quarta-feira, 29 de julho de 2015

Lava Jato: MPF denuncia mais cinco pessoas por lavagem de dinheiro e corrupção


Foram denunciados o ex-diretor da Petrobras Renato de Souza Duque, a advogada Christina Maria da Silva Jorge, os empresários João Antônio Bernardi Filho, Antônio Carlos Briganti Bernardi e Julio Gerin de Almeida Camargo

Com  informações do site do Ministério Público Federal - 29/07/2015

A Força-Tarefa do Ministério público Federal (MPF) denunciou, nesta quarta-feira, 29 de julho), mais cinco pessoas relacionadas à 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em 19 de junho, pelas práticas dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. Foram denunciados o ex-diretor da Petrobras Renato de Souza Duque, a advogada Christina Maria da Silva Jorge, os empresários João Antônio Bernardi Filho, Antônio Carlos Briganti Bernardi e Julio Gerin de Almeida Camargo.

Segundo o MPF, os denunciados participaram de um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro para favorecer a empresa italiana Saipem na contratação de obras da Petrobras. Para isso, utilizaram-se de transações bancárias nas contas da Hayley/SA, offshore uruguaia que mantinha contas na Suíça e que, posteriormente, remetia os valores como simulação de investimentos na sua subsidiária Hayley do Brasil. Por fim, a Hayley do Brasil adquiria obras de arte em seu nome, mas as entregava a Renato Duque como parte do pagamento da vantagem indevida.

De acordo com o procurador da República Diogo Castor de Mattos, as investigações que culminaram na denúncia demonstraram uma evolução nos métodos de lavagem de dinheiro: "A lavagem de dinheiro por intermédio de aquisição de obras de arte é uma forma inovadora de ocultar o real proprietário dos valores provenientes de crimes", afirma.

Entenda o caso – João Bernardi era representante comercial da Saipem do Brasil, subsidiária da empresa italiana Saipem S/A. Ele ofereceu vantagem indevida para Renato Duque, na época diretor da área de serviços da Petrobras, para assegurar que a estatal contratasse a empresa italiana para a realização das obras de instalação do Gasoduto Submarino de Interligação dos Campos de Lula e Cernambi. Já os denunciados Christina Maria da Silva Jorge e Antônio Carlos Bernardi participavam, com João Bernardi, da administração das atividades da Hayley do Brasil e da offshore Hayley S/A, sociedades utilizadas para a lavagem de capitais dos recursos auferidos com os crimes.

Dentre as provas do crime de corrupção apontadas na denúncia, consta, por exemplo, o roubo de R$ 100 milhões sofrido por João Bernardi quando se dirigia à sede da Petrobras para efetuar o pagamento destes valores a Renato Duque. Além disso, os denunciados participaram de depósitos de US$ 1 milhão em favor de Renato Duque nas contas da Hayley S/A na Suíça, controlada por João Bernardi. O dinheiro foi internalizado no Brasil por meio de contratos de câmbio que simulavam investimentos de capital estrangeiro no país mediante depósitos na empresa Hayley do Brasil.


Por fim, Renato Duque recebeu de João Bernardi vantagem indevida no valor de R$ 577.431,20, com o auxílio de Christina Jorge e Antônio Briganti, através de 13 obras de arte. A compra foi registrada em nome de João Bernardi e da Hayley do Brasil mas quem dispunha de fato das obras era Renato Duque.


terça-feira, 28 de julho de 2015

Lava Jato: nova fase cumpre prisões, conduções coercitivas e buscas


A operação teve como alvos o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, o presidente da Unidade de Negócios Energia da Andrade Gutierrez, Flavio David Barra, além de pessoas e empresas envolvidas em ilícitos investigados nos contratos de Angra 3

Com informações do site do Ministério Público Federal - 28/07/2015

A pedido da Força-Tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão, prisão temporária e condução corecitiva na manhã desta terça-feira, 28 de julho, na 16ª fase da operação Lava Jato.

Foram presos temporariamente na operação, batizada pela Polícia Federal de “Radioatividade”, o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o presidente da Unidade Negócios Energia da Andrade Gutierrez, Flavio David Barra.

Buscas e apreensões foram realizadas nas sedes das empreiteiras Andrade Gutierrez, Techint, Odebrecht, Queiroz Galvão, EBE (Grupo MPE), Engevix e também em empresas intermediárias envolvidas nos ilícitos investigados. Executivos dessas empreiteiras também foram coercitivamente conduzidos pela PF para prestarem depoimentos.

Foram cumpridas 2 prisões temporárias (Othon Luiz e Flavio Barra), 5 conduções coercitivas (Ricardo Marques, Fábio Gandolfo, Petrônio Júnior, Renato Abreu e Clóvis Primo) e 23 mandados de busca e apreensão.

O MPF requereu essas medidas após encontrar evidências que corroboram o conteúdo da colaboração de Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa, que revelou expansão do esquema de cartel da Petrobras para a Eletronuclear e indícios de pagamento de vantagens indevidas nos contratos para construção de Angra 3.

Apura-se o direcionamento de licitação e corrupção no contrato de construção de Angra 3 firmado com o Consórcio Angramon. Foram também reunidos indícios de que a Aratec, empresa de Othon Luiz, celebrava contratos fictícios com empresas que tinham a função de repassar vantagens indevidas pagas pela Andrade Gutierrez e Engevix em razão de contratos celebrados com a Eletronuclear.

Até o momento, os indícios apontam que o presidente licenciado da Eletronuclear recebeu pelo menos R$ 4,5 milhões de propina. Há indicativos de que parte deste montante foi recebida em 12 de dezembro de 2014, mesmo após a prisão de executivos de grandes empreiteiras do país.

Segundo o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, “essa operação é um indicativo de que a corrupção no Brasil, conforme apontam os estudos, é endêmica e, por isso, precisamos da aprovação das10 medidas contra a corrupção sugeridas pelo MPF.” Na avaliação do procurador Deltan Dallagnol, “mais uma vez, surgem evidências da prática recente de crimes, praticados após a deflagração da operação. Isso é um sintoma da convicção de que os criminosos do colarinho branco têm de que alcançarão a impunidade. Mas as instituições estão aqui. Faremos tudo para a completa apuração dos fatos e a adequada punição dos criminosos.”


A marcha dos insensatos e a sua primeira vítima


Dados do Banco Mundial e do FMI mostram que foi no governo de FHC que a renda per capita e o PIB caíram e a dívida pública líquida quase dobrou, o que esvazia argumentos de que governo atual está quebrando o país.

por Mauro Santayana - Publicado originalmente no Jornal do Brasil

Segundo os chamamentos que estão sendo feitos neste momento, no WhatsApp e nas redes sociais, pessoas irão sair às ruas, no domingo, porque acusam o governo de ser corrupto e comunista e de estar quebrando o país.

Se estes brasileiros, antes de ficar repetindo sempre os mesmos comentários dos portais e redes sociais, procurassem fontes internacionais em que o mercado financeiro normalmente confia para tomar suas decisões, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, veriam que a história é bem diferente, e que o PIB e a renda per capita caíram, e a dívida pública líquida praticamente dobrou, foi no governo Fernando Henrique Cardoso.

Segundo o Banco Mundial, o PIB do Brasil, que era de US$ 534 bilhões, em 1994, caiu para US$ 504 bilhões quando Fernando Henrique Cardoso deixou o governo, oito anos depois.

Para subir, extraordinariamente, destes US$ 504 bilhões, em 2002, para US$ 2 trilhões, US$ 300 bilhões, em 2013, último dado oficial levantado pelo Banco Mundial, crescendo mais de 400% em dólares, em apenas 11 anos, depois que o PT chegou ao poder.

E isso, apesar de o senhor Fernando Henrique Cardoso ter vendido mais de 100 bilhões de dólares em empresas brasileiras, muitas delas estratégicas, como a Telebras, a Vale do Rio Doce e parte da Petrobras, com financiamento do BNDES e uso de “moedas podres”, com o pretexto de sanear as finanças e aumentar o crescimento do país.

Com a renda per capita ocorreu a mesma coisa. No lugar de crescer em oito anos, a renda per capita da população brasileira, também segundo o Banco Mundial, caiu de US$ 3.426, em 1994, no início do governo, para US$ 2.810, no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002. E aumentou, também, em mais de 400%, de US$ 2.810, para US$ 11.208, também segundo o World Bank, depois que o PT chegou ao poder.

O salário mínimo, que em 1994, no final do governo Itamar Franco, valia US$ 108, caiu 23%, para US$ 81, no final do governo FHC e aumentou em três vezes, para mais de US$ 250, hoje, também depois que o PT chegou ao poder.

As reservas monetárias internacionais – o dinheiro que o país possui em moeda forte – que eram de US$ 31,746 bilhões, no final do governo Itamar Franco, cresceram em apenas algumas centenas de milhões de dólares por ano, para US$ 37.832 bilhões nos oito anos do governo FHC.

Nessa época, elas eram de fato, negativas, já que o Brasil, para chegar a esse montante, teve que fazer uma dívida de US$ 40 bilhões com o FMI.

Depois, elas se multiplicaram para US$ 358,816 bilhões em 2013, e para US$ 369,803 bilhões, em dados de ontem, transformando o Brasil de devedor em credor, depois do pagamento da dívida com o FMI em 2005, e de emprestarmos dinheiro para a instituição, quando do pacote de ajuda à Grécia em 2008.

E, também, no quarto maior credor individual externo dos EUA, segundo consta, para quem quiser conferir, do próprio site oficial do tesouro norte-americano. –(http://www.treasury.gov/ticdata/Publish/mfh.txt).

O Investimento Estrangeiro Direto (IED), que foi de US$ 16,590 bilhões, em 2002, no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, também subiu mais de quase 400%, para US$ 80,842 bilhões, em 2013, depois que o PT chegou ao poder, ainda segundo dados do Banco Mundial, passando de aproximadamente US$ 175 bilhões nos anos FHC (mais ou menos 100 bilhões em venda de empresas nacionais) para US$ 440 bilhões depois que o PT chegou ao poder.

A dívida pública líquida (o que o país deve, fora o que tem guardado no banco), que, apesar das privatizações, dobrou no Governo Fernando Henrique, para quase 60%, caiu para 35%, agora, 11 anos depois do PT chegar ao poder.

