Por Marcos
Rebello
O "tom
personalista", herdado da França, ou seja, de onde for, podemos traduzir
no seguinte: a necessidade de encerrar no indivíduo a responsabilidade por
aquilo que o partido encobre. Você por acaso já viu algum partido político
responder um inquérito sobre corrupção ou qualquer outra coisa? Isso não existe
e NUNCA existirá. Portanto as Listas Fechadas de Candidatos de Partidos está
fora de cogitação. Além disso, as Listas representam o que? Elas representam o
controle total de um grupo dentro dos partidos que irão negociar TUDO com os
grandes interesses.
Como se isso
não fosse o suficiente, em futuro muito breve haveria um totalitarismo
partidário por aquele partido que viesse a fazer os maiores e melhores negócios
com esses interesses e assim consolidariam o poder indefinidamente. Não importa
que partido seja, porque todo o poder corrompe, mesmo, e especialmente, um PT
pós-Lula. Porque, aos poucos, esse sonho idealista se transforma, nos futuros
dirigentes, em gosto pelo poder. Afinal a máquina burocrática, garantida
fortemente pelas Listas Fechadas que eles controlam, eliminará com qualquer
ideal altruísta. Disso qualquer um pode ter certeza.
Logo, a
democracia só é desenvolvida e garantida quando se constroem mecanismos de
controle direto pela sociedade.
Mas a China também
não está com essa bola toda!
Simplesmente
porque um sistema unipartidário não é exemplo de democracia. No entanto, a
China está desenvolvendo um sistema econômico estável, equilibrado, e sustentável.
Mas no peca no social pelos processos de controle que, olhando pela nossa
perspectiva, é muito controlador e autoritário - mas isso devido á
superpopulação de 1 bilhão e 300 milhões de pessoas. Convém mencionarmos que,
fora esse bilhãozinho, ainda supera o Brasil em 100 milhões - uma bagatela.
Então, é fácil julgar sem observarmos esse pequeno grande detalhe.
Ainda sobre
esse processo chinês dito democrático, mesmo com as ultimas declarações que
incluem "postos de reclamação" da sociedade (ver trecho em inglês
abaixo) para que o governo fique ciente dos problemas e insatisfações, não faz
com que isso seja chamado de democrático.
Mas, como eu
mesmo já disse, cada país tem a sua interpretação de democracia. Inclusive os
EUA que tem toda a classe política muito bem azeitada por financiamentos em
campanhas que se ocupa em fazer as vezes do sistema financeiro e das grandes
corporações na dobradinha do Wall Street e que, quando comentem qualquer erro
crasso, como aviltar todo o sistema interno que transborda no internacional,
exigem que o Tesouro, que é público, cubra os rombos dessa classe. Então a isso
eles chamam de democracia, uma lindeza. Vejam o que está ocorrendo em
Wisconsin e as verdades ditas por Michael Moore, um norte americano que estuda
e sabe bem como funciona esse sistema democrático. Simplesmente não dá para
contestar. Mas, essa é a lógica deles, que ditam moda de inverno no verão
tropical.
Sabendo disso,
por acaso não é hora do Brasil desenvolver a sua versão de democracia? Porque o
que temos é um circo!
Na melhor das hipóteses
é uma cópia diluída, enxertada e requentada do que existe mundo afora. Não é a
toa que quando vemos um estudo melhorzinho sobre Reforma Política o autor se
esmera em analisar os processos políticos e eleitorais de outros países para
ver como ele encaixaria a sua proposta que seria uma adaptação - quer dizer: um
outro requentado de sobra de algum outro país la fora. Porque ninguém ousa ser
autentico nesse país, e está ficando cada vez pior!
Como eu tenho
visto, pelos problemas crônicos que tem o Brasil, que são históricos, vindo
desde a era colonial sem muita alteração, está na hora de ser implantado um programa
político diferente. Esse deve ser único para permitir que haja um equilíbrio de
poderes entre a base social e a classe governante.
A tônica desse
sistema seria a troca de informações - coisa que ja existe mas que, por força
do sistema, essas informações são usadas para calibrar as propostas dos grandes
interesses que comandam a política e forçam os governos a tocarem o programa
deles. Porque se por um lado a base social é carente em todos os aspectos e o
governo conta com uma classe bem instruída mas corrupta (tanto psicológica,
intelectual e moralmente), essa realidade tem que ser transformada em um
sistema pela uniformização dessa realidade pelo menos para
"descorrupta-la" e dar-lhe uma chance de ser autentica. Isso já seria
um começo.
O grande problema
é a cinética política unidirecional por força de influencias externas que
exigem a manutenção do sistema atual que não representa e não funciona no
atendimento da sociedade exceto em raríssimas circunstâncias como nesse governo
Lula que mostrou uma ponta de autodeterminação, mas que pudemos ver suscitou
enormes desafetos em todas as esferas da vida política e diplomática, basta
vermos os despachos recém abertos pelo WikiLeaks.
É hora de dar-nos
conta de que o governo brasileiro apenas sabe oferecer paliativos para
problemas crônicos, porque essa classe tem conhecimento desses problemas mas
não os trata diretamente porque tem outras prioridades tais como correr atrás
das pautas lançadas pelos da Europa ou pelos dos EUA, e agora da China. O Brasil
é um país de tecnocratas que apenas sabe se ajustar ao que é proposto no
exterior. Ou seja, é um país arregimentado por uma classe que prima por se
manter sempre atrás da curva da historia e de si mesmo. Sempre correndo atrás.
Sempre!
O pior é que
não temos nem perspectiva de uma mudança nesse quadro político interno, mesmo
com TODAS as iniciativas sendo tomadas hoje. Essas iniciativas provavelmente
farão algum efeito em algumas décadas quando não forem mais necessárias.
Por exemplo:
qual é o impacto REAL da Lei das Diretrizes Orçamentárias quando as
legislaturas são controladas pelos grandes interesses e quando a Lei Orçamentária
Anual dispõe sobre as alterações das "legislações tributárias" e
essas dependem de interesses econômicos controladores? Como, se as legislaturas
deixam de representar uma sociedade que é tributada acima do seu limite? Além
disso com um Banco Central que cobra os juros mais altos do mundo?!
Então, quem é
que controla esse processo político afinal de contas? Isso é democracia representativa?
Sim, porque, para existir, é um mexido de sobra requentada do que ocorre mais
ao norte, como eu acabei de dizer que nos EUA acontece o mesmo, mas com a
diferença de que os juros ali são quase negativos.
Então eu
proponho que se as iniciativas estratégicas de Samuel Pinheiro Guimarães possam
dar continuidade pela sua nomeação ao Mercosul, essa tentativa de
democratização do sistema deve ser implementada para aprofundar essas mudanças
agora no sistema político como um todo. Nisso, as bases sociais devem ser
consolidadas em comunidades autônomas mas sendo atendidas diretamente por um
sistema eleitoral verdadeiramente representativo.
Para isso as Câmaras
de Vereadores devem ser transformadas, assim como a organização interna dos
partidos políticos, para que baixem o seu centro de gravidade a fim de
atende-las. Quem sabe disso saia uma democraciazinha. Isso apenas para consumo
interno e do Mercosul. Não pra inglês ver, porque quando eles derem com os
olhos, vão ter um ataque e, provavelmente, bater com as dez.
Marcos Rebello
China Highlights: Premier Wen's gov't work report
(Trecho referente ao social)
March 5th,
2011
SOCIAL
ADMINISTRATION
-- China will
expand channels for people to report on social conditions and popular
sentiment; and effectively solve problems that cause great resentment among the
masses, such as unauthorized expropriations of arable land and illegal
demolitions of houses.
(Debate sobre
diplomacia , fórum do grupo Consciência Política Razão Social - facebook)
Ronald Zomignan Carvalho - Excelente
contribuição de Marcos Rebello! A China possui um modelo econômico e político
milenar, altamente discutível do ponto de vista ético ocidental, mas eficiente
no sentido de promover hoje a evolução social de um país gigantesco... A pista,
que ele aponta, é que talvez tenhamos mesmo que pensar num modelo alternativo,
nosso... Valeu Marcos!
Parte superior
do formulário.
Marcos Rebello -
Obrigado, Ronald. É sempre bom termos quem aprecia essas autocríticas
propositivas do nosso sistema. Eu tenho uma enorme fé na criatividade do ser
humano, especialmente no brasileiro. Mas essa criatividade tem a obrigação de
ser autentica - como se a criatividade pudesse ser outra coisa! Aí portanto
está o desafio. Ser ou não ser. Forte Abraço.
Marcelo Saldanha
- Marcos, estava eu num post, com um nobre falando sobre estas partes
obscuras do governo, onde vimos tb em outro post a fala do Tarso Genro sobre
demonização da política e dos partidos... eu sou verde ainda no campo dos
debates políticos e fico numa encruzilhada... eu tenho convicção de que do
jeito que está, não está bom e não vejo mudança a ser proferida nem pelos
políticos e muito menos pelos partidos ou até governo... vejo vários posts com matérias
dizendo que o congresso diz que pra mudar isso vai ter que ter mobilização
popular, pra mudar aquilo vai ter que ter pressão popular... sendo assim,
parece que estas matérias é uma provocação para que haja estas manifestação,
mesmo sabendo que o povo é alienado, sem estrutura unificada em prol das causas
democráticas...Pergunta quase que retórica : Como acabar com esta farsa e botar
pressão popular no congresso e governo ? Exigir que o governo crie nos meios e
comunicação uma campanha de unicidade popular em prol das causas.. fazer o
papel real das comunicações vir a tona.. tem que haver um modo de aglutinar e
mostrar as pessoas sobre a importância destas causas : reforma política, código
florestal, democratização das comunicações, cultura em chamas... Enfim... o que
precisamos fazer, nós, pequenos em grupo ainda, para que tenhamos uma forma de
aglutinar as pessoas de forma mais eficaz. Abs
Dagmar Vulpi
- Marcelo, se me permite anteciparei à resposta do Marcos, darei meu pitaco.
Entendo que só existe uma forma de aglutinar as pessoas eficazmente.
"Informação e conscientização", este é o grande obstáculo que deverá
ser enfrentado. Em pleno sec. XXI a grande maioria não tem acesso à uma
informação digna, e por falta desta infelizmente existe uma grande massa de
brasileiros ignorantes em vários campos, mas principalmente no que diz respeito
à Política.
Marcos Rebello -
Marcelo e Dag.
Primeiro de
tudo precisamos tomar ciência de uma coisa:
Quando
descartamos uma proposta como a das Listas Fechadas financiadas pelo público,
estamos tomando uma decisão que afeta não apenas o processo político interno,
mas estão os retirando do país uma arma de ação no cenário mundial que tem se
caracterizado por decisões de governos altamente centralizados. Esse seria o
propósito das Listas Fechadas. Ou seja, são países que, por terem um peso
específico proporcionalmente maior, tem um impacto determinante nas relações
internacionais. O Brasil ja ocupa uma posição de destaque e, em 20 anos, pode
ocupar a quinta posição no ranking mundial. Isso demanda do governo do país uma
posição inequívoca sobre duas coisas: uma é a política interna sólida que deve
atender à sociedade da melhor forma possível, e outra que essa política interna
não interfira enfraquecendo a política de estado no meio internacional. Em
suma, a proposta das Listas Fechadas estaria fornecendo um forte indicativo de
poder no quesito da política externa que é uma necessidade atual no cenário
internacional. Mas, seria uma farsa. Porque, ao manter a sociedade
arregimentada por uma classe política, em qualquer tempo, sob determinadas
pressões, ruiria por terra. Aonde estaria o processo de desenvolvimento social
nacional sustentável? Quer dizer, seria uma pseudo-democracia porque de
legitimidade duvidosa, e de curta duração. Conclusão: perderíamos todos.
Portanto, não podemos permitir que a política externa seja enfraquecida em
qualquer tempo, mas devemos dar-lhe o melhor suporte possível para que seja
sólida e duradoura. Isso apenas será possível quando tivermos um sistema
verdadeiramente democrático. Uma democracia vigorosa retira das preocupações do
MRE em ficar em linha de fogo das críticas nas suas atuações em um mundo cada
vez mais dinâmico.
A proposta das Listas Fechadas precisam de um substituto de igual ou maior poder de coesão política interna para dar suporte à atuação do governo nas relações internacionais.
O que precisa ser feito então depende de três coisas:
1- Juntar os fatos que não correspondem com o as necessidades sociedade. Ou seja, vícios em processos sistêmicos que beneficiam apenas uma parte dela ou interesses externos em detrimento da sociedade como um todo.
