Por Diego Pio*
01.
Introdução
Este artigo
tem por objetivo explicitar os fatos que levaram o estabelecimento das
diferenças aos sistemas econômicos Capitalista e Socialista. O que os
pensadores socialistas como Karl Marx, Friedrich Engels pensaram? O Capitalismo
iniciou no século XV em diante, mas a partir do século XVIII com o surgimento
da máquina a vapor e novas técnicas de produção teve-se a Revolução Industrial.
Em 1750, a
Inglaterra foi o marco da Revolução Industrial, berço do Capitalismo.
Posteriormente no século XIX outros países como: Estados Unidos, Alemanha,
França, Japão e outros começam a adotar o sistema Capitalista.
As consequências
do Capitalismo foram drásticas, provocaram um grande deslocamento de pessoas do
campo para as cidades, gerando concentrações urbanas (PAULINI; SILVA, 2005,
p.04). Isso levou grande parte da mão-de-obra masculina para o desenvolvimento
de ferrovias; mulheres e crianças foram utilizadas nas fábricas têxteis e nas
minas com longas jornadas de trabalho e salários reduzidos.
Com as
desigualdades sociais crescendo, os pensadores socialistas que eram Karl Marx
(1818-1883), Friedrich Engels (1820-1895) começaram a estudar os fatos para
explicar os fenômenos sociais que vinham ocorrendo. Segundo Campos (2007), na
teoria marxista, o Estado é o meio pelo qual uma classe domina e explora outra.
O Manifesto
Comunista, escrito em 1848, afirmam os autores, quando o comunismo fosse
implantado, a sociedade viveria no coletivismo, sem divisão de classes sociais
e nem a presença de um Estado coercitivo.
02 . Capitalismo
O Sistema
Capitalista iniciou no século XV até XVIII, através da acumulação de capital
por meio do lucro advindo do comércio e pela exploração do trabalho humano,
seja assalariado ou escravo, denominando o Capitalismo Comercial. De meados do
século XVIII, com o advento da máquina a vapor, do tear mecânico e outras
técnicas surge a Revolução Industrial. A Revolução Industrial iniciou na
Inglaterra, em 1750, quando o homem passou a comprar o trabalho de outro homem
em troca de salário.
No meio
social, a principal mudança foi o surgimento da classe operária, as quais
passaram a viver em condições precárias nas cidades, morando em cortiços,
submetendo-se a salários injustos, com longas jornadas de trabalho e sem nenhum
direito trabalhista (PAULINI; SILVA, 2005, p.51). Posteriormente surge a
atividade bancária, ou seja, empréstimos de dinheiros a juros, em que a moeda
tornou-se o principal produto do Sistema Capitalista.
Segundo
Guareschi (2003, p.51), o Capitalismo é um sistema que separa o capital de
trabalho e cujas relações são de dominação e exploração, ou seja: para que haja
dominação e exploração é necessário que o trabalho de produção e o capital
estejam separados. Para Marx, o modo de produção é a maneira como a sociedade
organiza a produção de bens necessários para a sobrevivência (PAULINI; SILVA,
2005, p.18).
O sistema Capitalista pode ser caracterizado em três aspectos:
•
Propriedade privada ou meios de produção particulares;
•
Trabalho assalariado;
•
Livre-iniciativa sobre a planificação estatal.
Diante do que
foi exposto, percebe-se que a sociedade capitalista dividiu-se em duas classes:
a burguesia, que possui os meios de produção e; o proletariado, que apenas
oferece a força de trabalho. Conforme Nova (2004, p.88):
A organização
social, e consequentemente, as formas de comportamento e convívio entre os
homens são, de fato, reguladas pelas relações contraídas entre os homens no
processo de produção dos bens necessários à sua existência.
No
começo do século XX, o Capitalismo foi caracterizado pelo liberalismo, ou seja,
uma situação na qual a interferência do governo nos assuntos econômica era
mínima (KOPELKE, 2007, p.22). Após a crise de 1929, o Estado passa a interferir
nas atividades econômicas em muitos países, denominando o Neoliberalismo, por
exemplo, nos Estados Unidos o presidente Franklin Roosevelt implementa, em
1933, o New Deal (novo acordo), um programa econômico e social que introduz o
subsídio desemprego, ajuda os carentes, projetos de obras públicas, etc.
Em 1936,
o economista britânico John Maynard Keynes publica a Teoria Geral do Emprego,
dos Juros e da Moeda, a qual defende uma política anti-desemprego patrocinada
pelo governo. Segundo Kopelke (2007, p.22) o Capitalismo é hoje o principal
sistema econômico em atividade, embora ainda existam alguns países que adotem o
Socialismo.
03
. socialismo
No século XIX,
observa-se o surgimento de um novo método científico de estudo da sociedade, em
que se busca entender as transformações sociais, suas consequências para a
sociedade e o futuro (PAULINI; SILVA, 2005, p.06).