Quanto à questão fiscal, não custa nada lembrar que a média de déficit público, sem desvalorização cambial, dos anos FHC, foi de 5,53%, e com desvalorização cambial, de 6,59%, bem maior que os 3,13% da média dos anos que se seguiram à sua saída do poder; e que o superavit primário entre 1995 e 2002 foi de 1,5%, muito menor que os 2,98% da média de 2003 e 2013 – segundo Ipeadata e o Banco Central – nos governos do PT.

E, ao contrário do que muita gente pensa, o Brasil ocupa, hoje, apenas o quinquagésimo lugar do mundo, em dívida pública, em situação muito melhor do que os EUA, o Japão, a Zona do Euro, ou países como a Alemanha, a França, a Grã Bretanha – cujos jornais adoram ficar nos ditando regras e “conselhos” – ou o Canadá.

Também ao contrário do que muita gente pensa, a carga tributária no Brasil caiu ligeiramente, segundo o Banco Mundial, de 2002, no final do governo FHC, para o último dado disponível, de dez anos depois, e não está entre a primeiras do mundo, assim como a dívida externa, que caiu mais de 10 pontos percentuais nos últimos dez anos, e é a segunda mais baixa, depois da China, entre os países do G20.

Não dá, para, em perfeito juízo, acreditar que os advogados, economistas, empresários, jornalistas, empreendedores, funcionários públicos, majoritariamente formados na universidade, que bateram panelas contra Dilma em suas varandas, há poucos dias, acreditem mais nos boatos das redes sociais, do que no FMI e no Banco Mundial, organizações que podem ser taxadas de tudo, menos de terem sido “aparelhadas” pelo governo brasileiro e seus seguidores.

Considerando-se estas informações, que estão, há muito tempo, publicamente disponíveis na internet, o grande mistério da economia brasileira, nos últimos 12 anos, é saber em que dados tantos jornalistas, economistas, e “analistas”, ouvidos a todo momento, por jornais, emissoras de rádio e televisão, se basearam, antes e agora, para tirar, como se extrai um coelho da cartola – ou da "cachola" – o absurdo paradigma, que vêm defendendo há anos, de que o Governo Fernando Henrique foi um tremendo sucesso econômico, e de que deixou “de presente” para a administração seguinte, um país econômica e financeiramente bem-sucedido.

Nefasto paradigma, este, que abriu caminho, pela repetição, para outra teoria tão frágil quanto mentirosa, na qual acreditam piamente muitos dos cidadãos que vão sair às ruas no próximo domingo: a de que o PT estaria, agora, jogando pela janela, essa – supostamente maravilhosa – “herança” de Fernando Henrique Cardoso, colocando em risco as conquistas de seu governo.

O pior cego é o que não quer ver, o pior surdo, o que não quer ouvir.

Está certo que não podemos ficar apenas olhando para o passado, que temos de enfrentar os desafios do presente, fruto de uma crise que é internacional, que faz com que estejamos crescendo pouco, embora haja diversos países ditos “desenvolvidos” que estejam muito mais endividados e crescendo menos do que nós.

Assim como também é verdade que esse governo não é perfeito, e que se cometeram vários erros na economia, que poderiam ter sido evitados, principalmente nos últimos anos.

Mas, pelo amor de Deus, não venham nos impingir nenhuma dessas duas fantasias, que estão empurrando muita gente a sair às ruas para se manifestar: nem Fernando Henrique salvou o Brasil, nem o PT está quebrando um país que em 2002 era a 14ª maior economia do mundo, e que hoje já ocupa o sétimo lugar.

Em pleno bombardeio institucional – Dilma Rousseff foi vaiada em uma feira de construção em São Paulo, apesar de seu governo ter financiado a edificação de dois milhões de casas populares – e às vésperas da realização de manifestações pedindo o impeachment da Presidenta da República, sua assessoria preparou um discurso, para a sua estreia em rede nacional de rádio e televisão, no segundo mandato, rico em lero-lero e pobre em informações.

O grande dado econômico dos “anos PT” não são os US$ 370 bilhões de reservas monetárias, que deveriam, sim, ter sido mencionados, ao lado do fato de que eles substituem, hoje, os 18 bilhões que havia no final do governo FHC, exclusivamente, por obra e graça de um empréstimo de 40 bilhões do FMI, que foi pago em 2005 pelo governo Lula.

Nem mesmo a condição que o Brasil ocupa, agora, segundo o próprio site oficial do tesouro norte-americano, de quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos.

Mas o fato de que o PIB, apesar de ter ficado praticamente estagnado em 2014, saiu de US$ 504 bilhões em 2002, para US$ 2 trilhões e 300 bilhões, em 2013, com um crescimento de mais de 400% em 11 anos, performance que talvez só tenha sido ultrapassada, nesse período, pela China.

E, isso, conforme, não, o IPTE – como está sendo apelidado o IBGE pelos hitlernautas de plantão nas redes sociais – mas segundo estatísticas da série histórica do site oficial do Banco Mundial. Faltou também dizer que não houve troca de dívida pública externa por interna, já que, no período, a dívida pública líquida caiu de quase 60% do PIB, em 2002, para aproximadamente 35%, agora, depois de ter praticamente duplicado no governo Fernando Henrique, com relação ao final do governo Itamar Franco.

Há outros dados que poderiam negar a tese de que o país inviabilizou-se, economicamente, nos últimos anos, como o aumento do salário mínimo de US$ 50 para mais de US$ 250 em menos de 12 anos, ou a produção de grãos e de automóveis ter praticamente duplicado no período.

É claro que o PT cometeu erros graves, como estimular a venda de carros sem garantir a existência de fontes nacionais de combustíveis, gastando bilhões de dólares no exterior na compra de gasolina, quando poderia ter subsidiado, em reais, a venda de etanol nacional no mercado interno, diminuindo a oferta de açúcar no mercado internacional, enxugando a disponibilidade e aumentando os ganhos com a exportação do produto.

Ou o de dar início a grandes obras de infraestrutura – de resto absolutamente necessárias – sem se assegurar, antes, por meio de rigoroso planejamento e negociação, que elas não seriam interrompidas dezenas de vezes, como foram.

Quem quiser, pode encontrar outros equívocos, que ocorreram nestes anos, e que poderiam ter sido corrigidos com a participação de outros partidos, até mesmo da base "aliada", se sua "colaboração" não se limitasse ao interesse mútuo na época das campanhas eleitorais, e à chantagem e ao jogo de pressões propiciados pelos vícios de um sistema político que precisa ser urgente e efetivamente reformado.

Mas o antipetismo prefere se apoiar, como Goebbels, na evangelização de parte da opinião pública com mentiras, a apontar os erros reais que foram cometidos, e debruçar-se na apresentação de alternativas que partam do patamar em que o país se encontra historicamente, agora.

Soluções que extrapolem a surrada e permanente promoção de receitas neoliberais que se mostraram abjetas, nefastas e indefensáveis no passado, e a apologia da entrega, direta e indireta, do país e de nossas empresas, aos interesses e ditames estrangeiros. No discurso do governo – súbita e tardiamente levado a reagir, atabalhoadamente, pela pressão das circunstâncias – continua sobrando "nhenhenhém" e faltando dados, principalmente aqueles que podem ser respaldados com a citação de fontes internacionais, teoricamente acima de qualquer suspeita, do ponto de vista dos "analistas" do "mercado". Isso, quando o seu conteúdo – em benefício, principalmente, do debate – deveria ser exatamente o contrário.

domingo, 26 de julho de 2015

Voluntários se mobilizam na preparação de transexuais para o Enem


Tyfany Stacy, de 31 anos, não tem dúvidas sobre qual carreira seguir. Ela quer ser química industrial. No caminho desse sonho, no entanto, está um desafio que muitos brasileiros conhecem bem, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Mas, o que a maioria dos outros candidatos a uma vaga no nível superior não conhece são os outros obstáculos que a cabeleireira e maquiadora transexual enfrenta desde os 11 anos, quando foi expulsa de casa por causa da sua identidade de gênero. A escolha complicada em definir o que cursar está longe de ser a mais difícil na vida de Tyfany.

"Fui expulsa de casa com 11 anos. Minha família não me apoiou e resolvi trocar minha família pela minha felicidade. Se meu sonho era viver como transexual, fui buscar meu sonho. E hoje estou mais estabilizada e posso buscar uma faculdade", conta ela, que deixou o interior de Minas Gerais e chegou a um abrigo no Rio de Janeiro, onde conseguiu concluir o ensino médio. "Na escola, já vinham os apelidos. Sarita, Babalu. Você é alvo de chacota na escola. Você é o viado do colégio."

Tyfany é uma das mulheres e homens trans que se matricularam no curso preparatório Prepara NEM!, no Rio de Janeiro, para tentar a aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio. Entre conseguir uma vaga na faculdade e os diplomas dos níveis médio e fundamental, os objetivos são muitos, e a ideia do preparatório é encorajar todos eles.

"A gente o tempo todo trabalha com a ideia da não limitação dos sonhos. Se quer fazer medicina, a gente pode chegar lá", conta a professora voluntária Cristiane Furtado, de 37 anos, que entrou em contato com o projeto pelo Facebook. "Muitas alunas chegam falando 'não gosto de história', 'não gosto de geografia', 'não sei nada de matemática', 'estou fora da escola há muito tempo'. E, quando a gente começou as aulas, foi o contrário que aconteceu: uma participação incrível, um conhecimento muito maior do que nós poderíamos esperar e que extrapola para a vida."

Com voluntários de todas as áreas, o Prepara NEM! tem aulas diárias que ocorrem no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, no Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro e em outros locais apoiadores do projeto. Além das aulas, há também um calendário de monitorias em que os alunos e alunas tiram dúvidas individualmente com os professores.

Uma iniciativa semelhante em Belo Horizonte corre contra o tempo para oferecer aulas preparatórias para transexuais. O Enem está marcado para 24 e 25 de outubro, e o começo das aulas depende apenas de um número mínimo de alunos. "Existe uma dificuldade tanto de conseguir atingir essas pessoas com a divulgação quanto uma financeira da parte delas, para locomoção e material", diz a advogada Adriana do Valle, de 33 anos, que organizou o curso, reuniu 66 voluntários interessados e usará o espaço de seu escritório para as aulas, que contarão com apostilas doadas por alunos da Universidade Federal de Minas Gerais.

