolhido para
recebê-la. Parece surreal, mas ainda hoje muitas pessoas caem nesse tipo de
golpe aplicado na rede, seja por ingenuidade, falta de informação ou ganância.
O
antigo "conto do vigário" se modernizou. Agora, e-mails com promessas
de uma gorda recompensa são os novos bilhetes premiados da loteria. Mas as
armadilhas da internet têm o mesmo objetivo dos antigos golpes
dados em pessoas ingênuas na praça: enganar as vítimas e ganhar dinheiro.
As
histórias nos e-mails são mirabolantes Parentes desconhecidos no Leste Europeu
que deixaram uma pequena fortuna, uma suposta instituição governamental
nigeriana pedindo sua ajuda para uma transferência internacional de fundos e
a recompensa é ficar com uma porcentagem do valor milionário. Mas é
claro que toda essa grana só será liberada mediante o pagamento de
uma quantia elevada.
Para
que você entenda melhor o que pode acontecer com quem cai nessas armadilhas
virtuais, resolvemos dar corda para os criminosos por trás de um dos golpes que
circulam pela web. Neste caso a promessa era de um prêmio de 500 mil
libras referente a uma suposta promoção usando o nome de uma famosa empresa
brasileira.
O
primeiro indício que notamos é a forma como o texto está escrito. As
mensagens direcionadas aos brasileiros estão geralmente escritas em português,
mas sempre estão cheias de erros de grafia e ortografia. É bastante comum ver
frases sem sentido, o que demonstra o uso de tradutores automáticos para
produzi-las.
A
mensagem que recebemos usava o nome da Petrobras, numa tentativa de torná-la
menos suspeita, informando sobre um suposto prêmio:
Todas
as mensagens são falsas, incluindo nomes de pessoas e empresas. Os golpistas se
utilizam de provedores de emails gratuitos para enviar as mensagens. Os números
de telefone informados são de celulares britânicos (código internacional 44) e
foram comprados pelos grupos para serem usados caso alguma futura vítima queira
saber mais detalhes via telefone.
Alguns
grupos convidam a vítima a enviar alguns dados pessoais ou ter um encontro real
com os criminosos. Se o fizer, os golpistas podem seqüestrar a vítima - como no
caso do empresário brasileiro que foi até a Nigéria atrás de uma proposta de
negócio milionária - e exigir dinheiro em resgate ou até usar seus dados
pessoais na lavagem de dinheiro. Conforme mencionamos anteriormente, a maioria
dos golpes pede um adiantamento de dinheiro para que o prêmio seja enviado.
Há
casos registrados de pessoas que perderam uma grande quantia de dinheiro por
acreditar nas mensagens, enviando depósitos para contas bancárias aguardando o
suposto prêmio que nunca é enviado. Após respondermos a mensagem os
golpistas nos enviaram uma resposta pedindo algumas informações pessoais, como
endereço e telefone de contato:
A
mensagem também informava que seríamos responsáveis pelo custo de entrega na
transportadora para o recebimento do cheque do falso prêmio, e os valores eram
exorbitantes. Os golpistas oferecem três opções de "entrega" do
prêmio: 635 dólares pelo serviço "standard", 515 dólares pelo serviço
"premium", ou 456 dólares pelo serviço econômico. É exatamente aqui
que os golpistas insistem na abordagem para saber se a possível vítima está
interessada ou não em pagar a "taxa de envio". Caso confirme, serão
solicitados o endereço e telefone e serão enviados os dados para o envio do
pagamento.
O
motivo da solicitação do endereço é para informar à vítima as agências
bancárias brasileiras que possuem o serviço Western Union, usado para o envio
de dinheiro a contas no exterior. É aqui que muita gente faz o pagamento na
intenção de receber uma bolada, mas acaba perdendo o valor depositado para os
golpistas.
A Kaspersky, empresa especializada em segurança on-line, dá algumas dicas de como se proteger contra esse tipo de mensagem:
-
Simplesmente ignore-as e não responda ao destinatário;
-
Encaminhe-as para grupos não-governamentais especializados em combater e
divulgar esse tipo de golpe. Alguns desses grupos possuem colaboração estreita
com órgãos oficiais, como o FBI, que podem agir na investigação do caso;
-
Avise seus amigos e parentes mais próximos sobre a existência do golpe para que
não sejam vítimas;
-
Jamais envie informações pessoais para remetentes oferecendo empréstimos. Seus
dados podem ser usados pelos criminosos em novos golpes ou lavagem de dinheiro.
O caso do Diablo III
Em
uma entrevista para o Canaltech, o chinês Jason Zhou, que trabalha na AVG Labs
- laboratório de análise de ameaças on-line da AVG - também relatou um caso em
que teve contato direto com um hacker que tentava disseminar um scam
por meio de um vídeo postado no fórum do game Diablo III. Confira:
Canaltech:
Qual foi o tema e as desculpas usadas pelo fraudador para fazer a vítima
acredita na mentira dele?
Jason Zhou: Muitos jogadores de games online em todo
o mundo baixaram Diablo III. O personagem Izual é um guerreiro no jogo que é
difícil de ser derrotado. Então, o scammer postou um tópico no fórum da
Blizzard Taiwan, dizendo que ele sabia como derrotar Izual e anexou um vídeo
tutorial, que na verdade era um vírus. E, a fim de torná-lo real, ele também
comentou o post se passando por outras pessoas, dizendo que o vídeo foi útil.
Canaltech: E você baixou o vídeo para
ter um link com o scammer, certo? A partir do momento que estabeleceu
esse contato, como foi a conversa?
Jason
Zhou: Acredito que desde o início, quando eu estava depurando este vírus,
o scammer começou a me assistir remotamente. Mas quando ele percebeu que eu
estava me comportando como um profissional, ele ficou curioso e começou a
questionar: "Quem é você? Por que você está depurando o meu vírus? O que
você quer dele?"
Canaltech: O golpista exigiu
algum pagamento, ou tentou te enganar de alguma maneira?
Jason
Zhou: Na verdade, o scammer não me vendeu nenhum benefício. Ele continuou
falando comigo e não sentiu nenhum risco, até que eu disse que queria comprar
alguns vírus dele para saber a informação real por trás dos golpes. Eu acredito
que quando eu estava tentando obter esses dados, o scammer estava fazendo a
mesma coisa comigo. Por fim ele desligou meu computador remotamente por meio do
seu vírus.
Como
você deve ter percebido, a maioria dos golpes funciona com a "ajuda",
a inocência e até a ganância dos próprios internautas. Portanto, fique sempre
atento e desconfie de qualquer mensagem suspeita ou de usuários desconhecidos.
Via canaltech
Joyce Macedo*, estudante de publicidade, curiosa,
semi-colorida, apreciadora da cultura geek, tecnologia e boa música. Apaixonada
pelo caos da cidade de São Paulo e pelo time do coração que leva o mesmo nome.
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