segunda-feira, 18 de março de 2013

Alcoolismo na Família

Alcoolismo na família: O que fazer?

Quem tem amigos, vizinhos ou colegas do trabalho que sofrem por problemas ligados ao álcool, já se apercebeu, com certeza da gravidade das suas dificuldades.

O alcoolismo não atinge unicamente as pessoas dependentes do álcool, mas tem também repercussões na família, no seu conjunto, nas relações profissionais e privadas, assim como na sociedade em geral.

No Brasil cerca de 6% da população são dependentes do álcool, e 24% estão relacionados com estes, pessoas que vivem direta ou indiretamente as conseqüências da doença alcoólica. Mas há, no entanto, soluções meios e pessoas que poderão ajudar os doentes alcoólicos e as suas famílias a sair dos seus problemas e reencontrar a esperança para todos.

O processo de resolução deste problema é constituído por 3 etapas:
ü  Informação sobre a doença alcoólica;
ü  Conhecimento e compreensão do papel de cada um no seio da família com problemas ligados ao álcool;
ü  Procura de ajuda por si próprio, e com os demais elementos envolvidos no sistema família.

Informação sobre a doença alcoólica
O que é o alcoolismo?

A coisa mais importante, a saber:
O Alcoolismo não é uma fraqueza de caráter, nem um vicio, mas sim uma doença.
O alcoolismo é caracterizado por uma dependência do álcool (etanol), do ponto de vista físico e psíquico.
O indivíduo dependente perdeu a liberdade de se abster no consumo de bebidas alcoólicas,  não conseguindo controlar o seu consumo; a necessidade de beber ocupa os seus pensamentos, modificando o seu comportamento.

Considera-se que se trata de uma doença complexa, em que as causa são múltiplas:
No indivíduo: no plano biológico genético e psicológico;
No meio circundante: a nível social e a nível cultural.

A dependência do álcool conduz a uma necessidade física de beber, provocada pela falta de álcool. A isto vem juntar-se a necessidade psicológica de consumir: O indivíduo dependente tem a ideia de não conseguir viver sem álcool.

Uma doença que afeta toda a família no seu conjunto
O problema do alcoolismo não diz respeito apenas à pessoa que consome bebidas alcoólicas. Os membros da sua família, as pessoas mais próximas, são particularmente atingidas no plano afetivo e no seu cotidiano, sentindo-se tão desamparados como o doente alcoólico.

A dependência atinge toda a família, divide-a e isola-a do resto do mundo. Os sentimentos, os pensamentos e os comportamentos de cada membro da família são dirigidos para o consumo de bebidas alcoólicas pelo familiar dependente. O alcoolismo é, portanto, mais que um problema individual, na medida em que atinge a família no seu conjunto. Considera-se muitas vezes “doença do sistema familiar”: uma vez que cada um esta envolvido, quer no processo de desenvolvimento do problema, quer na sua resolução.

Para se sair da dependência do álcool, é preciso aprender a conhecer esta doença e desfazer mitos, falsos conceitos e ideias pré-concebidas.

A moderação
 Muitos dos consumidores sentem  imediatamente efeitos agradáveis logo que ingerem bebidas alcoólicas: prazer, desinibição e confiabilidade. No entanto a maior parte das pessoas que as consomem com moderação conseguem-no fazer deste modo durante toda a vida.

Para se beber sem perigo é indispensável a moderação.

Consumir moderadamente é beber de modo a não ter problemas, nem os criar nos outros. Mas o álcool é uma droga que atua de maneiras diferentes, de indivíduo para indivíduo. Em certas situações e em certas pessoas, uma pequena quantidade de álcool basta para fazer desequilibrar no sentido da dependência.

Como é criada a dependência?
A dependência física e psíquica caracterizam a doença alcoólica. Esta dependência só fica claramente visível quando se instala. Conhecer as diferentes etapas da doença pode ajudar a família melhor compreender  o que é o alcoolismo e tornar eficaz a ajuda a prestar ao doente e a ela própria.