"Sou da Comissão da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas e acompanho desde muito cedo a luta LGBT [sigla para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros]. A letra T sempre foi muito excluída e muito esquecida. Vejo que no mercado de trabalho não existe espaço. Enquanto a gente não conseguir que as pessoas sejam capacitadas ficará cada vez mais difícil incluí-las", explica.

Outra dificuldade do curso mineiro é a falta de voluntários em algumas áreas. Entre 66 voluntários, há um professor de matemática, um de química e nenhum de química e biologia. O curso será no bairro do Prado, na zona oeste de Belo Horizonte, nos arredores da Avenida Amazonas. Os interessados em ajudar ou estudar podem entrar em contato com Adriana pelo e-mail adrianaalvesdovalle@gmail.com.

sábado, 25 de julho de 2015

Quem daria o golpe? Quando e como?


A oposição dos tempos atuais não sabe fazer oposição, até por ausência de competência e por nojo à democracia. Quer o poder e sabe-o inatingível por caminhos legais. Essa oposição golpista contou sempre com o apoio da imprensa, a escrita, a falada e a imaginada. O ruído provocado por ela atinge mais de 100 decibéis, que são completados com os famosos bater-as-panelas, nas coberturas dos apartamentos de abrigam o luxo das elites. Do que se sente falta? Da voz de autoridade que brade: moleques, ponham-se no lugar que lhes cabe, não golpe porque nós não queremos.

A História que se repete: Vargas eleito, Carlos Lacerda pregou o golpe. Dilma Rousseff reeleita, Aécio Cunha, FHC e seguidores pedem um terceiro turno, pregam um “golpe democrático”, ridículo em si, mas que não dispensa aponta-lo enquanto tal. O PSDB, sob a inspiração da ausência de escrúpulos de Jose Serra, não tem pejo em vestir-se de União Democrática Nacional-UDN, a que, por ser golpista, tornou-se a “vivandeira” dos quartéis. E por ai até que concordamos todos: não há mais disponibilidade de tanques de guerra, nem mesmo de fantasias de vacas fardadas, como as que se ostentaram em 1964.


Mas o que o PSDB/UDN não apreendeu ainda: essa elite anacrônica não representa mais o capital internacional, os banqueiros e os empresários, e nem a autoridade imperial dos Estados Unidos. Ela é exatamente o anacronismo que a Constituição de 1988 permitiu sobreviver. Alienados, os golpistas enxergam uma Presidente enfraquecida, a ser defenestrada por um simples sopro intestinal. Será assim?

Em diferentes momentos, o STF mostrou-se parcial e disposto a golpear a fundo o PT e os que o representam. Houve a sinfonia macabra, regida por um condutor catatônico. Ele não está mais e os seus sucessores, figuras infelizmente desconfiáveis, não possuem o mesmo grau de atrevimento. O ministro Mello não mostra insolência e reconhece a legitimidade do mandato outorgado pelo povo a Dilma Rousseff. Por certo, há um Gilmar Mendes, a cada dia mais andorinha só, a que não faz verão.

E a ameaça de reprovação de contas de campanha? Lembre-se o 10 de dezembro de 2014: A prestação de contas da campanha da candidata reeleita pelo PT à Presidência, Dilma Rousseff, foi aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Após julgamento que se estendeu por quase quatro horas na noite desta quarta-feira (10), por unanimidade, os ministros da Corte consideraram não ter havido falhas suficientes na documentação apresentada para reprovar as contas.

Bem, e o julgamento das “pedaladas” pelo TCU? Haja paciência. O TCU é uma repartição pública, prestigiada apenas pela imprensa. Hoje tem a presidência de Aroldo Cedraz, político pequeno, menino de recados de Antônio Carlos Magalhães. Não há mais o que comentar sobre isso, depois da fala de um senador da República, membro do PSDB. Tasso Jereissati, sobre tal figura, depois de ter ela cometido a ousadia de não atender a uma convocação da Casa:

“Aroldo Cedraz não está apto a ser presidente do TCU”. Ainda de acordo com o parlamentar, o ofício é uma afronta ao Congresso Nacional porque não gostaria de comparecer à casa antes da votação do Tribunal. “O presidente comete um grave erro. Ele não tem que gostar ou não gostar, o TCU é uma casa auxiliar do Congresso”, ressaltou. Jereissati afirmou ainda que o ofício foi ignorante. Pode-se imaginar, depois disso, que o Senado volte a considerar algo que tenha origem desse “órgão auxiliar.”? Só mesmo as analistas políticas, selecionadas pelo O Estado de São Paulo, ainda darão ouvidos ao auxiliar infante.

Sejamos pacientes, ouvindo os golpistas e seus porta-vozes da imprensa. Não compete à Justiça decidir sobre impedimento de um presidente, mas ao Congresso. Os jornalistas facciosamente apressados não contam a estória que precisa ser contada, para que o povo a entenda: é necessário que 2/3 dos deputados acusem em votação nominal a presidência, para que essa denúncia possa ser levada ao Senado, onde será necessária a maioria absoluta de 2/3 dos membros do Senado para que seja cassado o mandato presidencial. Esses são números inatingíveis. E sejamos muito claros no que todos sabem: derrotados fatalmente, os eleitores do impedimento poderão solicitar “auxílio desemprego”.

Já desprovidos de munição de poder de fogo maior, os golpistas passaram a usar um marionete, querendo fazê-lo tenor em teatro de ópera. Está moribundo e irá à falência, incapaz de um mínimo de dignidade. Senadores, membros do PSDB, dizem de voz bem dita que o impedimento de Dilma Rousseff não tem fundamento algum em nenhum lugar. Eduardo Cunha morre agora, sem choros e nem velas. Suicidou-se como decisão pessoal. O PMDB prescinde dele.


Sabidamente, não há qualquer possibilidade de destituição da PresidentA com o uso de instrumentos legais. Seria necessário um ato de violência. Quem poderia praticá-lo? E a que preço? O Senado Romano apunhalou Júlio Cesar. E que aconteceu com os senadores romanos?

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Eduardo Cunha e os arrozais de Pendotiba


A possibilidade de o deputado Eduardo cunha ser preso preventivamente por envolvimento na corrupção apurada pela operação Lava jato onde aquele foi citado por um dos delatores do caso como sendo o beneficiário de uma “doação” de 5,5 milhões, é a mesma que a de se colher trigo num arrozal. Isso posto, vamos  ler abaixo o que diz o mestre em direito, Dr. Bruno Espiñeira Lemos. 

Por Bruno Espiñeira Lemos*

Reza a lenda que Nilo Peçanha após governar o Brasil assumiu o governo fluminense em tempos de aguda crise e buscou um empréstimo externo, dando como garantia a produção agrícola do Rio. Para conseguir seu desiderato diante da arruinada situação, a ele atribui-se um expediente para enganar os banqueiros ingleses. Em uma viagem de trem, Nilo Peçanha teria mostrado aos futuros credores o capinzal bravio de Pendotiba, dizendo: “Veem os senhores? Só a produção destes arrozais daria para garantir o empréstimo…”

Pois bem. Lembrei-me dos arrozais de Pendotiba quando um aluno querido me enviou uma mensagem de WhatsApp indagando sobre a possibilidade de prisão preventiva do deputado Eduardo Cunha.

Antes de passar ao cerne da resposta comecei afirmando que em minha modesta opinião estamos diante de um emaranhado confuso de competências, no qual, possivelmente, teríamos uma usurpação de competência do STF por parte do juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba. Afinal, trata-se de parlamentar com prerrogativa de foro e ao que se tem conhecimento ainda há juízes em Brasília…

Por fim, ultrapassada essa questão crucial prévia, ressalte-se, respeitadas as competências (STF) e atribuições (requerimento do PGR), diante do referido parlamentar, na mais extrema das hipóteses, se poderia como medida acautelatória diversa da prisão afastá-lo da função de Presidente da Câmara dos Deputados (art. 319VICPP) e isso, não sem controvérsia sobre a possibilidade de incidência da referida previsão processual ao caso concreto de agentes políticos investidos por escolha popular.

No mais, referida medida cautelar jamais poderia ser convertida em prisão preventiva na medida em que os deputados federais a partir da sua diplomação, diante do que dispõe o art. 53 da nossa Constituição republicana, somente podem ser presos provisoriamente em caso de flagrante delito de crime inafiançável.

*Bruno Espiñeira Lemos -  Mestre em Direito Publico (UFBA). Procurador do Estado da Bahia e advogado.


Lava Jato: MPF denuncia 22 por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa


Entre os denunciados estão diretores das empresas Odebrecht e Andrade Gutierrez

Com informações do site do Ministério Público Federal - 24/07/2015

A Força-Tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal denunciou, nesta sexta-feira, 24 de julho, 22 pessoas (veja lista abaixo) ligadas às empresas Andrade Gutierrez e Odebrecht pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.

Entre os denunciados estão diretores das empresas Andrade Gutierrez e Odebrech.

Denunciados (Odebrecht):
Alberto Youssef
Alexandrino de Salles Ramos de Alencar
Bernardo Schiller Freiburghaus
Celso Araripe d'Oliveira
Cesar Ramos Rocha
Eduardo de Oliveira Freitas Filho
Marcelo Bahia Odebrecht
Marcio Faria da Silva
Paulo Roberto Costa
Paulo Sérgio Boghossian
Pedro José Barusco Filho
Renato de Souza Duque
Rogério Santos de Araújo
Denunciados (Andrade Gutierrez)
Alberto Youssef
Alexandrino de Salles Ramos de Alencar
Antônio Pedro Campello de Souza Dias
Armando Furlan Júnior
Elton Negrão de Azevedo Júnior
Fernando Antônio Falcão Soares
Flávio Gomes Machado Filho
Lucélio Roberto von Lehsten Góes
Mario Frederico Mendonça Goes
Otávio Marques de Azevedo
Paulo Roberto Costa
Paulo Roberto Dalmazzo
Pedro José Barusco Filho
Renato de Souza Duque

Crimes: organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Confira a íntegra das denúncias:
Odebrecht

Veja aqui a apresentação usada na coletiva à imprensa.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Pablo Villaça: O “apesar da crise” e o jornalismo brasileiro

Por Pablo Villaça, no Facebook

Eu fico realmente impressionado ao perceber como os colunistas políticos da grande mídia sentem prazer em pintar o país em cores sombrias: tudo está sempre “terrível”, “desesperador”, “desalentador”. Nunca estivemos “tão mal” ou numa crise “tão grande”.

