segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

As Democracias e o Brasil

Por Marcos Rebello 

O "tom personalista", herdado da França, ou seja, de onde for, podemos traduzir no seguinte: a necessidade de encerrar no indivíduo a responsabilidade por aquilo que o partido encobre. Você por acaso já viu algum partido político responder um inquérito sobre corrupção ou qualquer outra coisa? Isso não existe e NUNCA existirá. Portanto as Listas Fechadas de Candidatos de Partidos está fora de cogitação. Além disso, as Listas representam o que? Elas representam o controle total de um grupo dentro dos partidos que irão negociar TUDO com os grandes interesses.

Como se isso não fosse o suficiente, em futuro muito breve haveria um totalitarismo partidário por aquele partido que viesse a fazer os maiores e melhores negócios com esses interesses e assim consolidariam o poder indefinidamente. Não importa que partido seja, porque todo o poder corrompe, mesmo, e especialmente, um PT pós-Lula. Porque, aos poucos, esse sonho idealista se transforma, nos futuros dirigentes, em gosto pelo poder. Afinal a máquina burocrática, garantida fortemente pelas Listas Fechadas que eles controlam, eliminará com qualquer ideal altruísta. Disso qualquer um pode ter certeza.

Logo, a democracia só é desenvolvida e garantida quando se constroem mecanismos de controle direto pela sociedade.

Mas a China também não está com essa bola toda!

Simplesmente porque um sistema unipartidário não é exemplo de democracia. No entanto, a China está desenvolvendo um sistema econômico estável, equilibrado, e sustentável. Mas no peca no social pelos processos de controle que, olhando pela nossa perspectiva, é muito controlador e autoritário - mas isso devido á superpopulação de 1 bilhão e 300 milhões de pessoas. Convém mencionarmos que, fora esse bilhãozinho, ainda supera o Brasil em 100 milhões - uma bagatela. Então, é fácil julgar sem observarmos esse pequeno grande detalhe.

Ainda sobre esse processo chinês dito democrático, mesmo com as ultimas declarações que incluem "postos de reclamação" da sociedade (ver trecho em inglês abaixo) para que o governo fique ciente dos problemas e insatisfações, não faz com que isso seja chamado de democrático.

Mas, como eu mesmo já disse, cada país tem a sua interpretação de democracia. Inclusive os EUA que tem toda a classe política muito bem azeitada por financiamentos em campanhas que se ocupa em fazer as vezes do sistema financeiro e das grandes corporações na dobradinha do Wall Street e que, quando comentem qualquer erro crasso, como aviltar todo o sistema interno que transborda no internacional, exigem que o Tesouro, que é público, cubra os rombos dessa classe. Então a isso eles chamam de democracia, uma lindeza. Vejam o que está ocorrendo em Wisconsin e as verdades ditas por Michael Moore, um norte americano que estuda e sabe bem como funciona esse sistema democrático. Simplesmente não dá para contestar. Mas, essa é a lógica deles, que ditam moda de inverno no verão tropical.

Sabendo disso, por acaso não é hora do Brasil desenvolver a sua versão de democracia? Porque o que temos é um circo! 

Na melhor das hipóteses é uma cópia diluída, enxertada e requentada do que existe mundo afora. Não é a toa que quando vemos um estudo melhorzinho sobre Reforma Política o autor se esmera em analisar os processos políticos e eleitorais de outros países para ver como ele encaixaria a sua proposta que seria uma adaptação - quer dizer: um outro requentado de sobra de algum outro país la fora. Porque ninguém ousa ser autentico nesse país, e está ficando cada vez pior!

Como eu tenho visto, pelos problemas crônicos que tem o Brasil, que são históricos, vindo desde a era colonial sem muita alteração, está na hora de ser implantado um programa político diferente. Esse deve ser único para permitir que haja um equilíbrio de poderes entre a base social e a classe governante.

A tônica desse sistema seria a troca de informações - coisa que ja existe mas que, por força do sistema, essas informações são usadas para calibrar as propostas dos grandes interesses que comandam a política e forçam os governos a tocarem o programa deles. Porque se por um lado a base social é carente em todos os aspectos e o governo conta com uma classe bem instruída mas corrupta (tanto psicológica, intelectual e moralmente), essa realidade tem que ser transformada em um sistema pela uniformização dessa realidade pelo menos para "descorrupta-la" e dar-lhe uma chance de ser autentica. Isso já seria um começo.

