quinta-feira, 19 de abril de 2012

ENTENDENDO O QUE NÃO ACONTECERÁ NO CASO CACHOEIRA

Todos os caminhos levam a uma gigantesca operação-abafa

Por Eduardo Guimarães | Pescado no Blog Cidadania

É compreensível que gente como Reinaldo Azevedo e Ricardo Noblat esteja tentando vender a teoria de que as provas dos crimes do senador Demóstenes Torres não podem ser usadas porque, devido ao cargo que ocupa, só poderia ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal ou sob sua autorização.
Chega ao blog informação de que Demóstenes estaria fazendo ameaças à mídia, aos seus pares do DEM e até a pelo menos um membro do STF no sentido de que, caso seja estraçalhado, levará muitos ex-amigos consigo para o cadafalso.
O senador bandido está disposto a tudo para não perder o mandato simplesmente porque, sem imunidade parlamentar, dificilmente deixará de ir fazer companhia ao seu amigão Carlinhos Cachoeira lá no PF Hilton.
Demóstenes estaria ameaçando revelar que veículos como a Veja saberiam de suas atividades criminosas e que nada revelavam porque ele os municiava com informações contra o PT, entre outros favores que lhes prestaria na “Câmara Alta”.
Enquanto isso, DEM, PSDB, editora Abril e Globo estariam propondo acionar sua bancada no STF para trocar a decapitação política de Demóstenes pelo adiamento do julgamento do mensalão, que deveria ocorrer em maio.
Até porque, após o STF se pronunciar pela impunidade de Demóstenes, não teria como julgar o mensalão. Aliás, no que depender do STF, Demóstenes pode ficar tranqüilo. O fato de que até há pouco havia a decisão de julgar o mensalão ainda neste semestre revela que a Suprema Corte de Justiça do país se deixa intimidar pela mídia.
Julgar um caso como esse em ano eleitoral, é uma aberração. Não se pode esquecer, também, que a decapitação e a previsível verborragia posterior de Demóstenes intimidam ao menos um membro do Supremo, Gilmar Mendes, acusado de, em conluio com o demo, ter criado a farsa do grampo sem áudio.
Imagine, leitor, se, caído em desgraça e preso, Demóstenes conta que ele e o juiz forjaram aquilo. O que pode melar tudo são as escutas não reveladas, que já se sabe que mal começaram a ser vazadas. Segundo este blog vem apurando, ao menos a Veja está enrolada até o pescoço.
E haveria muito mais não só contra a Veja, mas contra todos os que se envolveram no consórcio político-midiático que imperou na década passada. Ainda assim, já estão sendo estabelecidas as bases para um acordão. O julgamento do mensalão em ano eleitoral seria uma tragédia para o PT e o aprofundamento das investigações sobre o envolvimento da Veja com Demóstenes e Cachoeira atingiria do Supremo ao resto da mídia tucana.
Acabaremos todos com caras de palhaços, pois. Impotentes diante do apodrecimento da República, assim como no caso da Privataria Tucana. Eles acabarão se entendendo por instinto de sobrevivência.
Enquanto um lado tiver munição pesada contra o outro, nada mudará. E só nos restará espernear.

Um comentário:

  1. Belo artigo, meu amigo Dagmar Vulpi. Infelizmente, é esse também o fim que vejo no horizonte para esse circo que estão montando. Dizer que o Demóstenes não poderia ter sido grampeado, é a mais clara indicação de um golpe contra a sociedade, que será consumado pelo aleite do STF. Qualquer rábula de porta de cadeia saberia argumentar contra essa idiotice, basta dizer que quem foi grampeado não foi o senador e sim, o bandido. Se o senador caiu no grampo do bandido, a justiça nada poderia fazer, ou teria que tê-lo chamado e o alertado quando ele foi ouvido na primeira vez?

    ResponderExcluir

Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!

Abração

Dag Vulpi

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook