Alcoolismo na família: O que fazer?
Quem
tem amigos, vizinhos ou colegas do trabalho que sofrem por problemas ligados ao
álcool, já se apercebeu, com certeza da gravidade das suas dificuldades.
O
alcoolismo não atinge unicamente as pessoas dependentes do álcool, mas tem
também repercussões na família, no seu conjunto, nas relações profissionais e
privadas, assim como na sociedade em geral.
No
Brasil cerca de 6% da população são dependentes do álcool, e 24% estão relacionados
com estes, pessoas que vivem direta ou indiretamente as conseqüências da doença
alcoólica. Mas há, no entanto, soluções meios e pessoas que poderão ajudar
os doentes alcoólicos e as suas famílias a sair dos seus problemas e
reencontrar a esperança para todos.
O processo de resolução deste problema é constituído por 3
etapas:
ü Informação sobre a doença
alcoólica;
ü Conhecimento e compreensão do
papel de cada um no seio da família com problemas ligados ao álcool;
ü Procura de ajuda por si
próprio, e com os demais elementos envolvidos no sistema família.
A coisa mais importante, a
saber:
O
Alcoolismo não é uma fraqueza de caráter, nem um vicio, mas sim uma doença.
O
alcoolismo é caracterizado por uma dependência do álcool (etanol), do ponto de
vista físico e psíquico.
O
indivíduo dependente perdeu a liberdade de se abster no consumo de bebidas
alcoólicas, não conseguindo controlar o seu consumo; a necessidade
de beber ocupa os seus pensamentos, modificando o seu comportamento.
Considera-se que se trata de uma doença complexa,
em que as causa são múltiplas:
No
indivíduo: no plano biológico genético e psicológico;
No
meio circundante: a nível social e a nível cultural.
A
dependência do álcool conduz a uma necessidade física de beber, provocada pela
falta de álcool. A isto vem juntar-se a necessidade psicológica de consumir: O
indivíduo dependente tem a ideia de não conseguir viver sem álcool.
O
problema do alcoolismo não diz respeito apenas à pessoa que consome bebidas
alcoólicas. Os membros da sua família, as pessoas mais próximas, são
particularmente atingidas no plano afetivo e no seu cotidiano, sentindo-se tão
desamparados como o doente alcoólico.
A
dependência atinge toda a família, divide-a e isola-a do resto do mundo. Os
sentimentos, os pensamentos e os comportamentos de cada membro da família são
dirigidos para o consumo de bebidas alcoólicas pelo familiar dependente. O
alcoolismo é, portanto, mais que um problema individual, na medida em que
atinge a família no seu conjunto. Considera-se muitas vezes “doença do sistema
familiar”: uma vez que cada um esta envolvido, quer no processo de
desenvolvimento do problema, quer na sua resolução.
A moderação
Muitos
dos consumidores sentem imediatamente
efeitos agradáveis logo que ingerem bebidas alcoólicas: prazer, desinibição e
confiabilidade. No entanto a maior parte das pessoas que as consomem com
moderação conseguem-no fazer deste modo durante toda a vida.
Para
se beber sem perigo é indispensável a moderação.
Consumir
moderadamente é beber de modo a não ter problemas, nem os criar nos outros. Mas
o álcool é uma droga que atua de maneiras diferentes, de indivíduo para
indivíduo. Em certas situações e em certas pessoas, uma pequena quantidade de
álcool basta para fazer desequilibrar no sentido da dependência.
A
dependência física e psíquica caracterizam a doença alcoólica. Esta dependência
só fica claramente visível quando se instala. Conhecer as diferentes etapas da
doença pode ajudar a família melhor compreender o que é o alcoolismo
e tornar eficaz a ajuda a prestar ao doente e a ela própria.
Por
razões diversas certas pessoas perdem o controle do consumo de álcool. Eles
encontram no álcool efeitos tão particulares e vantagens tão importantes de
ponto de vista psíquico e/ou social, que não conseguem prescindir dele. Daí
resulta um consumo de risco. De fato o organismo habitua-se ao efeito do
álcool, assim como a vida social; muitas vezes arranjam inúmeros pretextos para
beber em sociedade.
Quanto
mais o álcool influenciar a vida do consumidor, mais facilmente se instalará a
dependência. A tolerância aumenta, e ele bebe cada vez mais para sentir os seus
efeitos. Vai-se afastando pouco a pouco dos outros e começa a perder interesse
pelas coisas. Bebe diariamente, muitas vezes ás escondidas e luta para
controlar o consumo. Alguns tentam definir os seus limites e consegue deste
modo viver alguns períodos de abstinência. Infelizmente estes períodos são
geralmente de curta duração. Nesta fase o consumo começa a influenciar
negativamente a vida do indivíduo, as suas responsabilidades e o seu ambiente
familiar e profissional. Há assim um sério risco de alcoolismo.
O
álcool domina a vida do indivíduo que se tornou totalmente dependente do
álcool. Nesses casos bebe, para não sentir os efeitos da sua falta; o seu
organismo tem necessidade de álcool para funcionar “normalmente”. O alcoólico
perde as suas ambições, a dependência torna-o inseguro. As suas faculdades
intelectuais diminuem, e tem medos não habituais, tornando-se desconfiado e
retraído. A família sofre também as conseqüências dessa mudança.
O
abuso do álcool, com o decorrer dos anos, vai causando inúmeros desgastes na
saúde. O álcool é um tóxico para o organismo, destruindo células. Grandes
doses, bebidas durante um longo período de tempo podem danificar a maior parte
dos órgãos vitais.
A
dependência instala-se de modo lento e insidioso. Ela pode, mesmo antes de ser
reconhecida, ter já causado inúmeros danos, e até provocar em alguns casos, a
morte. Esta degradação do corpo é felizmente reversível, ou pelo menos
controlável, se o indivíduo parar de beber.
O
cérebro é o órgão mais vulnerável: a percepção, a coordenação e as funções
motoras deterioram-se. O indivíduo pode perder a memória.
Um
alcoolismo de longa duração afeta o cérebro, o fígado, o coração e o pâncreas;
aumenta o risco de cancro, e atinge também o sistema imunitário: as defesas
orgânicas diminuem, tornando o indivíduo vulnerável a doenças graves.
Graves
lesões orgânicas, cancros, doenças infecciosas, acidentes e suicídios podem
conduzir a uma morte prematura.
As
pessoas alcoólatras têm uma constante necessidade de justificar os seus
excessos relativamente às bebidas.
Desenvolvem
um mecanismo de defesa, a negação, que lhes permite ignorar que se tornaram dependentes
do álcool. Podem assim afirmar que não têm problemas com as conseqüências desse
consumo.
A
negação é uma forma de esconder o problema a si próprio e aos outros. Com efeito,
ele faz batota com a realidade. É por isso que se ouve dizer que “...os alcoólatras
são mentirosos“.
A
negação é uma atitude muito comum, mesmo admitindo a existência de um problema,
os alcoólatras atribuem a causa a tudo, menos ao consumo de álcool.
Por
exemplo: “tenho problemas com o meu chefe, mas é porque ele não gosta de
mim...”
Eles
confundem muitas vezes as causas e as conseqüências:”...se nós não
discutíssemos tanto, eu beberia menos”, assim, enquanto o alcoólico encontrar
desculpas para continuar a beber, ele não conseguirá abordar o seu verdadeiro
problema.
A
maior parte das pessoas têm uma representação do alcoolismo que não corresponde
à realidade. Estes mitos e falsas ideias impedem uma melhor compreensão sobre a
doença alcoólica e o seio da família, entre amigos ou no meio laboral.
“...
mas eu bebo apenas cerveja”.
A
cerveja também tem álcool. Numa cerveja de 33 cl, há tanto álcool como num copo
de vinho, ou num cálice de aguardente.
“...
mas eu tenho um bom emprego...”
A
maioria dos alcoólatras estão ainda inseridos profissionalmente, sejam eles,
trabalhadores, quadros técnicos ou independentes. Um bom local de trabalho não
impede os problemas com o álcool.
A família pensa:
“...
Mas é uma pessoa tão simpática...”
Muitos
alcoólicos alcoólatras são simpáticos e agradáveis. Não existe “uma
personalidade alcoólica”.
“Mas
o nosso lar é tão afetuoso”
Durante
muito tempo os alcoólatras mantêm o equilíbrio familiar.
“Mas
ele quase nunca se embriaga”
São
raros os alcoólatras que se embriagam. Eles bebem apenas o necessário para se
sentirem bem.
“Mas
ele é tão inteligente para ser alcoólatra...”
Não
há qualquer ligação entre o quotidiano e a doença alcoólica.
“Mas
eu nunca o vi embriagado...”
As
pessoas dependentes do álcool conseguem muitas vezes esconder dos seus colegas
e chefias as suas alcoolizações.
“...
Mas ele vem trabalhar todos os dias...”
Muitos
alcoólatra são assíduos ao trabalho, chegando mesmo a dar a entender que estão
em forma, e a dissimular a sua grande apetência para as bebidas.
“...
Mas é um vadio”
A
maior parte dos dependentes do álcool é gente normal e respeitável. Só um
pequeno número acaba na rua.
“...
Mas ele não tem ar de alcoólatra...”
Não
há “fácies alcoólatras”, e quando existe, muitas vezes é bem disfarçado pelo alcoólatra,
para não chamar a atenção.
“...
Mas ele é de tão boa família...”
A
doença alcoólica afeta qualquer pessoa, qualquer que seja o estrato social,
familiar ou econômico.
O
meio familiar é um elemento importante da doença alcoólica, porque os
diferentes papeis de cada membro pode influenciar de maneira determinante a
evolução da doença.
Por
à pessoa dependente e/ou para tornar a sua vida mais suportável, os familiares
adoptam comportamentos que na maioria das vezes mantêm o problema e por vezes
até o acentuam.
Logo
que se toma consciência do papel que cada um desempenha no mecanismo de
dependência, os familiares podem então reagir, modificar as suas atitudes e
distanciarem-se. Neste sentido, a família terá a possibilidade de influenciar
positivamente a evolução da dependência.
A
maneira de viver do alcoólico afecta-o a si próprio e á sua família. As tensões
e a insegurança ocasionadas pelo seu comportamento, influenciam todos e
deterioram o ambiente familiar.
Dúvidas , desconfianças
Muitos
membros da família desconfiam do doente alcoólico. Isto leva a numerosos
confrontos e conflitos, independentemente do fato de se beber ou não. Estas
desconfianças permanentes são desmoralizadoras.
Insegurança
Os
doentes alcoólicos são freqüentemente negligentes no que diz respeito ás
responsabilidades familiares e sentimentos para com a família. O seu
comportamento põe também em risco, o emprego e a economia familiar. Este fato é
causa de grande insegurança.
Medo
Uma
família que luta com dificuldades imprevisíveis, vive um clima de stress e de
medo. Medo que o doente regresse á noite, de novo embriagado, arriscando-se a
um acidente de condução ou irritado e violento. Medo de que a família se
divida.
Sentimentos de culpa
A
família sente-se por vezes responsável pela alcoolização do doente. Cada um
pensa secretamente que “se eu fosse simpático, mais calmo para com ele, ele
beberia seguramente menos...”
Desilusão
As
pessoas alcoólicas não são capazes de cumprirem as suas promessas. Assim,
também a família não se ilude, não esperando outra coisa do doente.
Solidão, isolamento
A
lei do silêncio impõe á família não se pronunciar em conjunto, acerca do
problema do álcool. A comunicação fica perturbada e cada um fica sozinho face
ás suas angústias.
Vergonha
O
sentimento de vergonha leva a família a evitar os lugares onde possam ser
vistos com o familiar alcoólico, este pode, de facto, ter um comportamento
vexante sempre que bebe, o que perturba profundamente a sua família. Esta
vergonha vai também impedir a procura de ajuda no exterior.
Cólera, rancor
Os
doentes alcoólicos exigem demasiado das suas famílias: paciência, coragem e
persistência. A cólera, a frustração e rancor aparecem. A unidade da família
está em perigo.
Sofrimento, dor
É
particularmente doloroso para os familiares, ver quem amam, modificar-se por
causa do álcool. Mais ainda, se os esforços para o ajudarem, as conversas
havidas não tiverem qualquer efeito, levando ao afastamento.
A
dependência desenvolve-se de forma dissimulada. Os familiares adoptam muitas
vezes papéis que acentuam, ainda que involuntariamente este fenômeno.
Estes
papéis são muitas vezes uma adaptação inconsciente da família a uma situação
demasiadamente pesada. Eles trazem todos, benefícios a curto prazo.
Mas
a longo prazo, prolongam e reforçam os comportamentos de dependência, é por
isso que é importante reconhecer estes papéis, a fim de os poder ultrapassar. O
sistema familiar pode assim reencontrar, com muita paciência e persistência, a
sua serenidade.