Em primeiro lugar, é preciso perguntar: estes colunistas não viveram os anos 90?! Mas, mesmo que não tenham vivido e realmente acreditem que “crise” é o que o Brasil enfrenta hoje, outra indagação se faz necessária: não lêem as informações que seus próprios jornais publicam, mesmo que escondidas em pequenas notas no meio dos cadernos?

Vejamos: a safra agrícola é recordista, o setor automobilístico tem imensas filas de espera por produtos, os supermercados seguem aumentando lucros, a estimativa de ganhos da Ambev para 2015 é 14,5% maior do que o de 2014, os aeroportos estão lotados e as cidades turísticas têm atraído número colossal de visitantes. Passem diante dos melhores bares e restaurantes de sua cidade no fim de semana e perceberá que seguem lotados.

Aliás, isto é sintomático: quando um país se encontra realmente em crise econômica, as primeiras indústrias que sofrem são as de entretenimento. Sempre. Famílias com o bolso vazio não gastam com supérfluos – e o entretenimento não consegue competir com a necessidade de economizar para gastos em supermercado, escola, saúde, água, luz, etc.

Portanto, é revelador notar, por exemplo, como os cinemas brasileiros estão tendo seu melhor ano desde 2011. Público recorde. “Apesar da crise”. A venda de livros aumentou 7% no primeiro semestre. “Apesar da crise”.

Uma “crise” que, no entanto, não dissuadiu a China de anunciar investimentos de mais de 60 bilhões no mercado brasileiro – porque, claro, os chineses são conhecidos por investir em maus negócios, certo? Foi isto que os tornou uma potência econômica, afinal de contas. Não?

Se banissem a expressão “apesar da crise” do jornalismo brasileiro, a mídia não teria mais o que publicar. Faça uma rápida pesquisa no Google pela expressão “apesar da crise”: quase 400 mil resultados.

“Apesar da crise, cenário de investimentos no Brasil é promissor para 2015.”;
“Cinemas do país têm maior crescimento em 4 anos apesar da crise”;
“Apesar da crise, organização da Flip soube driblar os contratempos: mesas estiveram sempre lotadas”;
“Apesar da crise, produção de batatas atrai investimentos em Minas”;
“Apesar da crise, vendas da Toyota crescem 3% no primeiro semestre”;
“Apesar da crise, Riachuelo vai inaugurar mais 40 lojas em 2015″;
“Apesar da crise, fabricantes de máquinas agrícolas estão otimistas para 2015″;
“Apesar da crise, Rock in Rio conseguiu licenciar 643 produtos – o recorde histórico do festival.”;
“Honda tem fila de espera por carros e paga hora extra para produzir mais apesar da crise,”;
“16º Exposerra: Apesar da crise, hotéis estão lotados;”;
“Apesar da crise, brasileiros pretendem fazer mais viagens internacionais”;
“Apesar da crise, Piauí registra crescimento na abertura de empresas”.

Apesar da crise. Apesar da crise. Apesar da crise.

A crise que nós vivemos no país é a de falta de caráter do jornalismo brasileiro.
Uma coisa é dizer que o país está em situação maravilhosa, pois não está; outra é inventar um caos que não corresponde à realidade. A verdade, como de hábito, reside no meio do caminho: o país enfrenta problemas sérios, mas está longe de viver “em crise”. E certamente teria mais facilidade para evitá-la caso a mídia em peso não insistisse em semear o pânico na mente da população — o que, aí, sim, tem potencial de provocar uma crise real.

Que é, afinal, o que eles querem. Porque nos momentos de verdadeira crise econômica, os mais abastados permanecem confortáveis — no máximo cortam uma viagem extra à Europa. Já da classe média para baixo, as consequências são devastadoras, criando um quadro no qual, em desespero, a população poderá tender a acreditar que a solução será devolver ao poder aqueles mesmos que encabeçaram a verdadeira crise dos anos 90. Uma “crise” neoliberal que sufocou os miseráveis, mas enriqueceu ainda mais os poderosos.

E quando nos damos conta disso, percebemos por que os colunistas políticos insistem tanto em pintar um retrato tão sombrio do país. Porque estão escrevendo as palavras desejadas pelas corporações que os empregam.
Como eu disse, a crise é de caráter. E, infelizmente, este não é vendido nas prateleiras dos supermercados.

O que é Frustração?

Por Marisa de Abreu Alves*

Este sentimento costuma surgir quando algo desejado ou esperado não ocorre. Frustração pode estar relacionada com a sensação de incapacidade quando este acontecimento dependia da própria pessoa.

Exemplo: Estudar muito e não ser aprovado. Casar pensando que teria um tipo de vida e depois perceber que não é nada disso. Entrar para uma instituição e não receber o apoio prometido. Cultivar uma amizade e levar um cano do amigo. Se dedicar ao trabalho e ver outra pessoa recebendo aumento.  Tudo isso são situações que podem frustrar. Dá para evitar este tipo de situação? Ás vezes não.  Nem tudo depende de nós. Por exemplo: Não depende só de você a forma como seus amigos, marido, patrão vão se comportar. Mas podemos nos dedicar a aprender a lidar com a frustração quando for inevitável.