O grande problema é a cinética política unidirecional por força de influencias externas que exigem a manutenção do sistema atual que não representa e não funciona no atendimento da sociedade exceto em raríssimas circunstâncias como nesse governo Lula que mostrou uma ponta de autodeterminação, mas que pudemos ver suscitou enormes desafetos em todas as esferas da vida política e diplomática, basta vermos os despachos recém abertos pelo WikiLeaks. 

É hora de dar-nos conta de que o governo brasileiro apenas sabe oferecer paliativos para problemas crônicos, porque essa classe tem conhecimento desses problemas mas não os trata diretamente porque tem outras prioridades tais como correr atrás das pautas lançadas pelos da Europa ou pelos dos EUA, e agora da China. O Brasil é um país de tecnocratas que apenas sabe se ajustar ao que é proposto no exterior. Ou seja, é um país arregimentado por uma classe que prima por se manter sempre atrás da curva da historia e de si mesmo. Sempre correndo atrás. Sempre!

O pior é que não temos nem perspectiva de uma mudança nesse quadro político interno, mesmo com TODAS as iniciativas sendo tomadas hoje. Essas iniciativas provavelmente farão algum efeito em algumas décadas quando não forem mais necessárias.

Por exemplo: qual é o impacto REAL da Lei das Diretrizes Orçamentárias quando as legislaturas são controladas pelos grandes interesses e quando a Lei Orçamentária Anual dispõe sobre as alterações das "legislações tributárias" e essas dependem de interesses econômicos controladores? Como, se as legislaturas deixam de representar uma sociedade que é tributada acima do seu limite? Além disso com um Banco Central que cobra os juros mais altos do mundo?!

Então, quem é que controla esse processo político afinal de contas? Isso é democracia representativa? Sim, porque, para existir, é um mexido de sobra requentada do que ocorre mais ao norte, como eu acabei de dizer que nos EUA acontece o mesmo, mas com a diferença de que os juros ali são quase negativos.

Então eu proponho que se as iniciativas estratégicas de Samuel Pinheiro Guimarães possam dar continuidade pela sua nomeação ao Mercosul, essa tentativa de democratização do sistema deve ser implementada para aprofundar essas mudanças agora no sistema político como um todo. Nisso, as bases sociais devem ser consolidadas em comunidades autônomas mas sendo atendidas diretamente por um sistema eleitoral verdadeiramente representativo.

Para isso as Câmaras de Vereadores devem ser transformadas, assim como a organização interna dos partidos políticos, para que baixem o seu centro de gravidade a fim de atende-las. Quem sabe disso saia uma democraciazinha. Isso apenas para consumo interno e do Mercosul. Não pra inglês ver, porque quando eles derem com os olhos, vão ter um ataque e, provavelmente, bater com as dez.

Marcos Rebello

China Highlights: Premier Wen's gov't work report (Trecho referente ao social)

March 5th, 2011

SOCIAL ADMINISTRATION

-- China will expand channels for people to report on social conditions and popular sentiment; and effectively solve problems that cause great resentment among the masses, such as unauthorized expropriations of arable land and illegal demolitions of houses.

(Debate sobre diplomacia , fórum do grupo Consciência Política Razão Social - facebook)

Ronald Zomignan Carvalho - Excelente contribuição de Marcos Rebello! A China possui um modelo econômico e político milenar, altamente discutível do ponto de vista ético ocidental, mas eficiente no sentido de promover hoje a evolução social de um país gigantesco... A pista, que ele aponta, é que talvez tenhamos mesmo que pensar num modelo alternativo, nosso... Valeu Marcos!
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Marcos Rebello - Obrigado, Ronald. É sempre bom termos quem aprecia essas autocríticas propositivas do nosso sistema. Eu tenho uma enorme fé na criatividade do ser humano, especialmente no brasileiro. Mas essa criatividade tem a obrigação de ser autentica - como se a criatividade pudesse ser outra coisa! Aí portanto está o desafio. Ser ou não ser. Forte Abraço. 

Marcelo Saldanha - Marcos, estava eu num post, com um nobre falando sobre estas partes obscuras do governo, onde vimos tb em outro post a fala do Tarso Genro sobre demonização da política e dos partidos... eu sou verde ainda no campo dos debates políticos e fico numa encruzilhada... eu tenho convicção de que do jeito que está, não está bom e não vejo mudança a ser proferida nem pelos políticos e muito menos pelos partidos ou até governo... vejo vários posts com matérias dizendo que o congresso diz que pra mudar isso vai ter que ter mobilização popular, pra mudar aquilo vai ter que ter pressão popular... sendo assim, parece que estas matérias é uma provocação para que haja estas manifestação, mesmo sabendo que o povo é alienado, sem estrutura unificada em prol das causas democráticas...Pergunta quase que retórica : Como acabar com esta farsa e botar pressão popular no congresso e governo ? Exigir que o governo crie nos meios e comunicação uma campanha de unicidade popular em prol das causas.. fazer o papel real das comunicações vir a tona.. tem que haver um modo de aglutinar e mostrar as pessoas sobre a importância destas causas : reforma política, código florestal, democratização das comunicações, cultura em chamas... Enfim... o que precisamos fazer, nós, pequenos em grupo ainda, para que tenhamos uma forma de aglutinar as pessoas de forma mais  eficaz. Abs 

Dagmar Vulpi  - Marcelo, se me permite anteciparei à resposta do Marcos, darei meu pitaco. Entendo que só existe uma forma de aglutinar as pessoas eficazmente. "Informação e conscientização", este é o grande obstáculo que deverá ser enfrentado. Em pleno sec. XXI a grande maioria não tem acesso à uma informação digna, e por falta desta infelizmente existe uma grande massa de brasileiros ignorantes em vários campos, mas principalmente no que diz respeito à Política.

Marcos Rebello  - Marcelo e Dag. 
Primeiro de tudo precisamos tomar ciência de uma coisa:

Quando descartamos uma proposta como a das Listas Fechadas financiadas pelo público, estamos tomando uma decisão que afeta não apenas o processo político interno, mas estão os retirando do país uma arma de ação no cenário mundial que tem se caracterizado por decisões de governos altamente centralizados. Esse seria o propósito das Listas Fechadas. Ou seja, são países que, por terem um peso específico proporcionalmente maior, tem um impacto determinante nas relações internacionais. O Brasil ja ocupa uma posição de destaque e, em 20 anos, pode ocupar a quinta posição no ranking mundial. Isso demanda do governo do país uma posição inequívoca sobre duas coisas: uma é a política interna sólida que deve atender à sociedade da melhor forma possível, e outra que essa política interna não interfira enfraquecendo a política de estado no meio internacional. Em suma, a proposta das Listas Fechadas estaria fornecendo um forte indicativo de poder no quesito da política externa que é uma necessidade atual no cenário internacional. Mas, seria uma farsa. Porque, ao manter a sociedade arregimentada por uma classe política, em qualquer tempo, sob determinadas pressões, ruiria por terra. Aonde estaria o processo de desenvolvimento social nacional sustentável? Quer dizer, seria uma pseudo-democracia porque de legitimidade duvidosa, e de curta duração. Conclusão: perderíamos todos. Portanto, não podemos permitir que a política externa seja enfraquecida em qualquer tempo, mas devemos dar-lhe o melhor suporte possível para que seja sólida e duradoura. Isso apenas será possível quando tivermos um sistema verdadeiramente democrático. Uma democracia vigorosa retira das preocupações do MRE em ficar em linha de fogo das críticas nas suas atuações em um mundo cada vez mais dinâmico.

A proposta das Listas Fechadas precisam de um substituto de igual ou maior poder de coesão política interna para dar suporte à atuação do governo nas relações internacionais. 

O que precisa ser feito então depende de três coisas: 

1- Juntar os fatos que não correspondem com o as necessidades sociedade. Ou seja, vícios em processos sistêmicos que beneficiam apenas uma parte dela ou interesses externos em detrimento da sociedade como um todo. 

