Por Diogo
Costa,
“Uma coisa é
dizer aos ricos que eles devem cuidar dos pobres”, escreveu
John Stuart Mill, "outra coisa é dizer aos pobres que os ricos devem
cuidar deles". O senso de responsabilidade dos ricos para com os pobres
não pode substituir o senso de responsabilidade que os pobres devem ter para
com eles próprios.
Não se deve
confundir responsabilidade com culpa. Montesquieu
dizia que um povo "empobrecido pela dureza do governo" se
tornava "incapaz de grandes atos porque sua pobreza fazia parte da sua
escravidão". O pobre não pode responder pela sua própria vida e a de sua
família sem antes ter a propriedade sobre a caneta e a folha de respostas.
A legislação
brasileira não dá ao pobre a propriedade sobre sua própria casa, a burocracia o impossibilita
de se tornar seu próprio patrão, a legislação trabalhista joga sua força de
trabalho para o escanteio da informalidade e o sistema tributário faz com que
ele tenha que pagar preços escandinavos em produtos de qualidade subsaariana.
"Entre as
coisas a serem feitas", também dizia Mill, "a mais óbvia é remover
todas as restrições e todos os obstáculos artificiais que os sistemas legal e
fiscal lançam sobre as tentativas das classes trabalhadoras de melhorar sua
própria condição".