Senado confirma decisão de bancar IR não recolhido por senadores
Casa
custeará imposto devido pelos parlamentares sobre os 14º e 15º salários
recebidos entre 2007 e 2011
Ricardo
Brito, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA
– O plenário do Senado aprovou na tarde desta terça-feira um projeto que livra
os senadores da obrigação de pagarem o Imposto de Renda (IR) não recolhido
sobre os salários extras. A proposta confirma um ato da Mesa Diretora de
setembro no qual a Casa decidiu custear o imposto devido pelos parlamentares
sobre o décimo quarto e décimo quinto salários que receberam entre os anos de
2007 e 2011. Cada salário extra está atualmente em R$ 26,7 mil, o do
funcionalismo público.
A
mesma decisão do plenário abre margem para que a Advocacia-Geral do Senado
recorra à Justiça para reaver os recursos que a Casa bancou. Nenhum senador
manifestou-se em plenário no momento da votação, que durou cerca de um minuto e
foi conduzida pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A matéria vai à
promulgação.
A
discussão sobre a cobrança da dívida dos senadores começou em agosto, depois
que a Receita Federal enviou diretamente para cada congressista a conta do
imposto não descontado dos salários extras. Um ato do Senado de 1995 sustentava
que o recurso tinha natureza indenizatória, mas o Fisco entendeu que a verba
tem caráter remuneratório, o que obriga a incidência da alíquota de 27,5%
referente ao imposto.
Num
primeiro momento, José Sarney afirmou que cada um arcaria com sua dívida, mesmo
admitindo que a direção do Senado tenha falhado ao não recolher o IR dos
últimos cinco anos. Contudo, senadores pressionaram e conseguiram um mês depois
que a Casa assumisse a despesa. A cobrança do período chega a R$ 64 mil para
cada senador, excluído juros, multa e correção monetária, mas a conta pode ser
maior para quem é parlamentar nos últimos cinco anos.
Em
maio, o Senado aprovou uma proposta da ministra Gleisi Hoffmann, senadora
licenciada, para acabar com o pagamento do 14º e 15º salários. Pelo texto, o
pagamento, em vez de ser realizado no início e no final de cada ano, seria
realizado apenas no começo e no final de cada legislatura (período de quatro
anos). A proposta, contudo, está na Câmara dos Deputados.
Os
salários extras foram criados na década de 1940 para ajudar nas despesas dos
congressistas, que ficavam no Rio de Janeiro, retornassem anualmente para seus
estados de origem.
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