Consumo de risco
Por razões diversas certas pessoas perdem o controle do consumo de álcool. Eles encontram no álcool efeitos tão particulares e vantagens tão importantes de ponto de vista psíquico e/ou social, que não conseguem prescindir dele. Daí resulta um consumo de risco. De fato o organismo habitua-se ao efeito do álcool, assim como a vida social; muitas vezes arranjam inúmeros pretextos para beber em sociedade.

Consumo problemático
Quanto mais o álcool influenciar a vida do consumidor, mais facilmente se instalará a dependência. A tolerância aumenta, e ele bebe cada vez mais para sentir os seus efeitos. Vai-se afastando pouco a pouco dos outros e começa a perder interesse pelas coisas. Bebe diariamente, muitas vezes ás escondidas e luta para controlar o consumo. Alguns tentam definir os seus limites e consegue deste modo viver alguns períodos de abstinência. Infelizmente estes períodos são geralmente de curta  duração. Nesta fase o consumo começa a influenciar negativamente a vida do indivíduo, as suas responsabilidades e o seu ambiente familiar e profissional. Há assim um sério risco de alcoolismo.

A dependência
O álcool domina a vida do indivíduo que se tornou totalmente dependente do álcool. Nesses casos bebe, para não sentir os efeitos da sua falta; o seu organismo tem necessidade de álcool para funcionar “normalmente”. O alcoólico perde as suas ambições, a dependência torna-o inseguro. As suas faculdades intelectuais diminuem, e tem medos não habituais, tornando-se desconfiado e retraído. A família sofre também as conseqüências dessa mudança.

Como atua o álcool no organismo?
O abuso do álcool, com o decorrer dos anos, vai causando inúmeros desgastes na saúde. O álcool é um tóxico para o organismo, destruindo células. Grandes doses, bebidas durante um longo período de tempo podem danificar a maior parte dos órgãos vitais.
A dependência instala-se de modo lento e insidioso. Ela pode, mesmo antes de ser reconhecida, ter já causado inúmeros danos, e até provocar em alguns casos, a morte. Esta degradação do corpo é felizmente reversível, ou pelo menos controlável, se o indivíduo parar de beber.

Os primeiros sinais
O cérebro é o órgão mais vulnerável: a percepção, a coordenação e as funções motoras deterioram-se. O indivíduo pode perder a memória. 

Sinal de alarme
Um alcoolismo de longa duração afeta o cérebro, o fígado, o coração e o pâncreas; aumenta o risco de cancro, e atinge também o sistema imunitário: as defesas orgânicas diminuem, tornando o indivíduo vulnerável a doenças graves.

Estado de crise
Graves lesões orgânicas, cancros, doenças infecciosas, acidentes e suicídios podem conduzir a uma morte prematura.

A negação
As pessoas alcoólatras têm uma constante necessidade de justificar os seus excessos relativamente às bebidas.
Desenvolvem um mecanismo de defesa, a negação, que lhes permite ignorar que se tornaram dependentes do álcool. Podem assim afirmar que não têm problemas com as conseqüências desse consumo.
A negação é uma forma de esconder o problema a si próprio e aos outros. Com efeito, ele faz batota com a realidade. É por isso que se ouve dizer que “...os alcoólatras são mentirosos“.
A negação é uma atitude muito comum, mesmo admitindo a existência de um problema, os alcoólatras atribuem a causa a tudo, menos ao consumo de álcool.
Por exemplo: “tenho problemas com o meu chefe, mas é porque ele não gosta de mim...”
Eles confundem muitas vezes as causas e as conseqüências:”...se nós não discutíssemos tanto, eu beberia menos”, assim, enquanto o alcoólico encontrar desculpas para continuar a beber, ele não conseguirá abordar o seu verdadeiro problema.

