Por Dagmar Vulpi
Há muitas críticas ao sistema
proporcional e de lista aberta, que é o atualmente utilizado nas eleições, mas não há consenso sobre o modelo que poderia substituí-lo.
O PSDB defende o voto distrital
misto, enquanto o PT da presidente Dilma Rousseff se mantém a favor da lista
fechada. Já o presidente da Comissão de Reforma Política, Francisco Dornelles
(PP-RJ), propõe o chamado "distritão", ou seja, o voto majoritário para
estados e municípios.
Uma das críticas ao sistema atual é
que o eleitor vota em um candidato, mas, ao fazê-lo, pode contribuir para
eleger outros que pertençam ao mesmo partido (ou a uma eventual coligação).
Isso ocorre porque, no sistema proporcional de lista aberta, o voto não é
contabilizado apenas para o candidato, mas também para seu partido. E é o
número total dos votos válidos de cada partido que define a quantidade de vagas
a que a legenda terá direito.
Por causa dessa lógica, um candidato
"puxador de votos" (capaz de conquistar, sozinho, uma grande fatia do
eleitorado) ajuda a eleger colegas de partido ou coligação, até quando a
votação deles é menor que a de candidatos de outras legendas.
O caso do falecido deputado federal
Enéas Carneiro, do antigo Prona, é lembrado com frequência. Em 2002, ele se
elegeu para a Câmara após obter cerca de 1,5 milhão de votos no estado de São
Paulo. Enéas tornou-se um "puxador de votos" para o seu partido, que,
graças à sua votação, levou outros cinco candidatos ao Congresso Nacional - um
deles com menos de 300 votos.
- Por causa dessas distorções, há
legendas que escolhem candidatos sem preparo para a vida parlamentar, mas que
têm grande apelo eleitoral e podem atuar como puxadores de votos para o partido
ou a coligação - diz Francisco Dornelles.
Ele argumenta que, dessa forma, os
brasileiros acabam elegendo candidatos em quem nem pretendiam votar ou que nem
conhecem. O senador acrescenta ainda que "tais candidatos muitas vezes nem
têm afinidade ideológica ou programática com o puxador de votos".
Voto
distrital
Para substituir o sistema vigente,
há alternativas como a defendida pelo PSDB, que é favorável ao voto distrital
misto, modelo que mescla características dos sistemas proporcional e
majoritário. Apesar desse posicionamento, o senador Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP) diz que "o ideal seria adotar o voto distrital puro", no
qual os estados são divididos em distritos e cada distrito escolhe, de forma
majoritária, apenas um representante.
- No voto distrital puro o eleito
está mais próximo do eleitor. Fica mais fácil para o cidadão fazer cobranças de
seu representante - argumenta Aloysio Nunes.
Francisco Dornelles também considera
o voto distrital puro "a solução ideal", mas avalia que a divisão de
estados em diversos distritos eleitorais seria uma coisa "muito complexa e
difícil de operacionalizar neste momento". Por isso, ele sugere "como
primeiro passo" a conversão de estados, no caso dos deputados, e
municípios, no caso dos vereadores, em grandes distritos (daí o apelido
"distritão"), onde seriam eleitos apenas os mais votados.
O presidente da Comissão de Reforma
Política diz ainda que, com o fim do voto proporcional em lista aberta,
"perdem sentido as coligações para eleger deputados e vereadores". As
coligações muitas vezes beneficiam as legendas que, sozinhas, não conseguem
votos suficientes para atingir o quociente eleitoral.
Tanto o presidente do Senado, José
Sarney, como o vice-presidente da República, Michel Temer, ambos do PMDB, já
demonstraram simpatia pela eleição majoritária para deputados e vereadores. A
mudança defendida por Dornelles está prevista em uma proposta de emenda à
Constituição de sua autoria: a PEC 54/07.
Lista
fechada
A proposta do "distritão",
porém, é criticada pelo PT, que defende a manutenção do sistema proporcional -
desde que a lista aberta seja substituída pela lista fechada. Segundo o líder
do PT no Senado, Humberto Costa (PE):
- O distritão significa a abolição
definitiva dos partidos políticos, pois leva a uma personalização ainda maior
das campanhas [já que o voto se destina unicamente ao candidato] e torna as
eleições ainda mais caras, privilegiando os candidatos mais ricos -argumenta.
Nessa linha de raciocínio, a
senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) argumenta que "os partidos são
fundamentais porque trazem às campanhas eleitorais o debate de ideias e de
programas, debate que seria eliminado se o distritão fosse implantado".