2- Codificar as propostas que devem ser apresentadas. Sem propostas sérias e viáveis não se pode fazer nada. Serão ações inócuas e vira baderna. Não aturamos baderna ou demonstrações vazias para que sejam apresentadas propostas contrarias ao que o movimento propõe. 

3- Entrar em contato com agentes da sociedade com influencia para aumentar a conscientização sobre os problemas e as soluções. A UNE, a CUT, os principais sindicatos de professores, seriam algumas das instituições.


4- Engajar o sistema político em um processo de mudança de forma ordeira. Se for necessária uma Assembleia Constituinte, que assim seja. Mas as mudanças devem ocorrer sem demoras e sem interferir na condução dos affairs do Governo. 

Marcos Rebello - Recoloco aqui o que postei em outro tópico sobre a recente visita de Kassab com os dirigentes do PSB ao ES em visita a Casagrande para tratarem da sua transferência para o PSB. Imaginem um integrante do DEM de extrema direita indo para um P...SB. Cadê a ideologia? O PSB se posicionou ja desde tempos para acomodar esses interesses porque a exigência dos tempos demanda que o socialismo seja capitalizado. E se isso ocorre, fica um suposto jogo intrapartidario para ver quem vai indoutrinar a quem, como se isso importasse quando se fazem as trocas de interesses econômicos e políticos. A sociedade fica sabendo disso? Ou é jogo de bastidores? Os senhores decidam. ... Então, essas mudanças de partido são a prova do que eu já disse. O que vale na política atual, especialmente no Brasil, são os interesses econômicos representados nos políticos. Disse também que ideologia é coisa para consumo da sociedade e da militância, não vale de nada. Disse também que estamos entrando em uma faze na política em que as ideologias devem desaparecer, porque inócuas, e um centrão   político está se formando porque não ha mais diferença entre esquerda e direita. Tudo depende dos grandes interesses econômicos que dependem dos financeiros. Então para que partido político? Daí a proposta das Listas Fechadas que estaria se antecipando a tudo isso para colocar no poder estatal uma classe política super pequena afunilando todo o processo para um sistema parecido com o da China: controle central. Isso é democracia ou é totalitarismo? Os leitores estão vendo que essa Reforma Política representa MUITO MAIS do que estavam pensando. Portanto, é hora de uma proposta da sociedade para essa Reforma para que seja AMPLA e PROFUNDA para atender à sociedade e não a interesses políticos e econômicos em parceria em detrimento dela. 

Fernanda Tardin - Marcos e destaco na sua fala (toda de importância): Disse também que estamos entrando em uma faze na política em que as ideologias devem desaparecer, porque inócuas, e um centrão político está se formando porque não ha mais diferença entre esquerda e direita. Tudo depende dos grandes interesses econômicos que dependem dos financeiros. Então  para que partido político??? 

Fernanda Tardin - E os políticos dirigentes partidários vão tentar de tudo para minimizar a conscientização do POVO. Hora de IDEOLOGIA ZERO, JUNTOS SOMOS FORTES minha gente.

Outra colocação para exemplificar, até uma postagem que fizemos ontem e está causando a maior revolução em grupos virtuais de Yahoo e GOOGLE e em BLOGS e comunidades de sites como Face e Orkut é: 14º e 15º salários. Então pergunto? Tem esquerda e direita no Brasil na Hora de aumento salarial? Que eu saiba Marina e outro senador do PSOL votaram contra este aumento, mas eles não vale como exemplo, iam sair do cenário parlamentar. Algum Político assinou devolvendo ( exceto o mostrado aqui do PDT-DF) os 14 e 15 salários e diminuindo as assessorias parlamentares e verbas auxiliares?

 Tivemos esquerda ou direita na hora em que parlamentares foram votar o Código Florestal ( trocado na Camara com os UDENISTAS/grileiros pela presidência da casa (anunciado com provas pelo Congresso em Foco? 

Minha gente, JUNTOS SOMOS FORTES e é isto que pega agora, repito"Disse também que estamos entrando em uma fase na política em que as ideologias devem desaparecer, porque inócuas, e um centrão político está se formando porque não há mais diferença entre esquerda e direita. Tudo depende dos grandes interesses econômicos que dependem dos financeiros. Então para que partido político???" 

Atentem.
 
(M. Rebello)

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