Falsos conceitos sobre o álcool e o alcoolismo
A maior parte das pessoas têm uma representação do alcoolismo que não corresponde à realidade. Estes mitos e falsas ideias impedem uma melhor compreensão sobre a doença alcoólica e o seio da família, entre amigos ou no meio laboral.

Os alcoólatras dizem:
“... mas eu bebo apenas cerveja”.
A cerveja também tem álcool. Numa cerveja de 33 cl, há tanto álcool como num copo de vinho, ou num cálice de aguardente.

“... mas eu tenho um bom emprego...”
A maioria dos alcoólatras estão ainda inseridos profissionalmente, sejam eles, trabalhadores, quadros técnicos ou independentes. Um bom local de trabalho não impede os problemas com o álcool.     

“... Mas é uma pessoa tão simpática...”
Muitos alcoólicos alcoólatras são simpáticos e agradáveis. Não existe “uma personalidade alcoólica”.

“Mas o nosso lar é tão afetuoso”
Durante muito tempo os alcoólatras mantêm o equilíbrio familiar.

“Mas ele quase nunca se embriaga”
São raros os alcoólatras que se embriagam. Eles bebem apenas o necessário para se sentirem bem.

No trabalho ouve-se:
“Mas ele é tão inteligente para ser alcoólatra...”
Não há qualquer ligação entre o quotidiano e a doença alcoólica.

“Mas eu nunca o vi embriagado...”
As pessoas dependentes do álcool conseguem muitas vezes esconder dos seus colegas e chefias as suas alcoolizações.

“... Mas ele vem trabalhar todos os dias...”
Muitos alcoólatra são assíduos ao trabalho, chegando mesmo a dar a entender que estão em forma, e a dissimular a sua grande apetência para as bebidas.

A sociedade decreta:
“... Mas é um vadio”
A maior parte dos dependentes do álcool é gente normal e respeitável. Só um pequeno número acaba na rua.

“... Mas ele não tem ar de alcoólatra...”
Não há “fácies alcoólatras”, e quando existe, muitas vezes é bem disfarçado pelo alcoólatra, para não chamar a atenção.

“... Mas ele é de tão boa família...”
A doença alcoólica afeta qualquer pessoa, qualquer que seja o estrato social, familiar ou econômico.

Conhecer e compreender os papéis de cada um

O meio familiar é um elemento importante da doença alcoólica, porque os diferentes papeis de cada membro pode influenciar de maneira determinante a evolução da doença.
Por à pessoa dependente e/ou para tornar a sua vida mais suportável, os familiares adoptam comportamentos que na maioria das vezes mantêm o problema e por vezes até o acentuam.
Logo que se toma consciência do papel que cada um desempenha no mecanismo de dependência, os familiares podem então reagir, modificar as suas atitudes e distanciarem-se. Neste sentido, a família terá a possibilidade de influenciar positivamente a evolução da dependência.

Como reage a família
A maneira de viver do alcoólico afecta-o a si próprio e á sua família. As tensões e a insegurança ocasionadas pelo seu comportamento, influenciam todos e deterioram o ambiente familiar.

Dúvidas , desconfianças
Muitos membros da família desconfiam do doente alcoólico. Isto leva a numerosos confrontos e conflitos, independentemente do fato de se beber ou não. Estas desconfianças permanentes são desmoralizadoras.

Insegurança
Os doentes alcoólicos são freqüentemente negligentes no que diz respeito ás responsabilidades familiares e sentimentos para com a família. O seu comportamento põe também em risco, o emprego e a economia familiar. Este fato é causa de grande insegurança.

Medo
Uma família que luta com dificuldades imprevisíveis, vive um clima de stress e de medo. Medo que o doente regresse á noite, de novo embriagado, arriscando-se a um acidente de condução ou irritado e violento. Medo de que a família se divida.