Os
papéis mais observados na família onde há problemas ligados ao álcool, estão
descritos abaixo, no masculino, mas tanto podem ser adoptados por homens como
por mulheres.
Cada
pessoa pode modificar alguma coisa na sua própria vida para não sofrer
todas as consequências desta doença.
Os
membros de uma família comparados com o problema devem primeiro aprender a
libertar-se da pressão em que vivem e tornarem-se independentes do alcoólico,
pois ao tornarem-se independentes os membros da família preparam-se para ajudar
de uma forma mais efetiva.
Assim,
o processo de ajuda não começa por proibir ou impedir, mas pela tomada de
consciência do poder que o álcool representa sobre o seu próprio comportamento
e pela necessária libertação.
O
passo não é fácil de dar, por isso necessitam de um suporte e de uma ajuda, que
deve ser procurada fora da família.
O
distanciamento fará a mudança possível, mas ela não implica que se retire o afeto
à pessoa alcoólatra.
Existem
numerosos organismos de aconselhamento e grupos de auto-ajuda que podem
acompanhar e aconselhar o alcoólico da família, pois sair da dependência uma
mudança de maneira de pensar e de agir.
Um
primeiro passo importante, consiste em procurar ajuda fora do sistema familiar.
A
família tem necessidade de ajudar por parte de pessoas que conhecem bem o
alcoolismo e todas as consequências desta doença.
O
defensor insinua-se muitas vezes na vida do alcoólatra para o ajudar.
Se
um indivíduo alcoólatra é incapaz de trabalhar ou de cumprir uma obrigação, o
defensor estará lá para justificar a sua ausência e para o substituir no seu
trabalho.
Estas
atitudes vão ajudar a proteger o alcoólico das consequências desagradáveis
O
protetor assume tudo para que o alcoólico não seja responsabilizado.
Neste
caso também é reforçado o comportamento abusivo do alcoólico.
O
revoltado tenta, por uma conduta inadaptada, desviar a atenção da família para
outros aspectos que não o problema ligado ao álcool.
Assim
as crianças sentem-se prisioneiros desta situação familiar, podendo reagir com
maus resultados escolares, com agressividade ou outros comportamentos
excessivos.
O
herói tenta desviar a atenção do problema com o álcool, adotando um
comportamento exemplar. Ele espera secretamente que esta atitude ajude o
alcoólico a deixar de beber.
O
Acusador atribui ao álcool à causa de todos os problemas familiares. O
alcoólico torna-se o principal alvo, o que vai reforçar a raiva e a impotência
da pessoa dependente, dando-lhe novas razões para beber.
O
passivo é apático para se distanciar e se proteger da dor e da culpa. Esta
indiferença é um mecanismo de defesa muito profundo, que não significa em caso
nenhum, um desinteresse pelo doente alcoólico.
A
pessoa passiva sofre interiormente, recusando-se a confrontar-se com o problema
do álcool e suas consequências.
Conhecer
as atitudes que sustentam a dependência.
Os
familiares que se deixam manipular pelo comportamento de um bebedor, tornam-se
eles próprios parte integrante do problema. Indirectamente eles mantêm o abuso
do álcool da pessoa em causa e deterioram a sua própria qualidade de vida. Tudo
isto impede a resolução do problema.
Certos
membros da família não suportam ver sofrer o alcoólico e reagem com atitudes
que paradoxalmente mantêm a dependência. Estes comportamentos provêm
frequentemente das pessoas afetivamente mais próximas do doente – o cônjuge, um
filho, amigos, colegas de trabalho. Todos podem adotar inconscientemente e por
durante muito tempo tal atitude.
À
força de se ocuparem das dificuldades do alcoólico, os membros da família não
podem viver uma vida normal e não respondem mais ás suas dificuldades, sem o
querer, são os alcoólicos que terão o poder de comandar as suas vidas.
Assim
durante o longo tempo em que o sistema familiar foi dominado pelo álcool ficará
preso um circulo vicioso. O grande consumo da pessoa dependente vai induzir no
seu meio familiar comportamentos que a seu tempo incitarão o alcoólico a beber
ainda mais. Só as pessoas exteriores a este sistema familiar poderão quebrar
este circulo vicioso.
Centrando-se
nas suas próprias necessidades, recusando o apoio às alcoolizações, procurando
suporte externo, a família porá em marcha o processo de remissão. Para isso é
necessário estar determinado em se distanciar das atitudes do alcoólico e de se
interessar por si próprio.