No sistema de lista fechada mais
difundido, o eleitor vota no partido, que já tem um grupo de candidatos
escolhidos internamente. Ao defender a lista fechada, o PT afirma que esse
sistema induz ao fortalecimento de partidos e, consequentemente, à consolidação
da democracia.
O PT defende a implementação da
lista fechada junto com o financiamento público de campanha, argumentando que
isso evitaria, por exemplo, o encarecimento das campanhas. O senador Wellington
Dias (PT-PI) assinala que, assim, "qualquer brasileiro, tendo dinheiro ou
não, poderá participar do processo eleitoral e chegar ao Congresso sem estar
comprometido com o financiador A ou B".
- Defendemos um sistema no qual haja
a preponderância de partidos ideológicos e programáticos - reiterou Humberto
Costa.
Por outro lado, até dentro PT, não
há consenso em relação ao modelo exato de lista fechada a ser implantado.
Wellington Dias, por exemplo, defende uma lista na qual o eleitor possa
escolher, entre os candidatos definidos pelo partido, aquele que ele prefere
(ou seja, seria possível "reordenar" a lista).
Gleisi Hoffman admite simpatizar,
"ao menos inicialmente, como ideia a ser discutida", com o voto
distrital misto. Além disso, ela propõe que o Brasil se baseie na experiência
de países como a Argentina, onde se implantou um sistema de lista fechada que
promoveu o aumento do número de mulheres entre os parlamentares.
Os críticos da lista fechada afirmam
que esse modelo enfraquece o vínculo entre os candidatos e os eleitores e
reforça o poder das cúpulas das legendas. Francisco Dornelles, por exemplo, diz
que "tal sistema levaria, hoje, à ditadura das cúpulas partidárias".
Já o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PSDB), observa que "não existem
ainda partidos consolidados no Brasil, sendo que muitos são artificiais e
vários não passam de siglas para mero registro de candidaturas".
- Ainda há muito a superar para,
quem sabe, um dia discutirmos a possibilidade de implantar a lista fechada.
LISTA
ABERTA
Particularmente sou favorável a este
sistema, o eleitor vota no candidato baseando-se no seu perfil e em seus
projetos “promessas” de campanha e não nas legendas, não é por ser simpatizante
desta ou daquela sigla que concordarei com os candidatos propostos... por
ela.
Pode ocorrer de o candidato de nossa
preferência ser filiado a uma legenda que não simpatizamos. Não concordo que o
partido escolha o meu candidato (LISTA FECHADA), políticos inelegíveis por
estarem enquadrados pela Lei do Ficha Limpa poderão se tornar os dirigentes dos
partidos, e neste caso serão este tipo de políticos que decidirão quem irá
ocupar as vagas na tal lista fechada, e neste caso não é difícil imaginarmos o
que acontecerá.
O eleitor deve exercer o direito
soberano do voto em sua plenitude, sua escolha deve ser respeitada em todos os
níveis.
Os candidatos mais votados deverão se eleger sempre, independente de partidos
ou coligações.
Não concordo com o atual sistema de voto (PROPORCIONAL), onde, o voto confiado
a determinado candidato acaba beneficiando outro pelo simples fato do outro fazer
parte do mesmo partido ou coligação.
Já foram muitos os casos de
políticos que se beneficiam do candidato "puxador de votos" (capaz de
conquistar, sozinho, uma grande fatia do eleitorado) ajudando a eleger colegas
de partido ou coligação, mesmo com uma votação inexpressiva se comparada a
votação de candidatos de outras legendas, desta forma acabamos elegendo
candidatos que não figuravam na nossa lista de preferência.
Infelizmente partidos ideológicos e programáticos são raridade, logo, cabe a
cada cidadão escolher o candidato que ele julga ser o seu melhor representante.
Este é um direito democrático.
O VOTO DISTRITAL aproxima o candidato do eleitor, facilitando o cidadão a fazer
cobranças de seu representante, atualmente elegemos candidatos que, dada a
distancia entre ele e seu eleitorado, não a cumplicidade nem comprometimento
por parte do eleito.
O FINANCIAMENTO DE CAMPANHA 100% com recursos públicos para ser justo, também
deveria ser tabelado, todos deveriam ter a mesma verba para investir nas suas
campanhas e o mesmo tempo de rádio e TV nos programas gratuitos, independente
de siglas e representação.
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Dag Vulpi