Blog Dag Vulpi
- Morreram assassinadas no Brasil 50.108 pessoas em 2012, mais de 137 por dia.
Crimes contra o patrimônio foram 566.793 (mais de 1,5 mil diariamente). São
esses alguns dos números mostrados pelo sétimo Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os dados são enviados pelas próprias delegacias das 27 unidades da federação. E
há muitos estados que descumprem as metas de apuração do anuário, portanto, os
números são certamente mais elevados do que os oficiais.
Com os dados,
uma conta fica fácil de fazer. Durante os noventa minutos de uma partida de
futebol, enquanto seu time está lá tentando ganhar e você fica torcendo, morrem
assassinadas no Brasil entre oito e nove pessoas. É esse o cenário real do
país, que também tem cerca de 50 mil mortes no trânsito por ano e registrou
mais de 50 mil estupros consumados em 2012.
O que se viu
nas arquibancadas entre torcedores de Atlético-PR e Vasco, neste domingo, é,
então, apenas o retrato de uma sociedade extremamente violenta. Não foi nenhuma
novidade. As cenas medievais dentro ou fora dos estádios são corriqueiras, como
são nas ruas, nas padarias, nas farmácias, nos bancos, nas lojas, nas casas. O
futebol não pode ser tratado como uma ilha da fantasia e nem a violência presente
nele têm que ser supervalorizada. Ela, a violência, está completamente inserida
no nosso dia a dia. Como ter o esporte mais popular do Brasil livre de tais
episódios se estamos num dos lugares mais inóspitos do planeta?
Frequenta a
arquibancada de um estádio todo tipo de gente, de criminosos a pessoas de bem.
A generalização de que todo torcedor organizado é bandido, por sinal, é um
equívoco comum a todas as generalizações. Assim como achar que todo torcedor
“comum” é santo. Não é. A tentativa de acabar com as organizadas, por
sinal, é risível e populista. Mais do que isso: é inócua. Não se resolve nada
porque as pessoas vão continuar se associando, tendo um novo nome ou não tendo
nome nenhum.
Muito mais
relevante seria exigir, de verdade, que todas as entidades de torcedores fossem
obrigadas a registrar seu integrantes. Não está registrado, não entra.
Identificados numa briga, que se puna como prevê o Código Penal. Se comprovado
auxílio do clube (ou não, pode ser uma punição objetiva, vale a discussão),
perda de pontos, porque ficar sem mando na sua sede ou jogar com estádio
fechado é outra barbaridade que não gera qualquer efeito produtivo.
A revolta com
as imagens deste domingo (são chocantes e nojentas e geram esse sentimento de
indignação mas, neste caso, brigou exatamente quem quis) precisa também ser
direcionada não apenas aos criminosos que partiram para o combate em Joinville,
mas também para a falta de competência do Governo Federal, do Ministério do
Esporte, do Congresso Nacional, do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos
Estados, da Polícia, dos dirigentes de clubes, da CBF e do STJD. Todos sabem
exatamente o que precisam fazer (nota de repúdio não serve para nada), mas o
que têm realizado é insuficiente para amenizar a história do cenário grotesco
que o futebol do país com mais de 50 mil mortes por ano escreve.
Em tempo: se
você não conhece a realidade da violência no Brasil, faça o download gratuito
do documento que cito no primeiro parágrafo, já com o link. Gaste algum
tempo com ele. É estarrecedor.
Como pode uma pessoa dizer que o nosso País é extremamente violento?
ResponderExcluirTodos países do Mundo têm violência, assassinos, facínoras, roubos, sequestros, ladrões e etc...
Não venha só falar do Brasil.. Faça uma pesquisa dos países e irá perceber que ainda vivemos mto bem.
Esses comentários esdruxulos da imprensão q só aqui que existe fome, miséria, corrupção entre outros.
Se não gosta do Brasil vaza pra Turquia !
Boa noite meu caro,
ExcluirAgradeço sua visita e participação, todos comentários são importantes e nos levam a novas reflexões.
O Fernando Graziani que é o autor dessa matéria expôs sua indignação diante dos lamentáveis fatos ocorridos no jogo entre Vasco e Atl. Paranaense no ultimo domingo. Somou-se a isso o Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que apresenta números de violência no Brasil que superam o número de vitimas mortais de países que estão em guerra.
O fato de ele não apresentar os números de violência de outros países não tem por objetivo potencializar os que ocorrem aqui no nosso pais, entendo não ser esse o objetivo, mas sim, evitar que a violência do mundo justifique a que está tomando conta do Brasil.
A violência é mundial, concordo com você, e não é a imagem de um Brasil violento que pretende-se vender para o mundo. Porém, não podemos concordar, ou ainda justificar a violência que aqui está ocorrendo como sendo um fenômeno mundial.
O texto tem por objetivo mostrar o amor que temos pelo Brasil, logo queremos o melhor para o nosso pais. Estou certo de que, caso fossemos Turcos estaríamos criticando a fome, a miséria,a corrupção e a violência de lá, deixando que as criticas para o Brasil fossem feitas pelos brasileiros.
Fraterno abraço e uma ótima semana
William - 10/12/2013 às 02:42
ResponderExcluir·
Muito bom esse post, concordo com tudo.
Infelizmente as pessoas agem como se o ocorrido fosse algo de outra realidade. Esse é o nosso dia a dia, e enquanto neglicenciarmos e fugirmos da responsabilidade de consertar esses erros, só tende a piorar.
Também acredito que os clubes devem iniciar o cadastramento de TODOS os indivíduos que entrarem no estádio. Hoje em dia a tecnologia facilita muito esse tipo de cadastramento, não há desculpas.
Petrus Alcantara Jr - 10/12/2013 às 02:44
ResponderExcluir·
Relevante seria exigir que os governos, federal e estaduais, fizessem cumprir as leis emanadas de seus legislativos, de forma resoluta e irrestrita… adotassem medidas efetivas, não paliativas, de combate à violência, com fiscalizações permanentes, treinamento eficaz de policiais e uso dos recursos públicos em segurança, não em propaganda de segurança falsa.
A realidade da violência no Brasil começa na inoperância do Estado para com suas obrigações com a população que sustenta onerosamente governos e parlamentos