Sentimentos de culpa
A família sente-se por vezes responsável pela alcoolização do doente. Cada um pensa secretamente que “se eu fosse simpático, mais calmo para com ele, ele beberia seguramente menos...”

Desilusão
As pessoas alcoólicas não são capazes de cumprirem as suas promessas. Assim, também a família não se ilude, não esperando outra coisa do doente.

Solidão, isolamento
A lei do silêncio impõe á família não se pronunciar em conjunto, acerca do problema do álcool. A comunicação fica perturbada e cada um fica sozinho face ás suas angústias.

Vergonha
O sentimento de vergonha leva a família a evitar os lugares onde possam ser vistos com o familiar alcoólico, este pode, de facto, ter um comportamento vexante sempre que bebe, o que perturba profundamente a sua família. Esta vergonha vai também impedir a procura de ajuda no exterior.

Cólera,  rancor
 Os doentes alcoólicos exigem demasiado das suas famílias: paciência, coragem e persistência. A cólera, a frustração e rancor aparecem. A unidade da família está em perigo.

Sofrimento, dor
É particularmente doloroso para os familiares, ver quem amam, modificar-se por causa do álcool. Mais ainda, se os esforços para o ajudarem, as conversas havidas não tiverem qualquer efeito, levando ao afastamento.
  
QUE PAPEL CABE A CADA UM?
A dependência desenvolve-se de forma dissimulada. Os familiares adoptam muitas vezes papéis que acentuam, ainda que involuntariamente este fenômeno.
Estes papéis são muitas vezes uma adaptação inconsciente da família a uma situação demasiadamente pesada. Eles trazem todos, benefícios a curto prazo.
Mas a longo prazo, prolongam e reforçam os comportamentos de dependência, é por isso que é importante reconhecer estes papéis, a fim de os poder ultrapassar. O sistema familiar pode assim reencontrar, com muita paciência e persistência, a sua serenidade.
Os papéis mais observados na família onde há problemas ligados ao álcool, estão descritos abaixo, no masculino, mas tanto podem ser adoptados por homens como por mulheres.

Procurar ajuda Fora do meio familiar

O alcoolismo é ultrapassável :
Cada pessoa pode modificar alguma coisa na sua própria vida para não sofrer todas  as consequências desta doença.
Os membros de uma família comparados com o problema devem primeiro aprender a libertar-se da pressão em que vivem e tornarem-se independentes do alcoólico, pois ao tornarem-se independentes os membros da família preparam-se para ajudar de uma forma mais efetiva.
Assim, o processo de ajuda não começa por proibir ou impedir, mas pela tomada de consciência do poder que o álcool representa sobre o seu próprio comportamento e pela necessária libertação.
O passo não é fácil de dar, por isso necessitam de um suporte e de uma ajuda, que deve ser procurada fora da família.
O distanciamento fará a mudança possível, mas ela não implica que se retire o afeto à pessoa alcoólatra.
Existem numerosos organismos de aconselhamento e grupos de auto-ajuda que podem acompanhar e aconselhar o alcoólico da família, pois sair da dependência uma mudança de maneira de pensar e de agir.

Onde encontrar ajuda e orientação?
Um primeiro passo importante, consiste em procurar ajuda fora do sistema familiar.
A família tem necessidade de ajudar por parte de pessoas que conhecem bem o alcoolismo e todas as consequências desta doença.

O Defensor
O defensor insinua-se muitas vezes na vida do alcoólatra para o ajudar.
Se um indivíduo alcoólatra é incapaz de trabalhar ou de cumprir uma obrigação, o defensor estará lá para justificar a sua ausência e para o substituir no seu trabalho.
Estas atitudes vão ajudar a proteger o alcoólico das consequências desagradáveis

O Protetor
O protetor assume tudo para que o alcoólico não seja responsabilizado.
Neste caso também é reforçado o comportamento abusivo do alcoólico.

