terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Romeu Tuma Júnior foi Investigador de polícia com apenas 16 anos?


Publicado Originalmente no site Brasil 247

Blog Dag Vulpi - Romeu Tuma Jr. afirma no livro promovido pela revista Veja que acompanhou pessoalmente depoimentos do ex-presidente Lula em colaboração com o regime militar; isso é falso; quando Lula foi preso, em 19 de abril de 1980, Tuminha tinha apenas 16 anos e seis meses de idade, o que impede qualquer pessoa de ter cargo público, quanto mais o de "investigador subordinado"; antes, quando Lula se tornou sindicalista, em 1972, o policial que perdeu o cargo de Secretario Nacional de Justiça por comprovadas ligações com o contrabandista Li Kwok Kwen, contava nove anos de idade; seus amiguinhos brincavam de polícia e bandido e ele já saia em diligências políticas com o pai, o delegado Romeu Tuma, é isso? Acredita quem quiser, mas a verdade é que a vendeta de Tuminha contra Lula não se sustenta; mais uma vez, o pequeno Tuma mentiu.

No dia 19 de abril de 1980, quando, às seis da manhã, o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva foi preso em sua casa, em São Bernardo, e levado para o Dops, em São Paulo, onde passaria os 31 dias seguintes, o autor do chamado 'livro-bomba', pela revista Veja, contava com 16 anos e seis meses de idade. Romeu Tuma Jr., filho do então delegado Romeu Tuma, só completaria 17 anos em 4 de outubro daquele ano. Para a maioridade ainda faltavam para ele, na ocasião da prisão de Lula, um ano e sete meses. Todos sabem que só se pode entrar para o serviço público, em qualquer categoria, com um mínimo de 18 anos de idade.

A pergunta que o tal 'livro-bomba' propagandeado por Veja não responde é: como conseguiu ainda imberbe aos 16 anos e seis meses idade, o jovem Romeu Tuma Jr. saber por ele próprio, como afirma no livro e em entrevista, que Lula fora um colaborador da ditadura?

Tuminha, como o policial é conhecido – também alcunhado pela própria Veja, anos atrás, como "muambeiro" e "meliante" – seria um "gato", como é conhecido o jogador de futebol que mente a idade para atuar em categorias de base, mas às avessas? Ou seja, em lugar de mentir para menos a sua própria idade, teria mentido para mais a fim de se tornar, como disse "investigador subordinado" do Dops chefiado por seu pai e sair por aí armado e com título de autoridade policial? Isso o livro não esclarece.

À altura de sua prisão, Lula era visto como o adversário número 1 da ditadura militar. Não havia o menor diálogo entre as duas partes. Afinal, desde 1977, quando os metalúrgicos da Scania, em São Bernardo, pararam suas máquinas e cruzaram os braços dentro do próprio chão da fábrica, Lula era a imagem da radicalização.

Pode-se imaginar, com grandes doses de criatividade, que Lula, ao entrar para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, em 1972, tivesse alguma interface com agentes do regime militar. O então presidente da entidade, Paulo Vidal, era considerado um pelego – e bem poderia confirmar ou desmentir informações procuradas pelos integrantes do regime. Mas Lula? Ele que decidiu entrar para o sindicalismo e a política depois de saber que seu irmão mais próximo, Frei Chico, fora torturado quase até a morte pelos agentes da repressão? 

Em 1972, Tuminha, o autor do, repita-se, do 'livro-bomba', tinha então 9 anos de idade. Quando seus amiguinhos deveriam estar brincando de polícia e bandido, pelo jeito ele já carregava um distintivo de verdade no peito para sair ao lado do pai, o Tumão, em diligências atrás de comunistas e que tais. Isso é plausível?

Tumão, como se sabe, morreu em 2010. Ele não pode, assim, contar a sua versão, a não ser que Tuminha consiga algum meio de colher seu depoimento, como dizem os policiais. 

Acreditar nessa possibilidade, assim como crer que Tuminha, já aos 16 anos frequentava os salões da repressão do Dops, é dar crédito demasiado a um personagem que, no papel de chefe da área federal contra o contrabando, foi flagrado negociando um salvo-conduto para um dos maiores contrabandistas do País, Li Kwok Kwen, o chinês que controla o contrabando de produtos piratas em São Paulo.

Antes do conluio com o chefe do contrabando, também pego no pulo, Tuminha fez da Secretaria Nacional de Justiça uma central de favores para amigos e parentes, tentando pilotar, inclusive, uma vaga na burocracia para a namorada de um amigo.

Menos do que ter conteúdo de verdade, o livro que Tuminha publica é, fora de dúvida, uma pronta e acabada vendeta contra o mesmo Lula que lhe deu um cargo de prestígio na máquina federal e teve de removê-lo de lá por péssimo comportamento.

