Analistas econômicos avaliam que a morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem um sentido mais de cunho ideológico pelo desaparecimento da figura carismática de um representante de posição esquerdista do que do ponto de vista prático sobre a economia tanto daquele país quanto das demais nações da América Latina.
Caso se confirme o nome do atual presidente interino, Nicolás Maduro, nas eleições como o provável sucessor na Presidência, deve ser mantida “ a política chavista ou bolivariana oposta ao neoliberalismo”, disse o economista Samy Dana, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Se a oposição ganhar, ele acredita que a tendência é uma abertura maior nas parcerias bilaterais e multilaterais no mundo dos negócios, porém, em processo lento.
Por enquanto, no entanto, o economista diz ser muito cedo para traçar um cenário futuro sobre os efeitos da morte de Hugo Chávez. O fato, na opinião dele, abre espaço para reflexão sobre a vulnerabilidade existente em torno da forte dependência do petróleo, recurso natural que responde por 96% das exportações daquele país.
Dana disse que o produto está sujeito às oscilações do mercado internacional e, como no passado as cotações estavam em alta, o Produto Interno Bruto (PIB - soma das riquezas geradas no país) da Venezuela teve expansão de 6%.
O economista reconhece que apesar de gerar polêmica pela sua natureza centralizadora, a condução econômica do governo de Hugo Chávez conseguiu resultados promissores como a redução da pobreza e o aumento do PIB per capita de US$ 8,2 mil para US$ 13,2 mil. Para ele há um desafio a ser enfrentado que é a inflação elevada e a carência de produtos alimentícios para garantir o abastecimento interno. Mais da metade do consumo de alimentos são importados.
Para o professor Carlos Honorato, da Fundação Instituto de Administração (FIA), com adoção da postura “de promover uma revolução socialista diferente no século 21, Hugo Chávez obteve alguns ganhos sociais, mas fragilizou demais a economia que tem que ser mais aberta".
Com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista disse que a inflação daquele país é a mais alta da região, tendo atingido, no ano passado, 26,3%. O endividamento alcança quase 50% do PIB.
“A influência de Chávez na América Latina é mais ideológica do que econômica”, diz Honorato. Na avaliação dele, as atuais parcerias mantidas pelo governo venezuelano não devem se sustentar por longo tempo por não trazerem grandes retornos, pois incluem expressivos subsídios como, por exemplo, no caso da relação com Cuba.
O economista acredita que a comoção popular deve influenciar para que Maduro venha a assumir a presidência, porém, “ele [o atual vice] terá o desafio de manter a revolução bolivariana ao mesmo tempo em que, necessariamente, terá de fazer ajustes na economia”.
No que se refere ao Brasil, Honorato disse que a morte de Chaves não tem grande impacto sobre as relações comerciais, porque a proximidade da presidenta Dilma Rousseff é menor do que a mantida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Agência Brasil
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