Para Max Weber
(2002, p.24) o Estado moderno representa uma complexidade de ação harmoniosa
por parte de pessoas individuais, porque muitas pessoas agem na crença de que
ele existe ou deveria existir para promover validade legal a suas ordens.
Desde a Antiguidade, algumas pessoas preocupadas com a vida em sociedade, pensavam em
modificar as relações que o Capitalismo vinha causando. De acordo com Marx, ele
critica o Capitalismo pela definição do interesse pelo dinheiro e pelos ganhos
materiais como o principal motivo para a sobrevivência do homem (PAULINI;
SILVA, 2005, p.19).
Conforme
Singer (2002, p.174) a promessa do Socialismo é instaurar uma sociedade
superior ao Capitalismo em três aspectos:
A economia não
estaria sujeita a crises, a desempregos, porque ela seria planejada, havendo um
controle por parte da coletividade sobre o processo social de produção e
distribuição, portanto, o indivíduo não seria mais dominado pelas forças
imprevisíveis do mercado;
A instauração
da igualdade: a sociedade capitalista seria a última sociedade de classes, cuja
evolução simplificaria a estruturação social, transformando a maioria da
população mais ou menos homogênea;
O Socialismo
proporcionaria a todos os membros da sociedade um grau superior de bem-estar
material e de liberdade.
Uns dos
pioneiros do modelo de pensamento de uma sociedade ideal foi o inglês Thomas
Morus, que escreveu, em 1516, a obra a Utopia, em que descrevia uma sociedade
imaginária administrada por um Estado ideal, livre de contradições internas e
incapaz de realizar injustiças aos seus membros (KOPELKE, 2007, p.23). Porém os
fundadores do socialismo científico ou comunismo foram Karl Marx e Friedrich
Engels, que partiram das relações contraditórias capitalistas de produção para
propor a sua destruição por meio da ação dos trabalhadores.
Segundo Campos (2007) Marx não considerava as
classes somente um grupo que compartilha um certo status social, mas que
compartilha em relações de propriedade. Em Guareschi (2003, p.52) explica que a
mais-valia é o lucro que sobra, depois de descontadas todas as despesas. Para
Marx aqueles que possuíam o capital produtivo, com o qual expropriam a
mais-valia, constituindo a classe exploradora, de outro lado estariam os
assalariados, os quais não possuem a propriedade, constituindo assim o
proletariado (CAMPOS, 2007).
Na concepção
Marxista, pode-se extrair do seu livro Manifesto do Partido Comunista (1987,
p.75) o entendimento:
Por burguesia
entende-se a classe dos capitalistas modernos, proprietários de meios de
produção social, que empregam o trabalho assalariado. Por proletariado, a
classe dos trabalhadores assalariados modernos que, não tendo meios próprios de
produção, são obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviverem.
Em 1917, a
Revolução Russa instala no poder o sistema comunista, sob a liderança do russo
Vladimir Lênin (1870-1924), em que estabelece a Ditadura do Proletariado e o
Partido Comunista. No ponto de vista de Kopelke (2007, p.25) a Revolução Russa
destruiu as instituições capitalistas do país, porém nunca chegou a completar a
ponto do Estado desaparecer, como previa Marx.
O sistema
Socialista pode se caracterizar como um sistema em que não existe propriedade
privada ou meios de produção particulares. A economia é controlada pelo Estado
com o objetivo de promover a distribuição justa da riqueza entre todas as
pessoas da sociedade. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) outros países
se tornaram socialistas como, por exemplo: a China em 1949, liderado por Mao
Tsé-Tung (1893-1976), Cuba em 1959 por Fidel Castro e outros. Entretanto, este
novo sistema colocado em prática apresentou vários problemas:
•
Falta de participação do povo nas decisões governamentais;
•
Falta de liberdade de pensamento e expressão;
•
Formação de um grupo político altamente privilegiado.
04
. As diferenças entre o Capitalismo e o Socialismo
Atualmente a
maioria dos países adota o capitalismo. A globalização e a Era da Informação
vem tornando sistema Capitalista mais dinâmico e em constante modificação. O
Capitalismo apresenta algumas vantagens:
•
Baixa taxa de analfabetismo;
•
Elevada renda per capita;
•
Elevado nível alimentar;
•
Dominação econômica;
•
Controle da ciência e da tecnologia, etc.
Observando os
dados expostos pode-se afirmar que os países desenvolvidos ou de Primeiro mundo
apresentam uma expectativa de vida excelente, enquanto isso os países em
desenvolvimento, as situações vão se agravando pelo fato de haver pouca
acessibilidade às condições básicas.Com o neoliberalismo vem crescendo a
desigualdade social e a exclusão social.