Logo
que a família deixa de proteger o alcoólatra do abuso que ele não controla, dos
excessos e das eventuais abstinência, ela passa a desculpar-se e atribui à
pessoa em causa a inteira responsabilidade dos seus atos. Porque cada um faz a
sua vida e deve ser livre para o fazer. A família pode, por isso, legitimamente
distanciar-se do alcoólico para não se sentir responsável pela sua dependência.
Assim todos ganham em autonomia.
Logo
que a família deixa de ser influenciada pela doença alcoólica, começam então
a resolução de uma parte do problema.
Dando
prioridade às necessidades de cada um, os membros da família, dão um passo
decisivo em direção a uma vida mais livre e de melhor qualidade. Só se pode
ajudar o outro quando se é forte e equilibrado.
Reconhecer
que existe um problema de álcool na sua família e que o problema diz respeito a
cada um, permite falar das dificuldades sentidas, tanto no exterior como no
interior.
Quebra-se
assim, para cada pessoa, a “lei do silêncio” que fazia do problema um tabu.
Agir
e querer mudar as coisas, não é fácil. Ajuda, suporte e compreensão vindas do
exterior, serão mais uma vez de grande utilidade.
Logo
que os membros da família se sintam preparados para aceitar a ajuda exterior,
eles compreenderão que não são os únicos a ter este tipo de problema. Muitas
outras pessoas estão confrontadas com as mesmas dificuldades. Assim, a família
terá à sua disposição apoios que não são de desprezar:
Grupos de auto-ajuda, serviços especializados,
etc...
Grupos de Auto-Ajuda
Estes
grupos são compostos por pessoas que vivem ou viveram o mesmo problema, ou
seja, alcoolismo família.
Tais
grupos dirigem-se não só aos familiares de alcoólicos, mas também a pessoas que
crescem numa família alcoólica, sofrendo por isso as respectivas consequências.
Estes
grupos oferecem um clima de confiança, calor humano, apoio para ultrapassar os
problemas do álcool no seio familiar, facilitando também as trocas de
experiência.
Muitas
famílias procuram ajuda junto de instituições especializadas. Há neste âmbito,
muitas possibilidades.
Os
centros de alcoologia não são os únicos a poder ajudar. Eles podem também
propor outras alternativas terapêuticas. O seu conselho não só e gratuito, como
também esta sujeito ao sigilo profissional.
Estes
serviços oferecem a possibilidade de discutir a sós ou com a família, este tipo
de problemas. Encontraremos o endereço na lista. Diferem uns dos outros, por
vezes conforme a região, o tipo de técnicos e técnicas usadas no que respeita
ao álcool, e toxicodependências , mas no fundamental, todos saberão aconselhar
a orientar para outros serviços.
Os
centros de Saúde, os médicos de família e outros estarão também aptos a
aconselhar sobre os problemas ligados a álcool.
Após
a abordagem franca do problema pelos membros da família, o doente alcoólico
poderá sentir-se desprotegido. Isto pode, numa primeira fase estimular o
aumento do consumo, mas pouco a pouco, os esforços da família para se sentir
melhor, terão efeitos no indivíduo alcoólico.
Estas
mudanças familiares levá-lo-ão a enfrentar a realidade e obrigá-lo-ão a ter que
assumir as suas responsabilidades. Esta crise momentânea oferece uma
possibilidade ao bebedor de admitir a sua doença e de pedir ajuda.
Para
o doente alcoólico existem também inúmeras possibilidades, desde que
efectivamente queira voluntariamente mudar a sua situação.
O
objectivo de todos os tratamentos é o mesmo: aprender a assumir e a resolver os
seus próprios problemas sem recorrer ao álcool.
O
primeiro passo é a abstinência alcoólica- tratamento físico.
Significa
parar totalmente o consumo de bebidas alcoólicas. Esta paragem não pode ser
progressiva, mas imediata.
Uma
vez abstinente, há medicamentos específicos eficazes para ajudar o doente a
ultrapassar sem sofrimento o síndroma de abstinência daí resultante.
Este
estado de abstinência, pode, por vezes, trazer riscos para a saúde, e por isso
é necessário um acompanhamento médico efectivo. Por isso se efectua tratamento
em hospitais ou clínicas especializadas.