E vinganças, como se sabe, não precisam da verdade para se concretizar. Uma mentira republicada em Veja pode ser dada como verdade - e o serviço está feito. É o que está em curso com o tal "livro-bomba". Um traque.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

30 anos de democracia na Argentina: após a alegria, a privataria

(Alfonsín discursa em sua posse. Foto: Victor Hugo Bugge/Presidência argentina)
Por Redação do site Carta Capital
Blog Dag Vulpi - Há 30 anos, em 1983, os ventos da democracia voltavam a soprar para nossoshermanos argentinos, após sete anos de sangrenta ditadura militar. No dia 10 de dezembro daquele ano, Raúl Alfonsín (1927-2009) tomava posse como presidente eleito. Infelizmente, o sofrimento dos vizinhos não terminaria com a saída dos generais do poder. O governo de Alfonsín fracassou em seu plano econômico, o Austral, que deteriorou em hiperinflação e caos social, e o presidente acabaria renunciando ao cargo cinco meses antes de terminar o mandato, passando a faixa ao sucessor eleito, Carlos Menem. Foi como pular do fogo para a frigideira.

Alfonsín e seu sucessor, Menem. Foto: Victor Hugo Bugge/Presidência argentina)
O governo neoliberal de Menem (1989-1999) dilapidou todo o patrimônio público da Argentina. Imagine as privatizações que fizeram no Brasil elevadas à máxima potência e você tem um quadro parecido –aqui, nos anos 1990, o governo do PSDB queria privatizar até a Petrobras, mas, graças à oposição liderada pelo PT, não conseguiu. A roubalheira das privatizações na Argentina foi imensa, e, também como no Brasil, o desemprego chegou à estratosfera. Sob a presidência de Menem, taxa foi aos 19% e terminou em quase 15%, igualzinha à brasileira ao final do segundo mandato de FHC. Com a venda da petroleira YPF, a maior empresa do país, e de todas as de serviços públicos, 317 mil trabalhadores passaram do setor estatal ao privado, mas apenas um quinto delas permaneceria no emprego.

Mortalidade infantil, desnutrição, abandono social total: este é o resultado do neoliberalismo na Argentina durante o governo Menem e de seus sucessores Fernando de la Rúa e Eduardo Duhalde. O país só sairia do buraco em que a direita o meteu com a posse de Néstor Kirchner (1950-2010), em 2003. Durante seu governo, Kirchner impulsionou a intervenção do Estado na economia, em contraposição à ditadura da iniciativa privada que havia se estabelecido no país desde o menemismo. Recuperou salários e aposentadorias, congelados por 10 anos. Reativou a indústria nacional e levou adiante o processo de desendividamento da Argentina, continuado por sua mulher, Cristina, ao chegar ao poder em 2007.

Durante os governos de Cristina, o salário mínimo mais que triplicou e o desemprego baixou para os atuais 6,8%. Além disso, a presidenta argentina reestatizou a empresa de petróleo do país, a YPF, e até as transmissões de partidas de futebol, que hoje são veiculadas pela TV pública, despertando a ira dos donos da mídia, principalmente o grupo Clarín. Não é à toa que no Brasil só se fala de Cristina para criticar a Ley de Medios que ela conseguiu aprovar, desconcentrando os meios de comunicação –como se isso fosse “perseguição” e não algo a ser celebrado e copiado.


 Se você quer saber como a direita gostaria de governar a América Latina, veja o que aconteceu na Argentina. Aos olhos deles, esse é o modelo ideal de país: tudo nas mãos da iniciativa privada, sem nenhuma intervenção do Estado; o paraíso do capitalismo selvagem. Em 2003, o cineasta Fernando “Pino” Solanas fez o documentário Memórias do Saque, premiado com o Urso de Ouro no festival de Berlim, onde mostra a triste história das privatizações que levaram a Argentina à bancarrota. Assistam, vale a pena.



Chocado com a violência nos estádios? Em que país você acha que vive?


Blog Dag Vulpi - Morreram assassinadas no Brasil 50.108 pessoas em 2012, mais de 137 por dia. Crimes contra o patrimônio foram 566.793 (mais de 1,5 mil diariamente). São esses alguns dos números mostrados pelo sétimo Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os dados são enviados pelas próprias delegacias das 27 unidades da federação. E há muitos estados que descumprem as metas de apuração do anuário, portanto, os números são certamente mais elevados do que os oficiais.

Com os dados, uma conta fica fácil de fazer. Durante os noventa minutos de uma partida de futebol, enquanto seu time está lá tentando ganhar e você fica torcendo, morrem assassinadas no Brasil entre oito e nove pessoas. É esse o cenário real do país, que também tem cerca de 50 mil mortes no trânsito por ano e registrou mais de 50 mil estupros consumados em 2012.

