O advogado Luiz
Francisco Corrêa Barbosa, defensor do ex-deputado federal Roberto Jefferson
(PTB-RJ) no processo do mensalão disse hoje (13) que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não só sabia, como ordenou o esquema de compra de votos no
Congresso Nacional conhecido como mensalão. Segundo ele, ministros do governo
da época e o PT pagavam para partidos votarem a favor de projetos de interesse
do ex-presidente.
Para Barbosa, os
projetos eram de interesse de Lula e não do governo, pois o ex-presidente era o
único com legitimidade para enviar projetos de lei ao Congresso Nacional.
"Não é de interesse do governo [os projetos de lei], governo é Leviatã.
Vamos parar com esse negócio de governo, é interesse do presidente da
República. […] Tudo isso aconteceu sobre suas barbas e nada. Não só sabia como
ordenou tudo isso ", diz Barbosa.
De acordo com o
advogado, Roberto Jefferson procurou Lula para alertá-lo sobre o esquema do
mensalão. Barbosa relatou ainda que Lula se mostrou surpreso e chegou a
"lacrimejar" após ser informado da compra de votos. “O tempo passou e
ainda nada [de tomar providências]”.
Barbosa também
criticou a postura do procurador-geral da República de não incluir o nome de
Lula na ação penal. “Não se pode afirmar a partir disso que o presidente fosse
um pateta, um deficiente. [Lula] é safo, é doutor honoris causa. Aqueles
ministros eram apenas executivos dele. Os auxiliares obedeceram o patrão e o
patrão ficou de fora. O procurador-geral deixou [Lula] de fora [do
processo]"
Durante a sustentação
oral, Barbosa confirmou que Roberto Jefferson recebeu R$ 4 milhões do PT, no
entanto, alegou que o valor foi usado nas eleições de 2004 e, não, para votar a
favor do governo. De acordo com o advogado, foram acertados anteriormente R$ 20
milhões, mas Jefferson recebeu apenas R$ 4milhões. “As direções nacionais do PT
e do PTB ajustaram apoio material por meio da transferência de recursos em
dinheiro.”
Segundo o advogado,
Jefferson não sabia se o dinheiro recebido tinha origem lícita ou ilícita.
Barbosa disse ainda que o PT afirmou ter tomado empréstimos bancários nos
bancos BMG e Rural para fazer o pagamento de deputados para garantir a aliança
nas eleições. “Não há nada nos autos, a não ser sua própria palavra de que ele
[Jefferson] recebeu. Isso é algum tipo de dissimulação? Não, isso é um
arrombamento”.
De acordo com o Ministério
Público Federal, o ex-deputado recebeu dinheiro do esquema operado por Marcos
Valério em troca de apoio político do PTB ao governo. Além do dinheiro ao
partido, ele próprio teria se beneficiado do esquema, ficando com milhares de
reais. No processo, Jefferson responde pelos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro.
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