O Revoltado
O revoltado tenta, por uma conduta inadaptada, desviar a atenção da família para outros aspectos que não o problema ligado ao álcool.
Assim as crianças sentem-se prisioneiros desta situação familiar, podendo reagir com maus resultados escolares, com agressividade ou outros comportamentos excessivos.

O Herói
O herói tenta desviar a atenção do problema com o álcool, adotando um comportamento exemplar. Ele espera secretamente que esta atitude ajude o alcoólico a deixar de beber.

O Acusador
O Acusador atribui ao álcool à causa de todos os problemas familiares. O alcoólico torna-se o principal alvo, o que vai reforçar a raiva e a impotência da pessoa dependente, dando-lhe novas razões para beber.

O Passivo, fechado em si próprio
O passivo é apático para se distanciar e se proteger da dor e da culpa. Esta indiferença é um mecanismo de defesa muito profundo, que não significa em caso nenhum, um desinteresse pelo doente alcoólico.
A pessoa passiva sofre interiormente, recusando-se a confrontar-se com o problema do álcool e suas consequências.

Conseguir:
Conhecer as atitudes que sustentam a dependência.
Os familiares que se deixam manipular pelo comportamento de um bebedor, tornam-se eles próprios parte integrante do problema. Indirectamente eles mantêm o abuso do álcool da pessoa em causa e deterioram a sua própria qualidade de vida. Tudo isto impede a resolução do problema.

Reforços
Certos membros da família não suportam ver sofrer o alcoólico e reagem com atitudes que paradoxalmente mantêm a dependência. Estes comportamentos provêm frequentemente das pessoas afetivamente mais próximas do doente – o cônjuge, um filho, amigos, colegas de trabalho. Todos podem adotar inconscientemente e por durante muito tempo tal atitude.

Não responder ás próprias necessidades
À força de se ocuparem das dificuldades do alcoólico, os membros da família não podem viver uma vida normal e não respondem mais ás suas dificuldades, sem o querer, são os alcoólicos que terão o poder de comandar as suas vidas.

Andar em círculo
Assim durante o longo tempo em que o sistema familiar foi dominado pelo álcool ficará preso um circulo vicioso. O grande consumo da pessoa dependente vai induzir no seu meio familiar comportamentos que a seu tempo incitarão o alcoólico a beber ainda mais. Só as pessoas exteriores a este sistema familiar poderão quebrar este circulo vicioso.

Conseguir:
Adotando novos comportamentos. Em geral, o primeiro passo para conseguir a resolução de um problema familiar ligado ao álcool, não consiste em modificar as atitudes dos outros membros da família.
Centrando-se nas suas próprias necessidades, recusando o apoio às alcoolizações, procurando suporte externo, a família porá em marcha o processo de remissão. Para isso é necessário estar determinado em se distanciar das atitudes do alcoólico e de se interessar por si próprio.

Cada um é responsável pelos seus atos
Logo que a família deixa de proteger o alcoólatra do abuso que ele não controla, dos excessos e das eventuais abstinência, ela passa a desculpar-se e atribui à pessoa em causa a inteira responsabilidade dos seus atos. Porque cada um faz a sua vida e deve ser livre para o fazer. A família pode, por isso, legitimamente distanciar-se do alcoólico para não se sentir responsável pela sua dependência. Assim todos ganham em autonomia.

Concentrar-se nas suas próprias necessidades
Logo que a família deixa de ser influenciada pela doença alcoólica, começam  então a resolução de uma parte do problema.
Dando prioridade às necessidades de cada um, os membros da família, dão um passo decisivo em direção a uma vida mais livre e de melhor qualidade. Só se pode ajudar o outro quando se é forte e equilibrado.

Quebrar o círculo vicioso
Reconhecer que existe um problema de álcool na sua família e que o problema diz respeito a cada um, permite falar das dificuldades sentidas, tanto no exterior como no interior.
Quebra-se assim, para cada pessoa, a “lei do silêncio” que fazia do problema um tabu.
Agir e querer mudar as coisas, não é fácil. Ajuda, suporte e compreensão vindas do exterior, serão mais uma vez de grande utilidade.

Quem pode ajudar a família do alcoólico?
Logo que os membros da família se sintam preparados para aceitar a ajuda exterior, eles compreenderão que não são os únicos a ter este tipo de problema. Muitas outras pessoas estão confrontadas com as mesmas dificuldades. Assim, a família terá à sua disposição apoios que não são de desprezar:

Grupos de auto-ajuda, serviços especializados, etc...

Grupos de Auto-Ajuda
Estes grupos são compostos por pessoas que vivem ou viveram o mesmo problema, ou seja, alcoolismo família.
Tais grupos dirigem-se não só aos familiares de alcoólicos, mas também a pessoas que crescem numa família alcoólica, sofrendo por isso as respectivas consequências.
Estes grupos oferecem um clima de confiança, calor humano, apoio para ultrapassar os problemas do álcool no seio familiar, facilitando também as trocas de experiência.

Serviços especializados
Muitas famílias procuram ajuda junto de instituições especializadas. Há neste âmbito, muitas possibilidades.
Os centros de alcoologia não são os únicos a poder ajudar. Eles podem também propor outras alternativas terapêuticas. O seu conselho não só e gratuito, como também esta sujeito ao sigilo profissional.
Estes serviços oferecem a possibilidade de discutir a sós ou com a família, este tipo de problemas. Encontraremos o endereço na lista. Diferem uns dos outros, por vezes conforme a região, o tipo de técnicos e técnicas usadas no que respeita ao álcool, e toxicodependências , mas no fundamental, todos saberão aconselhar a orientar para outros serviços.
Os centros de Saúde, os médicos de família e outros estarão também aptos a aconselhar sobre os problemas ligados a álcool.

Quem pode ajudar o doente alcoólico?
Após a abordagem franca do problema pelos membros da família, o doente alcoólico poderá sentir-se desprotegido. Isto pode, numa primeira fase estimular o aumento do consumo, mas pouco a pouco, os esforços da família para se sentir melhor, terão efeitos no indivíduo alcoólico.
Estas mudanças familiares levá-lo-ão a enfrentar a realidade e obrigá-lo-ão a ter que assumir as suas responsabilidades. Esta crise momentânea oferece uma possibilidade ao bebedor de admitir a sua doença e de pedir ajuda.
Para o doente alcoólico existem também inúmeras possibilidades, desde que efectivamente queira voluntariamente mudar a sua situação.
O objectivo de todos os tratamentos é o mesmo: aprender a assumir e a resolver os seus próprios problemas sem recorrer ao álcool.
O primeiro passo é a abstinência alcoólica- tratamento físico.

O tratamento
Significa parar totalmente o consumo de bebidas alcoólicas. Esta paragem não pode ser progressiva, mas imediata.
Uma vez abstinente, há medicamentos específicos eficazes para ajudar o doente a ultrapassar sem sofrimento o síndroma de abstinência daí resultante.
Este estado de abstinência, pode, por vezes, trazer riscos para a saúde, e por isso é necessário um acompanhamento médico efectivo. Por isso se efectua tratamento em hospitais ou clínicas especializadas.
Contudo, é possível efectuar este tratamento em regime ambulatório.
O tratamento de desintoxicação física é apenas uma das etapas do sentido da recuperação. O doente deverá aprender a viver sem álcool, uma vez que a dependência o impede de voltar a beber, mesmo que moderadamente.

GRUPOS DE AJUDA
Os grupos de auto-ajuda reúnem pessoas que vivem uma dificuldade comum e se entre ajudam para a ultrapassar. Neste casos, manter a abstinência é a maior dificuldade. A participação regular em reuniões de tais grupos é uma forma corrente de tratamento. Os grupos estão sempre disponíveis para as pessoas que tenham problemas de álcool, e que procurem quem os ouça e quem os ajude. Estes grupos(Alcoólicos Anónimos, Alcoólicos Tratados, etc.), tal como as instituições especializadas, oferecem este tipo de apoio.