Contudo,
é possível efectuar este tratamento em regime ambulatório.
O
tratamento de desintoxicação física é apenas uma das etapas do sentido da
recuperação. O doente deverá aprender a viver sem álcool, uma vez que a
dependência o impede de voltar a beber, mesmo que moderadamente.
Os
grupos de auto-ajuda reúnem pessoas que vivem uma dificuldade comum e se entre
ajudam para a ultrapassar. Neste casos, manter a abstinência é a maior
dificuldade. A participação regular em reuniões de tais grupos é uma forma
corrente de tratamento. Os grupos estão sempre disponíveis para as pessoas que
tenham problemas de álcool, e que procurem quem os ouça e quem os ajude. Estes
grupos(Alcoólicos Anónimos, Alcoólicos Tratados, etc.), tal como as
instituições especializadas, oferecem este tipo de apoio.
O
médico de família é um profissional importante para a abordagem dos problemas
ligados ao álcool no seio da família. A relação de confiança entre o médico e o
seu paciente facilitará indiscutivelmente a abordagem do problema da dependência,
quer física quer psíquica. O médico de família pode dar informações necessárias
sobre a doença, falando com o seu paciente procurando soluções realistas. Pode
de acordo com as necessidades, propor locais de tratamento e tratamentos
especializados.
O
tratamento ambulatório permite abordar o problema sem interromper a actividade
da vida profissional. Para isso, o doente deve encontrar-se regularmente com o
terapeuta ou com o técnico de Serviço Social, mantendo as actividades
quotidianas habituais.
O
internamento destina-se a pessoas dependentes que têm necessidade de tempo para
efectuar o tratamento físico e restabelecer o equilíbrio psicológico sem
álcool. Regra geral dura 2 a 4 semanas, e são efectuados em instituições
especializadas, ou em clínicas. Em princípio é aconselhado posteriormente um
seguimento regular em regime ambulatório durante 1 ou 2 anos. A maior parte dos
tratamentos da doença alcoólica propõe a participação do cônjuge ou da família
no processo de recuperação do sistema familiar.
Muitos
alcoólicos mantêm a abstinência alcoólica após o tratamento. A recuperação é um
processo lento, é preciso tempo, para que sejam visíveis as modificações. O
alcoolismo é uma doença crónica, por isso a recaída pode surgir em qualquer
momento. A recaída não deve ser considerada como um insucesso, uma fraqueza da
pessoa, mas como um sinal de que as dificuldades ainda não estão totalmente
ultrapassadas e de que o indivíduo não poderá recorrer ao álcool para as
resolver. É neste momento que o doente alcoólico tem necessidade de suporte
para encontrar a sobriedade. Neste âmbito são essenciais os programas de
acompanhamento em regime ambulatório e pós-cura, bem como a preciosa
intervenção dos grupos de auto-ajuda.
É
com a ajuda e suporte de pessoas exteriores à família, com muita paciência,
compreensão e perseverança recíproca, que o doente alcoólico e a sua família
tomam consciência dos seus problemas pessoais e das suas necessidades. Só assim
admitirão os seus próprios limites de forma a poderem encontrar o seu caminho e
ultrapassar esta crise dolorosa, aspirando a uma existência mais feliz na
sociedade.
Na
abordagem deste tema facilmente nos apercebemos de três elementos: o álcool,
alcoólico e a família, que estão intimamente relacionados. O abuso de álcool
provoca alterações não só no indivíduo mas também em tudo o que o rodeia,
família e amigos. É importante salientar que o alcoolismo não é um vício mas
sim uma doença. Este é um problema que afecta todas as camadas sociais, desde
pobre vagabundo á família mais rica. Facilmente se fica dependente do álcool
mas é difícil de se libertar. Existem contudo várias instituições que podem
ajudar a família alcoólica, a recuperar desta doença. Nunca nenhum alcoólico se
culpa por beber, este culpa sempre os outros. Não assume que tem uma doença e
foge sempre a razão. Vai envolvendo tudo, deixa de se interessar pelas coisas e
pensa unicamente no seu companheiro que o compreende e ouve sem repreender, a
sua querida garrafa, onde ele apaga todas as suas mágoas. Deparamo-nos também,
com o problema da violência familiar que nestes últimos anos têm aumentado
sensivelmente nas crianças e mulheres sendo as vítimas. Os maiores problemas de
violência são devido ao abuso do álcool.
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