2- Codificar as propostas que devem ser apresentadas. Sem propostas sérias e viáveis não se pode fazer nada. Serão ações inócuas e vira baderna. Não aturamos baderna ou demonstrações vazias para que sejam apresentadas propostas contrarias ao que o movimento propõe.
3- Entrar em contato com agentes da sociedade com influencia para aumentar a conscientização sobre os problemas e as soluções. A UNE, a CUT, os principais sindicatos de professores, seriam algumas das instituições.
4- Engajar o sistema político em um processo de mudança de forma ordeira. Se for necessária uma Assembleia Constituinte, que assim seja. Mas as mudanças devem ocorrer sem demoras e sem interferir na condução dos affairs do Governo.
Marcos Rebello -
Recoloco aqui o que postei em outro tópico sobre a recente visita de Kassab com
os dirigentes do PSB ao ES em visita a Casagrande para tratarem da sua transferência
para o PSB. Imaginem um integrante do DEM de extrema direita indo para um
P...SB. Cadê a ideologia? O PSB se posicionou ja desde tempos para acomodar
esses interesses porque a exigência dos tempos demanda que o socialismo seja
capitalizado. E se isso ocorre, fica um suposto jogo intrapartidario para ver
quem vai indoutrinar a quem, como se isso importasse quando se fazem as trocas
de interesses econômicos e políticos. A sociedade fica sabendo disso? Ou é jogo
de bastidores? Os senhores decidam. ... Então, essas mudanças de partido são a
prova do que eu já disse. O que vale na política atual, especialmente no
Brasil, são os interesses econômicos representados nos políticos. Disse também
que ideologia é coisa para consumo da sociedade e da militância, não vale de
nada. Disse também que estamos entrando em uma faze na política em que as
ideologias devem desaparecer, porque inócuas, e um centrão político
está se formando porque não ha mais diferença entre esquerda e direita. Tudo
depende dos grandes interesses econômicos que dependem dos financeiros. Então
para que partido político? Daí a proposta das Listas Fechadas que estaria se
antecipando a tudo isso para colocar no poder estatal uma classe política super
pequena afunilando todo o processo para um sistema parecido com o da China:
controle central. Isso é democracia ou é totalitarismo? Os leitores estão vendo
que essa Reforma Política representa MUITO MAIS do que estavam pensando.
Portanto, é hora de uma proposta da sociedade para essa Reforma para que seja
AMPLA e PROFUNDA para atender à sociedade e não a interesses políticos e econômicos
em parceria em detrimento dela.
Fernanda Tardin -
Marcos e destaco na sua fala (toda de importância): Disse também que estamos
entrando em uma faze na política em que as ideologias devem desaparecer, porque
inócuas, e um centrão político está se formando porque não ha mais diferença
entre esquerda e direita. Tudo depende dos grandes interesses econômicos que
dependem dos financeiros. Então para que partido político???
Fernanda Tardin -
E os políticos dirigentes partidários vão tentar de tudo para minimizar a
conscientização do POVO. Hora de IDEOLOGIA ZERO, JUNTOS SOMOS FORTES minha
gente.
Outra
colocação para exemplificar, até uma postagem que fizemos ontem e está causando
a maior revolução em grupos virtuais de Yahoo e GOOGLE e em BLOGS e comunidades
de sites como Face e Orkut é: 14º e 15º salários. Então pergunto? Tem esquerda
e direita no Brasil na Hora de aumento salarial? Que eu saiba Marina e outro
senador do PSOL votaram contra este aumento, mas eles não vale como exemplo,
iam sair do cenário parlamentar. Algum Político assinou devolvendo ( exceto o
mostrado aqui do PDT-DF) os 14 e 15 salários e diminuindo as assessorias
parlamentares e verbas auxiliares?
Tivemos
esquerda ou direita na hora em que parlamentares foram votar o Código Florestal
( trocado na Camara com os UDENISTAS/grileiros pela presidência da casa (anunciado com provas pelo Congresso em Foco?
Minha gente,
JUNTOS SOMOS FORTES e é isto que pega agora, repito"Disse também que
estamos entrando em uma fase na política em que as ideologias devem
desaparecer, porque inócuas, e um centrão político está se formando porque não há mais diferença entre esquerda e direita. Tudo depende dos grandes interesses
econômicos que dependem dos financeiros. Então para que partido político???"
Atentem.
(M. Rebello)
Atentem.
(M. Rebello)
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