quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quiosques da orla de Vila Velha serão demolidos

Justiça determina demolição de quiosques em Vila Velha, ES

Ação faz parte do projeto de urbanização das praias de Itapoã e Itaparica.
A medida provoca medo nos comerciantes e reclamação entre clientes.

A Justiça determinou a demolição de todos os quiosques das praias de Itapoã e Itaparica, em Vila Velha, Espírito Santo, a pedido do Ministério Público Federal(MPF). A ação que visa padronizar o comércio na região vai acontecer em menos de dois meses. O governo federal e a prefeitura municipal podem recorrer à decisão e manter os estabelecimentos. A medida provoca medo nos donos de quiosques e reclamação entre os clientes.

Dos 153 quiosques que existiam na região, restaram apenas 46. O presidente da Associação de Proprietários dos Quiosques de Itapoã e Itaparica, Paulo Roberto Neves, não esperava a medida. “A gente recebeu com muita surpresa essa informação. Temos medo que as redes mundiais de alimentação ocupem o lugar dos atuais comerciantes”, disse.
As mudanças nas praias de Itaparica e Itapoã fazem parte do projeto de urbanização da orla de Vila Velha, que prevê a construção de quiosques padronizados. Segundo a associação, mais de 200 famílias tiram o sustento dos estabelecimentos. “Sou casado, tenho filhos e vivo disso”, preocupa-se o comerciante Eroí Voilete.

A polêmica também tem preocupado os banhistas. “Vai gerar mais desemprego. O pessoal que trabalha tem dificuldade. Ganha dinheiro só nessa época. Acho uma covardia com os comerciantes. É complicado. A gente quer tomar uma cerveja, comer a alguma coisa. Como é que faz?”, indaga o servidor público Ivonilson Ramalho.

A turista Ana Maria Clara é de Governador Valadares e espera que o atendimento na orla melhore. “A gente sempre vem aqui. Aproveitamos bastante a sombra, a alimentação. Acho que a reforma vai melhorar”, disse. A dona de casa Mariana Manzoli sempre curte uma praia com o marido e filho, Luiz Felipe, de seis meses. Ela disse que vir à praia sem os quiosques vai ser bem difícil. “A gente tem um apoio dos quiosques com banheiro, chuveiro, cadeiras. Sem eles vai ficar difícil”, ressalta.

A derrubada e o recolhimento dos entulhos serão feitos pela Prefeitura de Vila Velha e, segundo a Justiça, a operação deverá ser acompanhada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) para evitar danos ambientais à região.

A decisão da 5ª Vara Federal Cível também prevê que a prefeitura só poderá realizar as obras de reurbanização da orla com autorização e licença prévia do Iema e da Gerência Regional de Patrimônio da União (GRPU). Se descumprir a determinação, o município pode ser condenado a pagar multa diária de R$ 10 mil.

De acordo com o MPF, que entrou com o pedido da ação civil pública, a decisão não é definitiva e cabe recurso por parte da União e da administração municipal. A prefeitura informou que já recebeu a decisão da Justiça, mas só irá se pronunciar depois que analisar o texto e não forneceu detalhes sobre o projeto de reurbanização.
G1


União Europeia e Estados Unidos concordam em iniciar negociações sobre livre comércio


Segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, acordo pode ser o mais "ambicioso e complexo" já fechado

A União Europeia e os Estados Unidos concordaram em começar negociações para criar uma área de livre comércio na região. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse nesta quarta-feira (13) que as negociações vão começar no fim de junho e que o acordo pode ser o mais ambicioso e complexo já fechado.

Segundo especialistas, o acordo pode impulsionar a debilitada economia da União Europeia. O bloco estima que um acordo pode elevar seu Produto Interno Bruto (PIB) em 0,5%. Segundo Barroso, o acordo "um verdadeiro motor" para as economias da região transatlântica. "Para que estas negociações tenham êxito, precisamos, sobretudo, de vontade política", disse. 
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o começo das negociações durante um discurso na terça-feira (12). "Um comércio livre e justo através do Atlântico vai estimular a criação de milhares de empregos bem remunerados para americanos", afirmou Obama.
A previsão é de que as negociações levem dois anos para serem concluídas. As questões mais controversas provavelmente serão as regras de saúde e segurança europeias, que limitam as exportações agrícolas dos EUA para a UE.
Epoca


Deputados recebem auxílio-moradia mesmo com residência nas capitais


Remuneração é dada de forma automática e indiscriminada a todos os parlamentares

Alencar da Silveira. Sete imóveis em Belo
Horizonte Terceiro / Guilherme Bergamini
/Assembleia Legislativa de MG
O pagamento de auxílio-moradia a parlamentares tornou-se sinônimo de farra com dinheiro público nas Assembleias Legislativas brasileiras. Deputados estaduais de sete estados recebem todo mês no contracheque a verba sem que haja qualquer controle sobre se eles tiveram ou não esse tipo de despesa. A conta para o contribuinte chegará neste ano a R$ 11,5 milhões. A remuneração é dada de forma automática e indiscriminada a todos os parlamentares, inclusive para aqueles que têm residência fixa nas cidades onde ficam os Legislativos, o que, em princípio, dispensaria o benefício.

Adotam a prática polêmica as Assembleias Legislativas de São Paulo, Maranhão, Bahia, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Mais do que moradia garantida, há deputados que têm diversos imóveis residenciais nas capitais e, mesmo assim, são contemplados com a verba.

No Maranhão, O GLOBO encontrou seis imóveis em São Luís na declaração do deputado Manoel Ribeiro (PTB) à Justiça Eleitoral, em 2010, e sete na declaração de Antonio Pereira (DEM). Em São Paulo, há, pelo menos, quatro casos: Campos Machado (PTB), que tem 13 imóveis declarados na capital paulista; Salim Curiatti (PP), com cinco; Edson Ferrarini (PTB), com oito; e Celino Cardoso (PSDB), com cinco.

Em São Paulo, o caso foi parar no Ministério Público estadual, e a Justiça suspendeu, via liminar, o pagamento do auxílio aos 94 deputados paulistas no fim de janeiro. É a primeira decisão desse tipo no país. Ao todo, 388 deputados estaduais recebem o auxílio no contracheque sem precisar comprovar despesas.

Para o MP, da forma como está sendo usado, o benefício assemelha-se mais a “benesse” do que a ajuda de custo. A promotoria tomou conhecimento da prática, por acaso, durante uma investigação, em 2006, sobre possíveis pagamentos indevidos aos deputados, como verbas de gabinete, auxílio-paletó e contratação de seguro de vida. Foi instaurado um inquérito à parte e, no ano passado, a promotoria apresentou representação contra a Assembleia sobre o auxílio-moradia.

Para os promotores, o pagamento indiscriminado aos deputados sem comprovação da despesa com aluguel ou hospedagem é inconstitucional e causa danos ao Erário. Mesmo entendimento teve o juiz Luís Manoel Fonseca Pires, que, no último dia 30, mandou suspender, liminarmente, os pagamentos em São Paulo.

O juiz entendeu que o auxílio-moradia é uma verba de caráter indenizatório, ou seja, paga como reembolso. Mesmo entendimento tem tido o Supremo Tribunal Federal (STF) ao julgar casos de pedido de incorporação do auxílio-moradia às aposentadorias. Até hoje, a Corte nunca foi provocada a analisar a concessão automática do auxílio nas Assembleias.

A Assembleia paulista informou que recorrerá da decisão. Apesar da determinação judicial, o pagamento de janeiro foi realizado — cerca de R$ 211 mil.

Pelo país, os números mostram que, se a verba fosse paga com mais rigor, a economia para os Legislativos seria relevante. No Maranhão, por exemplo, ela chegaria a 44%. Neste ano, o estado deverá desembolsar R$ 1,1 milhão com a regalia. São Paulo reduziria pelo menos em um terço a despesa de R$ 2,5 milhões prevista para este ano. Na Bahia, segundo a assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa, 90% dos deputados estaduais têm residência em Salvador.