MÉDICO DE FAMÍLIA
O médico de família é um profissional importante para a abordagem dos problemas ligados ao álcool no seio da família. A relação de confiança entre o médico e o seu paciente facilitará indiscutivelmente a abordagem do problema da dependência, quer física quer psíquica. O médico de família pode dar informações necessárias sobre a doença, falando com o seu paciente procurando soluções realistas. Pode de acordo com as necessidades, propor locais de tratamento e tratamentos especializados.

TRATAMENTO AMBULATÓRIO
O tratamento ambulatório permite abordar o problema sem interromper a actividade da vida profissional. Para isso, o doente deve encontrar-se regularmente com o terapeuta ou com o técnico de Serviço Social, mantendo as actividades quotidianas habituais.

TRATAMENTO EM REGIME DE INTERNAMENTO
O internamento destina-se a pessoas dependentes que têm necessidade de tempo para efectuar o tratamento físico e restabelecer o equilíbrio psicológico sem álcool. Regra geral dura 2 a 4 semanas, e são efectuados em instituições especializadas, ou em clínicas. Em princípio é aconselhado posteriormente um seguimento regular em regime ambulatório durante 1 ou 2 anos. A maior parte dos tratamentos da doença alcoólica propõe a participação do cônjuge ou da família no processo de recuperação do sistema familiar.

A ESPERANÇA EXISTE
Muitos alcoólicos mantêm a abstinência alcoólica após o tratamento. A recuperação é um processo lento, é preciso tempo, para que sejam visíveis as modificações. O alcoolismo é uma doença crónica, por isso a recaída pode surgir em qualquer momento. A recaída não deve ser considerada como um insucesso, uma fraqueza da pessoa, mas como um sinal de que as dificuldades ainda não estão totalmente ultrapassadas e de que o indivíduo não poderá recorrer ao álcool para as resolver. É neste momento que o doente alcoólico tem necessidade de suporte para encontrar a sobriedade. Neste âmbito são essenciais os programas de acompanhamento em regime ambulatório e pós-cura, bem como a preciosa intervenção dos grupos de auto-ajuda.
É com a ajuda e suporte de pessoas exteriores à família, com muita paciência, compreensão e perseverança recíproca, que o doente alcoólico e a sua família tomam consciência dos seus problemas pessoais e das suas necessidades. Só assim admitirão os seus próprios limites de forma a poderem encontrar o seu caminho e ultrapassar esta crise dolorosa, aspirando a uma existência mais feliz na sociedade.

CONCLUSÃO
Na abordagem deste tema facilmente nos apercebemos de três elementos: o álcool, alcoólico e a família, que estão intimamente relacionados. O abuso de álcool provoca alterações não só no indivíduo mas também em tudo o que o rodeia, família e amigos. É importante salientar que o alcoolismo não é um vício mas sim uma doença. Este é um problema que afecta todas as camadas sociais, desde pobre vagabundo á família mais rica. Facilmente se fica dependente do álcool mas é difícil de se libertar. Existem contudo várias instituições que podem ajudar a família alcoólica, a recuperar desta doença. Nunca nenhum alcoólico se culpa por beber, este culpa sempre os outros. Não assume que tem uma doença e foge sempre a razão. Vai envolvendo tudo, deixa de se interessar pelas coisas e pensa unicamente no seu companheiro que o compreende e ouve sem repreender, a sua querida garrafa, onde ele apaga todas as suas mágoas. Deparamo-nos também, com o problema da violência familiar que nestes últimos anos têm aumentado sensivelmente nas crianças e mulheres sendo as vítimas. Os maiores problemas de violência são devido ao abuso do álcool.



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