Juscelino Kubitschek foi assassinado, conclui a Comissão da Verdade de SP

O órgão municipal apresentará documento com indícios de que ex-presidente foi alvo de uma conspiração, e não morto em acidente de carro
por Redação 
Blog Dag Vulpi - A Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, da cidade de São Paulo, vai divulgar na terça-feira 10 um documento com evidências de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi assassinado durante viagem de carro na rodovia Presidente Dutra, e não morto em um acidente, como registra a história oficial.

O relatório reúne 90 indícios, "evidências, provas, testemunhos, circunstâncias, contradições, controvérsias e questionamentos" que concluem que o ex-presidente foi alvo de um complô em 22 de agosto de 1976. Segundo a versão oficial, JK, que tentava articular a volta da democracia ao País, morreu em um acidente com um Opala na estrada.
"Não temos dúvida de que Juscelino Kubitschek foi vítima de conspiração, complô e atentado político", afirma o vereador Gilberto Natalini, presidente da Comissão Municipal da Verdade.
As circunstâncias da morte do presidente são investigadas pelo órgão municipal, que busca ajudar a Comissão Nacional da Verdade para esclarecer o caso. Em agosto, Serafim Melo Jardim, secretário particular do ex-presidente nos seus últimos nove anos de vida, afirmou à comissão ter certeza de que JK vinha sendo vigiado. "Eu acompanhei o presidente desde que voltou do exílio. Sempre que viajávamos ele dizia: 'Estão querendo me matar'."
Outro ponto levantado pela comissão na época foi a falta de radiografia no corpo do motorista Geraldo Ribeiro, apesar do fragmento metálico de sete milímetros em seu crânio, que seria um grave indício de arma de fogo. As fotos dos corpos teriam sido retiradas do processo a mando de Francisco Gil Castello Branco, ex-diretor do Departamento Técnico-Científico da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro à época.
O esforço de JK para o retorno democrático no Brasil nos anos 1970 era motivo de preocupação para os agentes da Operação Condor, aliança político-militar entre as ditaduras do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Em uma carta enviada no dia 28 de agosto de 1975 para o presidente João Baptista Figueiredo, o chefe do serviço de inteligência de Augusto Pinochet, coronel Manuel Contreras Sepulveda, se diz preocupado com a possível vitória de Jimmy Carter nos EUA e o apoio a políticos de oposição à ditadura na região, como o chileno Orlando Letelier e o próprio JK.
Segundo ele, os líderes "poderiam influenciar seriamente a estabilidade do Cone Sul". No ano seguinte ao envio da correspondência, JK morria em agosto, e Letelier, em setembro.
Da Carta Capital

Aldo Rebelo defende prisões de torcedores para coibir violência nos estádios

Blog Dag Vulpi – O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu hoje (9) a aplicação do Estatuto do Torcedor, prisões de torcedores violentos e punições mais severas para coibir episódios de violência nos estádios do país, como o ocorrido ontem (8) durante a partida entre o Vasco da Gama e o Atlético Paranaense, em Joinville (SC).
“O Estatuto do Torcedor já prevê todas as penas para a prática de violência nos estádios. O que se precisa é de sua aplicação como, por exemplo, a prisão de torcedores que praticam a violência. Ontem, tivemos a prisão de três torcedores quando, pelas cenas [mostradas pela TV], podemos concluir rapidamente que dezenas deveriam ter sido presos”, disse o ministro, após visitar a Arena Corinthians.
“É preciso que haja o indiciamento dessas pessoas, que haja o processo judicial e a condenação para que a impunidade não estimule a repetição desses acontecimentos que vimos ontem”, ressaltou o ministro. Na tarde de ontem, os times se enfrentaram na última rodada do Campeonato Brasileiro, as torcidas entraram em confronto na arquibancada, deixando torcedores feridos – quatro tiveram de ser levados ao hospital.

Justiça gaúcha proíbe venda de andadores por crianças

Blog Dag Vulpi – A Justiça do Rio Grande do Sul proibiu a venda de andadores para crianças em todo o Brasil. Desde o começo deste ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) faz campanha contra o uso de andadores por crianças que estão aprendendo a andar. A SBP diz que há pelo menos um caso de traumatismo para cada duas a três crianças que usam o andador e que, em um terço dessas ocorrências, surgem lesões graves.
A decisão abrange nove marcas, citadas como rés no processo, ajuizado em Passo Fundo (RS) pela Associação Carazinhense de Defesa do Cidadão. A juíza Lizandra Cericato Villarroel, que concedeu a liminar, fixou multa de R$ 5 mil por dia de descumprimento da medida. Ela também determinou que, caso as fabricantes não apresentem certificação de qualidade de seus produtos feita pelo Inmetro, a proibição de venda ficará valendo até a decisão final da ação.

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Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

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