Por Afonso Benites no brasil.elpais.com
De filho da
ditadura militar (1964-1985) a para-raios de escândalos, esse é o Partido
Progressista, a sigla que teve mais políticos citados na Operação Lava Jato até o momento, 31
dos 49. Oriundo da Arena, a agremiação de direita que deu suporte ao regime
militar brasileiro, o PP sempre apoiou os governos, independentemente de quem
fosse. Sua principal diferença do PMDB, que também costuma ser um fiel aliado
do Palácio do Planalto desde a redemocratização, é o tamanho: os progressistas
são menores.
A relação dos
membros do PP investigados
por desvios de recursos da Petrobras é eclética. Vai de um padre baiano, o
ex-deputado José Linhares da Ponte (Padre Zé), a um evangélico paulista que
está na cúpula da Igreja Mundial, o missionário José Olímpio. Há ainda mensaleiros,
como Pedro Henry e Pedro Corrêa, um ruralista gaúcho anti-índios, Luiz Carlos
Heinze, e o vice-governador baiano que diz estar “cagando e andando” para a
investigação, João Leão.
Ter
a maioria dos políticos implicados no escândalo da Petrobras até agora não
significa necessariamente que o PP foi o principal articulador do esquema.
Conforme o Ministério Público Federal, os
nomes dos progressistas apareceram mais porque os dois delatores-chave das
fraudes, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa, eram vinculados a esse partido por indicação do então deputado
federal José Janene (morto em 2010). As figuras ligadas ao PT, o ex-diretor da
petroleira Renato Duque e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, assim como os relacionados ao PMDB, o
ex-diretor Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares, não assinaram termos de
colaboração com a Justiça. Ou seja, não entregaram quem eram os petistas e
peemedebistas envolvidos nos desvios de até 20 bilhões de reais da maior
empresa estatal do país.
“Evidentemente
que essa lista tende a aumentar assim que as investigações se aprofundarem”,
avalia o cientista político Paulo César Nascimento, professor da Universidade
de Brasília.
Raio-X
Com 1,4 milhão
de filiados o PP é o quarto maior partido brasileiro, está atrás de PMDB, PT e
PSDB. Nos Governos de Dilma Rousseff e de Luiz Inácio Lula da Silva ganhou
relevância ao comandar ministérios importantes, como o das Cidades (que agora é
do PSD), entre 2005 e 2014, e desde janeiro passado o da Integração Nacional.
Duas pastas com orçamentos gigantescos e programas considerados chaves para o
Planalto, como o Minha Casa, Minha Vida e a obra de transposição
do rio São Francisco. Atualmente, além de cargos na gestão Rousseff, os
progressistas contam com a governadora de Roraima, Suely Campos, e seis vice-governadores,
entre eles o do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, e o da Bahia, João Leão.
Com 40
deputados federais e cinco senadores, o PP tem uma bancada de baixo clero que
já foi pega em vários escândalos. No mensalão
petista, em 2006, lá estavam os deputados José Janene, Pedro Henry e Pedro
Corrêa. No superfaturamento de obras em São Paulo, em 2004, aparecia o deputado
federal Paulo Maluf e o filho dele, o empresário Flávio – ambos estão na lista
de procurados pela Interpol e não podem deixar o país. Na máfia dos Fiscais
paulistanos, em 1998, surgiu um afilhado de Maluf, o prefeito Celso Pitta (já
morto).
Mais
recentemente, o PP viu seus quadros envolvidos em um escândalo nacional e dois
regionais. O primeiro foi em 2011, quando o então ministro das Cidades, Mario
Negromonte, do PP da Bahia, foi acusado de oferecer uma mesada de 30.000 reais
a seus correligionários para apoiar sua permanência no cargo. A propina não foi
comprovada, mas o ministro caiu. O segundo caso foi em Campo Grande (MS), no
ano passado, quando o prefeito Alcides Bernal foi cassado acusado de nove
crimes, inclusive lavagem de dinheiro. O mais atual é no Governo de Roraima,
comandado por Suely Campos. Eleita após a Justiça impedir a candidatura de seu
marido, Neudo Campos, Suely terá de suspender a nomeação de 19 funcionários do
primeiro e segundo escalão por causa de nepotismo. Eram todos seus familiares.
Na avaliação
do cientista político Nascimento, os membros do PP costumam aparecer em
escândalos porque geralmente são políticos com a velha prática clientelista,
que foi mesclada com técnicas de corrupção do PT. “Há no PP políticos corruptos
contumazes e isso se espalha pelo próprio partido. Mas essa prática não é
exclusiva dele. O PMDB também vai no mesmo sentido. Só não surgiram tantos
nomes ainda”, diz o estudioso da política brasileira.
"Cagando
e andando"
Ao contrário
de outras legendas que viram seus quadros citados no escândalo da Petrobras, o
PP ainda não se manifestou oficialmente. Alguns de seus membros citados fizeram
declarações de defesas isoladas, sempre negando qualquer irregularidade em suas
prestações de contas eleitorais ou em relação à atividade parlamentar. Um deles
foi o senador Ciro Nogueira, o presidente nacional da legenda. Em sua conta do
Twitter, Nogueira diz que as acusações contra ele são “absurdas e sem
fundamento” e criticou a imprensa brasileira.
Outro que
falou sobre o assunto foi o vice-governador baiano, João Leão. Em nota oficial,
ele disse que não estava nada preocupado com as acusações. “Estou cagando e
andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos. Sou um cara sério,
bato no meu peito e não tenho culpa”, afirmou.
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lista estranha sem o nome do Maluf rsrsrs
ResponderExcluirAparentemente o Maluf fez tudo que "podia"de errado nos seus áureos tempos.
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