O auxílio-moradia adotado pelos Legislativos estaduais é similar ao pago pela Câmara dos Deputados. Em Brasília, ele é uma ajuda de custo para os parlamentares que não ocupam um dos 432 apartamentos funcionais (ao todo, são 513 deputados federais). Nas Assembleias, deveria ser concedido a quem mora distante da capital para pagar aluguel ou hospedagem nos dias de trabalho no Legislativo. O teto do auxílio federal é de R$ 3 mil. As Assembleias — exceto Santa Catarina — adotam como valor 75% desse montante (R$ 2.250), mesmo critério usado para o cálculo do salário dos deputados.

Em Santa Catarina, além de auxílio-moradia incorporado ao salário sem necessidade de prestação de contas, os deputados ainda conseguiram, no apagar das luzes de 2012, aumentar a verba em 79%. Desde então, o estado é o que paga o benefício mais generoso do país a deputados estaduais: R$ 4.378. Apenas um dos 42 deputados da Casa abriu mão da regalia.

Para justificar o aumento, os deputados usaram uma brecha jurídica criando isonomia ao valor pago como auxílio-moradia para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que desde setembro de 2011 tem o mesmo valor hoje pago em Santa Catarina. O presidente da Assembleia Legislativa, Joares Ponticelli (PP), disse que, “como não se trata de subsídio”, a Assembleia não precisaria seguir a regra determinando que a verba poderia ser, no máximo, o equivalente a 75% do que se paga na Câmara.

— O preço do aluguel não faz diferença para a hierarquia de cargo. Tanto vale para o deputado estadual, o federal, o desembargador ou o ministro — disse ele.

Dos cinco deputados que moram na Região Metropolitana de Florianópolis, apenas Edson Andrino (PMDB) abriu mão da verba. As bancadas de PT, PC do B e PDT até votaram contra o reajuste, mas nenhum deles abriu mão do valor extra quando ele começou a ser pago.

O deputado Sargento Amauri Soares (PDT), que vive na Grande Florianópolis, garantiu ter votado contra o reajuste, porque, segundo ele, trata-se de uma forma disfarçada de salário. No entanto, ele não abriu mão do benefício, alegando que doaria o valor:

— É uma forma disfarçada de aumentar o salário. Vou contribuir com esse valor para a construção de uma escola de formação de agentes sociais.
De todos os Legislativos consultados, somente o do Rio de Janeiro exige comprovante de gasto com aluguel ou hospedagem para liberar o auxílio. O benefício fluminense é de até R$ 2.250 para deputados que morem a mais de cem quilômetros da capital. É pago inclusive durante o recesso, segundo deputados que recebem o benefício, pois o recesso seria do plenário, não do gabinete, e muitos parlamentares iriam ao gabinete durante o período. Para comprovar a necessidade do auxílio, é exigido, mensalmente, o recibo do aluguel ou da diária do hotel que o parlamentar teve de pagar no Rio.

Nos demais estados consultados, a maioria das Assembleias argumentou que não disponibiliza o benefício porque os deputados teriam residência nas capitais.

— Não temos isso aqui, não. Todo mundo tem imóvel em Teresina. Não há necessidade — disse o presidente da Assembleia do Piauí, Themistocles Filho (PMDB).

São 16 estados nesse grupo. Goiás é o caso mais recente. Segundo a Assembleia Legislativa, um ato assinado na sexta-feira passada extinguiu o benefício.

O pagamento automático da ajuda de custo está tão incorporado à rotina dos deputados que, às vezes, é esquecido pelos próprios. No Mato Grosso do Sul, o presidente do Legislativo há quatro mandatos, Jerson Domingos (PMDB), desconhecia a existência do benefício. Primeiro, afirmou ao GLOBO que não existia o auxílio para os parlamentares.

— As distâncias percorridas pelos deputados para chegar à Assembleia são curtas, de 100 a 200 quilômetros. Não tem necessidade — disse.

Mais tarde, ele retornou a ligação para se corrigir:
— Pagamos, sim, auxílio-moradia. É 75% do que recebe o deputado federal. 
O Globo

Renangate

Renangate é o apelido dado ao escândalo de corrupção envolvendo o senador alagoano Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de receber ajuda financeira de lobistas ligados a construtoras, que teriam pago despesas pessoais, como o aluguel de um apartamento e a pensão alimentícia de uma filha do senador com a jornalista mineira Mônica Veloso.

O apelido é uma referência ao Caso Watergate, escândalo de corrupção ocorrido nos EUA nos anos 1970 que resultou na renúncia do presidente republicano Richard Nixon. No escândalo brasileiro, Renan renunciou à presidência do Senado, porém, se manteve como senador.

Sobre o escândalo
Em junho de 2007, Renan Calheiros foi acusado de receber ajuda financeira de um lobista, Cláudio Gontijo. O assunto teve destaque na mídia impressa de circulação nacional no dia 25 de maio de 2007. Nas capas, apareciam o dono da empreiteira baiana Gautama, Zuleido Veras, o então Ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e o próprio Calheiros.

Na quarta-feira da semana seguinte, 30 de maio, Renan foi ao plenário para se defender das acusações. Na primeira fileira estava sua esposa, Verônica. O senador apresentou vários documentos que supostamente comprovariam sua inocência no caso. Em seu discurso, disse que os advogados enviariam documentos sigilosos, como movimentações bancárias, à Corregedoria do Senado, e que não os tornaria público para preservar a identidade de pessoas sem envolvimento no caso.[1] Ao final da sessão, Verônica foi abraçá-lo.

Na época, acreditou-se que o Senador corria sério risco de cassação, com a PF mostrando o que considerou de "incoerências ideológicas" em sua defesa como vendedor de gado. Além disso, outra denúncia na revista Veja o colocou como cabeça de um esquema que usava laranjas por trás de negócios ilegais. A revista afirmou que o Senador se tornou dono oculto de duas rádios e um jornal em Alagoas, pagando um total de 1,3 milhão de reais em dinheiro vivo.

Votação no Senado

No dia 12 de setembro de 2007, realizou-se a portas fechadas e com voto secreto, a votação pela cassação do mandato do Senador Renan Calheiros.
O início da sessão foi atribulado. Treze deputados federais, liderados por Fernando Gabeira (PV-RJ) e Raul Jungmann (que era Ministro da Reforma Agrária em 1998 e atuou junto a Renan no caso de Eldorado dos Carajás), conseguiram autorização do Supremo Tribunal Federal para presenciar a sessão do Senado. No entanto, o senador Tião Viana (PT-AC) ordenara aos seguranças que detivessem qualquer pessoa alheia ao evento, o que gerou cenas de pancadaria na entrada do Congresso.

Por fim, os deputados conseguiram entrar. Dentro do plenário, horas depois, encontravam-se os oitenta e um senadores, dois funcionários da casa, os treze deputados e a ex-senadora Heloísa Helena, líder do PSOL, partido que impetrara as acusações. Segundo o jornalista Ricardo Noblat, do jornal O Globo (que não estava presente, mas alega que tinha "informantes" lá dentro), Renan tentou intimidar Heloísa Helena, Pedro Simon (PMDB-RS) e Jefferson Peres (PDT-AM).[2] Calheiros disse: Senadora Heloísa Helena, a senhora sonegou o pagamento de impostos em Alagoas. Deve mais de um milhão de reais. Tenho um documento aqui que prova isso. E nem por isso eu o usei contra a senhora. Sentada no meio do plenário, Heloísa gritou: É mentira! Mentira!

Em seguida, Calheiros dirigiu-se a Jefferson Peres e disse: Veja bem, Senador Jefferson Peres. Eu poderia ter contratado a Mônica [Veloso, ex-amante de Calheiros] como funcionária do meu gabinete, mas não o fiz, dando a entender que Peres contratara parentes para seu gabinete. O senador amazonense nada disse.

Por último, Renan se dirigiu a Pedro Simon: A Mônica Veloso tem uma produtora. Eu poderia ter contratado a produtora dela para fazer um filmete e pendurar a conta na Secretaria de Comunicação do Senado. Eu não fiz isso. Simon, da mesma forma que Peres, ouviu calado.

Dos 81 senadores, 40 votaram a favor de Renan, 35 contra e 6 abstiveram-se. O mínimo para que tivesse seus direitos cassados era de 41 votos, que é a maioria absoluta.

Em 4 de dezembro do mesmo ano, Renan foi novamente absolvido, tendo havido, dessa vez, 48 votos contra a cassação, 29 a favor e 3 abstenções.

Repercussões
Em viagem oficial à Dinamarca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o importante é que a Casa volte ao funcionamento normal, votando projetos de interesse do país. "Temos a CPMF, temos a reforma tributária, temos coisas de interesse do brasileiro. É isso que conta na realidade".[3] Ao ser perguntado sobre a absolvição de Renan, respondeu: "Acho que nós precisamos acatar o resultado das instituições a que nós nos submetemos. Eu não posso admitir que eu só posso acatar o resultado quando favorece aquilo que eu pensava". Na noite anterior, quando soube do resultado da votação, o presidente preferiu não fazer nenhum comentário.

Diversos congressistas lamentaram a absolvição, dentre os quais Tasso Jereissati (PSDB-CE), Cristóvam Buarque (PDT-DF), José Agripino (DEM-RN), Álvaro Dias (PSDB-PR), Fernando Gabeira (PV-RJ), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Demóstenes Torres (DEM-GO). Alguns aproveitaram para criticar as abstenções e creditá-las ao Partido dos Trabalhadores. Arthur Virgílio, senador pelo PSDB do Amazonas, disse que "a diferença [em favor de Renan] foram os seis votos safados pela abstenção. Seis votos calhordas de quem não tem coragem de absolver e nem de condenar".

Por outro lado, Ideli Salvatti (PT-SC), Wellington Salgado (PMDB-MG) e Romero Jucá (PMDB-RR) defenderam a decisão da maioria. Almeida Lima, senador pelo PMDB de Sergipe e aliado político de Renan, disse que "o Senado dá uma demonstração de força e mostra que não julga de acordo com pressões [externas]".

Renan Calheiros divulgou uma nota oficial afirmando que sua absolvição "foi uma vitória da democracia".

Em Alagoas, parte da população comemorou a absolvição de Renan. Renan Filho, prefeito de Murici e filho do senador, foi a Juazeiro do Norte, no Ceará, cumprir uma promessa ao Padre Cícero.[4] Houve queima de fogos e distribuição de bebidas aos moradores.
No resto do país, a reação foi, no geral, bem diferente. Em todos os sites que realizaram enquetes sobre a cassação, Renan perderia o cargo por placares esmagadores.
Segundo o Jornal Nacional de 13 de setembro de 2007, o site do Senado Federal ficou fora do ar por problemas técnicos durante boa parte do dia.[5] O serviço telefônico "Alô Senado" registrou cerca de 700 ligações, a maioria criticando os senadores, até que saiu do ar - também por problemas técnicos.

O papel da imprensa

O papel da imprensa no escândalo Renangate será sempre assunto de discussões. O estopim do caso ocorreu durante as investigações feitas pela Polícia Federal no caso que ficou conhecido como Operação Navalha, em que o então Ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, perdeu o cargo, mesmo sem ter havido prova concreta de seu envolvimento - apenas uma gravação feita pela PF de uma mulher saindo de seu gabinete com um papelão, no qual supostamente havia dinheiro.

Na sexta-feira, dia 25 de maio de 2007, A Revista Veja, publicada pela Editora Abril, em uma de suas edições mais polêmicas, pôs, em sua primeira página, fotos do empreiteiro Zuleido Veras, do então ministro Silas Rondeau e de Renan Calheiros. A reportagem alegava que "(…)a Operação Navalha, depois de cortar algumas cabeças, estava chegando ao pescoço de Renan Calheiros".

Foi essa edição da revista que fez com que o país inteiro descobrisse que Calheiros tivera uma relação extraconjugal com Mônica Veloso, e que tivera uma filha com a jornalista, cuja pensão era paga em dinheiro vivo, através de um lobista.

O Presidente do Senado foi obrigado a dar explicações, e tentou fazê-lo apresentando documentos que, conforme investigações posteriores comprovaram, não esclareciam a situação por completo. Além disso, o discurso de Calheiros no Senado deu a entender que a reportagem de Veja estaria interessado também em destruir seu casamento com Verônica Calheiros, que estava presente no plenário nesse dia, e que, portanto, a imprensa estaria indo além do seu papel constitucional. Seus adversários no Congresso alegam, entretanto, que esse discurso foi uma estratégia de Renan e de sua esposa para transformar o escândalo político em um mero bafafá extraconjugal.[6] 

Emblemática, nesse sentido, foi a conversa entre o apresentador Jô Soares e a cientista política e jornalista Lúcia Hippólito, no Programa do Jô do dia 27 de junho.   [7] Jô Soares perguntou a Lúcia se um Senador da República pode ter relações extraconjugais. Lúcia, numa declaração polêmica, foi taxativa ao afirmar que não, de forma alguma um Senador poderia ter feito o que Calheiros fizera, pois o ocupante de um cargo de tamanha importância deveria dar o exemplo.

No mesmo programa, Jô Soares lembrou o discurso de Renan no Senado no dia 30 de maio, quando chamou de "calvário" o momento pelo qual passava. Soares perguntou a cada uma de suas convidadas - além de Hippólito, Lilian Witte Fibe, Cristiana Lôbo e Ana Maria Tahan - quais eram seus apelidos na infância. "A filha do Renan vai ser chamada pelos coleguinhas de Calvário. Esse apelido é o pior de todos", concluiu Jô.

A opinião dos jornalistas
No dia seguinte à absolvição de Renan, Paulo Henrique Amorim escreveu, em seu blog, que "a Veja, a Globo, o Estadão, a Folha e O Globo e seus inúmeros e inúteis colunistas jogaram todas as fichas na cassação".[8] A forte afirmação de Amorim é apenas o estopim para a abertura do debate sobre o papel da imprensa no caso Renangate.

Lúcia Hippólito, no mesmo dia, perguntou, em seu blog: "Mídia golpista ou sociedade civil indignada?",[9] e cita manchetes de vários jornais de 13 de setembro de 2007, como O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, Jornal do Brasil, Correio Braziliense e Zero Hora.

Já Reinaldo Azevedo foi taxativo: a tal "mídia" não existe — é só uma teoria conspiratória de larápios, confrontando a posição de Paulo Henrique Amorim, por ele denominado um "anão do jornalismo" e "lambe-botas do Planalto".[10] 

O caso dos 41 senadores
O fato de maior destaque envolvendo a imprensa no caso Renangate foi o caso dos 41 senadores. No dia da votação, 12 de setembro, a Folha de São Paulo estampou matéria divulgando que 41 senadores teriam votado pela cassação. No plenário, falou-se em 35 senadores votando pela saída do senador (seis a menos do que o divulgado pelo jornal paulista). Em entrevistas, os 41 senadores mencionados pela Folha declararam ter votado pela cassação.

Senadores que declararam votar pela cassação[11] 

·         Adelmir Santana (DEM-DF)
·         Álvaro Dias (PSDB-PR)
·         Arthur Virgílio (PSDB-AM)
·         Augusto Botelho (PT-RR)
·         César Borges (DEM-BA)
·         Cícero Lucena (PSDB-PB)
·         Cristóvam Buarque (PDT-DF)
·         Demóstenes Torres (DEM-GO)
·         Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
·         Eduardo Suplicy (PT-SP)
·         Efraim Morais (DEM-PB)
·         Eliseu Resende (DEM-MG)
·         Flávio Arns (PT-PR)
·         Flexa Ribeiro (PSDB - PA)
·         Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
·         Gerson Camata (PMDB-ES)
·         Heráclito Fortes (DEM-PI)
·         Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
·         Jayme Campos (DEM-MT)
·         Jonas Pinheiro (DEM-MT)
·         José Agripino (DEM-RN)
·         José Nery (PSOL-PA)
·         Kátia Abreu (DEM-TO)
·         Lúcia Vânia (PSDB-GO)
·         Magno Malta (PR-ES)
·         Mão Santa (PMDB-PI)
·         Marco Maciel (DEM-PE)
·         Mário Couto (PSDB-PA)
·         Marisa Serrano (PSDB-MS)
·         Osmar Dias (PDT-PR)
·         Papaléo Paes (PSDB-AP)
·         Patrícia Saboya (PSB-CE)
·         Paulo Paim (PT-RS)
·         Pedro Simon (PMDB-RS)
·         Raimundo Colombo (DEM-SC)
·         Renato Casagrande (PSB-ES)
·         Romeu Tuma (DEM-SP)
·         Rosalba Ciarlini (DEM-RN)
·         Sérgio Guerra (PSDB-PE)
·         Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
·         Tasso Jereissati (PSDB-CE)

Saída de Renan Calheiros

No dia 11 de outubro, Renan anunciou que solicitou uma licença de 45 dias da presidência do senado, em uma entrevista gravada à emissora do senado. Em dezembro, Renan Calheiros renunciou ao cargo de presidente, mas manteve o mandato de senador.

Referências


Fonte Wikipédia

Descriminalização do aborto no Uruguai provoca resistência de profissionais de saúde


Após a descriminalização do aborto no Uruguai, há dois meses, as autoridades do país enfrentam a resistência dos profissionais de saúde. A estimativa é que 30% dos especialistas uruguaios da área se recusem a interromper a gestação, mesmo diante da legalização do processo. Em geral, as restrições ocorrem no interior do país. Em março, o Ministério da Saúde promove uma reunião com profissionais de saúde para debater o assunto.
Pela lei, a gravidez poderá ser interrompida até a 12ª semana e até a 14ª semana, no caso de estupros. O texto não usa a palavra legalização, mas sim descriminalização. Pelo projeto, a decisão final cabe apenas à mulher, sem intermediários.
Porém, as interessadas na interrupção da gravidez devem ser submetidas a uma comissão de médicos e assistentes sociais para informar sobre as opções. Após cinco dias, a mulher decide se quer manter a gravidez ou interrompê-la.
O aborto não será penalizado, como determina o texto, desde que a mulher cumpra as exigências definidas no projeto. O procedimento será executado nos centros de saúde e supervisionado por autoridades.
O subsecretário de Saúde, Leonel Briozzo, disse que "não descarta" mudanças na Lei de Interrupção da Gravidez para impedir que as rejeições aumentem ou permaneçam como estão. O deputado e médico Javier Garcia (Partido Nacional) condenou a iniciativa do governo, pois argumentou que cabe a cada profissional decidir o que fazer.
"A objeção de consciência é pessoal. É uma questão individual. Ningúem pode impedir que cada um pense como quiser”, ressaltou Garcia. "É como regulação de ideias pessoais.”
O deputado Carlos Iafigliola (Sociedade Uruguaia), que é o coordenador-geral da comissão nacional que defende mudanças na lei de abortos, critica o governo. Segundo ele, há pressão para  impedir que profissionais se recusem a interromper as gestações.
Agência Brasil

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