O Socialismo
continua sendo adotado em alguns países como é o caso de Cuba, que é dirigido
por Fidel Castro. Analisando a teoria e levando em prática, o país acaba se
tornando fechado, o povo não tem direito à democracia e também não proporciona
uma qualidade de vida digna aos cidadãos como era de se esperar. Enfim quem se beneficia a maior parte das vezes é o governo e a sua cúpula. Segundo Guareschi
(2003, p.63) os países que se dizem comunistas na prática, chegam a se aproximar
do Capitalismo, pois em vez de lá existirem alguns que possuem os meios de
produção, há só o Estado de Partido, que explora, do mesmo modo o trabalho dos
trabalhadores.
Nova (2004,
p.42) compreende que nas sociedades subdesenvolvidas, nas quais as injustiças
sociais fazem despertarem em muitos, fortes sentimentos de indignação social,
alguns procuram no socialismo um meio de resolução – e não apenas para a
explicação científica e dos problemas sociais.
05
. Conclusão
Pode-se
concluir que pelas diferenças dos dois sistemas econômicos, que ambos
proporcionam vantagens e desvantagens. Ou seja, enquanto um enriquece o outro
empobrece. O Capitalismo atual na maioria dos países tem a democracia, que dá
direito de escolha ao povo, mas quando se trata de mercado, o governo é quem
toma as decisões finais, e às vezes não possibilita crescimento para uma
parcela da sociedade. No Socialismo só a teoria é boa, porque na prática as pessoas
são totalmente diferentes, ou seja, cada uma com os seus anseios, sonhos numa
perspectiva diferente dos demais.
Conforme
Paganatto (2007) o modelo de edifício social é que deve ser trocado, por um
mais moderno, com fases culturais e perpetuantes em si, através da
identificação dos indivíduos com seu contrato social e suas posteriores regras
estabelecidas. Souza (2007) o neoliberalismo moderno trata o futuro da
humanidade, uma única sociedade, radicalmente competitiva, cujo substrato se
traduz em uma economia mundial de mercado livre e unificada, garantida pelo
impulso natural do homem à competição.
Segundo
Paulini; Silva (2005, p.17) Marx tem o método dialético para a compreensão da
realidade como contradição e em permanente transformação. A sociedade deve
buscar as leis internas do desenvolvimento histórico através da identificação
das contradições para o homem libertar-se de sua consciência alienada. De
acordo Kopelke (2007, p.27) as economias capitalistas liberais aceitam a
crescente participação do Estado nas decisões econômicas, e por outro lado os
países de economias planificadas centralizadas na mão do Estado aceitam a
crescente participação da iniciativa, decisões econômicas.
Em
Singer (2002, p.186) a luta pelos movimentos de libertação não só soma à luta
pelo socialismo, mas na verdade, amplia a própria latitude do Socialismo, o
qual não se limita a eliminação da exploração econômica do proletariado, mas se
propõe lutar contra os tipos de exploração e de discriminação, tanto nas
empresas quanto nas demais instituições, inclusive na família. Guareschi
(2003, p.63) uma diferença grande na realidade, entre os países capitalistas e
comunistas é que nos comunistas-socialistas a maioria da população tem
garantido o sustento básico – casa, comida, instrução, saúde, vestimentas, etc.
Enquanto isso nos países capitalistas, em que a exploração é grande, grande
parte da população não possui esses serviços básicos, e a miséria é grande,
como se pode constatar em cada esquina.
Para finalizar
deixo a frase que Marx e Engels (1987, p.109) colocam como reflexão no final do
livro Manifesto Comunista para o povo trabalhador “Proletários de todos os
países, uni-vos”.
Diego
Pio* - Perfil do Autor: É discente do curso de Administração na UNIVALI de
Itajaí. E-mail:Diego-pio@univali.br
06
. Referências
CAMPOS,
Wellington José. A teoria marxista e as classes sociais. 26 de fev.2007.
Disponível em:
< http://
www.webartigos.com/a_teoria_marxista_e_as_classes_sociais.htm>. Acesso em:
04 de agos. 2007.
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Disponível em: www.suapesquisa.com/capitalismo.htm>. Acesso em: 05 de agos.
2007.
GUARESCHI,
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KOPELKE, André
Luiz. Economia - Associação educacional Leonardo da Vinci-UNIASSELVI. 2. ed.
Indaial. Ed. Asselvi, 2007.
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ENGELS, F. Manifesto do partido comunista. 6.ed. São Paulo: Global, 1987.
NOVA,
Sebastião Vila. Introdução à sociologia. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
PAGANATTO,
Fernando. A construção de uma nova sociedade. 02 de mar. 2007. Disponível em:
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PAULINI,
Iramar Ricardo; SILVA, Everaldo da. Sociologia - Associação educacional
Leonardo da Vinci-UNIASSELVI. Indaial. Ed. Asselvi, 2005
SOUZA, Donaldo
Bello de. Globalização: a mão invisível do mercado mundializada nos bolsões da
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http://www.senac.br/INFORMATIVO/BTS/222/boltec222a.htm >. Acesso em: 04 de
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SINGER, Paul.
Aprender economia. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2002.
WEBER, Max.
Conceitos básicos da sociologia. 2. ed. São Paulo: Centauro, 2002.
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