Uma história frustrante

Um exemplo de situação que pode ser frustrante: Mulher casada há 15 anos, marido machista não permite que trabalhe ou estude. Segundo o marido ela tem que cuidar da casa, pois jamais seria capaz de enfrentar o dia a dia de uma empresa.   Cada vez que esta esposa pensa em sair de casa para trabalhar o marido diz que a família precisa dela. Ela até tentou voltar para faculdade, tentou fazer um curso de inglês, começou um curso de informática, mas não concluiu nenhum porque o marido ameaçava de separação.  Esta mulher se sente frustrada, cansada, sem libido, irritada. Não tem vontade de sair nem de conversar. Queixa-se de angustia e falta de vontade de cuidar da casa. Foi ao médico e recebeu o diagnóstico de gastrite e labirintite.

Frustração pode gerar raiva, agressividade, revolta, decepção, depressão, falta de motivação e autoestima rebaixada. Frustração pode provocar stress.

Frustração pelo impedimento do alcance de uma meta

Pode ser causada por vários tipos de obstáculos: Obstáculos físicos, condições ambientais desfavoráveis. Ex. Você quer viajar, mas a estrada está bloqueada.  Obstáculos sociais, normas, regras, leis. Por exemplo, o garoto de 17 anos que quer ter carteira de motorista, mas a lei impede.  Obstáculo emocional. Por exemplo, a frustração do fóbico social em desejar contato humano, mas não se sentir capaz, crenças de incompetência, vulnerabilidade e sensação de fracasso iminente. Obstáculos devido doenças físicas. Por exemplo, o diabético que tem que mudar seus hábitos alimentares,  aplicar insulina e não pode mais fazer certas atividades.

Frustração pelo não recebimento de uma gratificação esperada

A pessoa que lutou para atingir um objetivo e acredita que seria lógico ter êxito poderá sentir muita frustração se por algum motivo não conseguir atingi-lo. Por exemplo, a promoção que não veio apesar de toda dedicação.

Frustração por necessidade não satisfeita

Exemplo: Frustração  pela demora do salário, mesmo que pago em dia temos que esperar 30 dias para recebê-lo.

Frustração por conflito

Por exemplo, ao tomar decisões temos que escolher uma opção e isto sempre significa abrir mão dos benefícios da outra opção.

Consequências da frustração

Conforme a forma de reagir à frustração pode trazer danos ou benefícios. Respostas comuns: Fuga, evitação, compensação e agressão.  Podemos usar a situação para aprender com ela, e assim crescer.

Comportamento de fuga

Alguns, ao se frustrarem, se afastam, não querem mais contato com a situação. Ex: Um marido que resolveu separar, depois de anos de casado, porque a esposa disse no meio de uma briga que ele não era o marido que ela sonhava, mas isto foi dito no calor do momento e não refletia o real sentimento dela. Como ele se considerava dedicado à família, e esperava reconhecimento, ficou tão frustrado que pediu a separação. Foi uma decisão de fuga, e apesar de ter se livrado do que ele considerou injusto, perdeu todas as partes boas do casamento.

Comportamento de evitação

Após a pessoa ser  frustrada pode passar a evitar situações parecidas ou as pessoas e lugares envolvidos com a frustração por medo de frustrar-se novamente . Por exemplo, uma pessoa que não recebeu aumento esperado, começa a faltar ao trabalho, chegar atrasado, não se esforça mais, não interage mais, ou seja, se esquiva de entrar em contato com as coisas que agora ficaram aversivas.

Comportamento compensatório

Para lidar com a  frustração  a pessoa pode compensar com outras satisfações. Ex, comer em excesso, drogas, álcool, etc. Em outro exemplo pessoa sente-se frustrada porque seu relacionamento acabou e como compensação passa a trabalhar compulsivamente.

Comportamento de desamparo

Uma vez tendo se  frustrado  em uma atividade a pessoa para de tentar sucesso em outras áreas da vida. Muitas vezes nem há obstáculos, mas a visão distorcida da pessoa vê tudo como imensamente difícil. E assim não se dá oportunidade para perceber que poderia vencer. Ex, a pessoa que quer entrar em medicina, mas como não se acredita capaz, nem tenta e passa a vida insatisfeita com a profissão que escolheu.

Consequências da frustração

E este é o principal motivo por estarmos falando de  frustração , ela pode trazer consequências negativas.  É possível que a frustração leve a agressão. A pessoa agredirá outras pessoas ou a si mesma, auto agressão. No noticiário vemos pessoas que frustradas com o fim de um relacionamento agredindo e até matando o parceiro.  A agressão costuma ocorrer se pessoa não perceber  justificativa, pois quando a frustração é justificável o que ela pode sentir é apenas irritação, e não agressão. Ex: o caso da pessoa com casamento marcado e a empresa o transfere para outra cidade, tendo que desmarcar o casamento. Sendo justificável, a noiva ficaria muito irritada, mas  não agrediria. Mas uma noiva que foi traída não vê justificativa, então pode aumentar a probabilidade de tornar-se agressiva.

*O material deste site é informativo, não substitui a terapia ou psicoterapia  oferecida por um psicólogo

*Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook