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terça-feira, 26 de março de 2013

Veja a Barbie ucraniana antes das plásticas!

Ela era normalzinha como qualquer outra e até tirava fotos de periguete na frente do espelho


Valeria Lukyanova causou um frisson sem tamanho ao redor do mundo quando surgiram as primeiras fotos de seu corpo milimetricamente arquitetado para se parecer com o de uma boneca.

Com a cintura fininha e um rosto angelical, Lukyanova chamou atenção. Em um programa de rádio norte-americano de enorme audiência, um médico renomado chegou a dar seus pitacos sobre a barbie humana, dizendo que ela não deveria fazer plásticas tão cedo (ela diz ter 21 anos) e que, para conseguir a cintura que tem, Lukyanova provavelmente teve que retirar costelas.

Depois disso, teve gente dizendo que a mulher era uma fraude e ameaçando com processo.

Nada disso arranhou a imagem de Valeria Lukyanova.
Pelo contrário: ela desabafou, disse que é artista new-age, que canta, compõe, pinta, borda e cozinha pra fora.

Agora, no entanto, rolou com ela a mesma coisa que rolou com a barbie americana Dakota Rose: alguém desenterrou fotos da época em que ela era só uma garota e não tinha se submetido a um mundo de cirurgias cosméticas.

O caso das duas é diferente. Dakota Rose foi exposta como um trinfo da manipulação digital e seu passado voltou em forma de comentários preconceituosos contra minorias e algumas mentiras não muito inocentes que ela contou.

Lukyanova, no entanto, não teve o mesmo problema. As fotos em que ela aparece antes das plásticas só mostram que ela já era bonita e que, apesar de ter modificado radicalmente seu corpo, ela ainda não cruzou a fronteira da bizarrice. Ainda não.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A mulher que revelou os bastidores do Facebook


Em seu livro "The Boy Kings", Katherine Losse fala sobre machismo, projetos secretos e a rotina dentro da maior rede social do planeta

Katherine Losse ocupou por três anos um cargo chave dentro do Facebook, a maior rede social do planeta. Ela era gerente de internacionalização da companhia, além de ser a pessoa responsável por publicar todos os anúncios oficiais do CEO Mark Zuckerberg – o que lhe garantia acesso a informações confidenciais, como planos de expansão da empresa e desenvolvimento de ferramentas que nunca efetivadas.

Com o crachá de número 51, ela começou em 2005 na empresa, ainda como funcionária do setor de atendimento ao cliente, e em apenas um ano conquistou a confiança do jovem executivo, que elogiava sua competência profissional e seu conhecimento excepcional do inglês.

Depois de conhecer como poucos os bastidores da empresa que se transformou numa das gigantes da internet, Katherine decidiu contar a história – ou pelo menos parte dela – no livro The Boy Kings: A Journey into the Heart of the Social Network, ainda não traduzido para o português. Em entrevista exclusiva ao site de Veja, ela conta como foi trabalhar com o jovem mais famoso do setor de tecnologia, além de falar sobre alguns segredos da empresa, como o recurso que criava perfis de pessoas que não estavam cadastradas na rede.

Rotina de trabalho - Gente excêntrica e muitas festas? Sim. A imagem que as pessoas fazem do ambiente de trabalho nas empresas de tecnologia e internet corresponde a parte da realidade no caso do Facebook. No livro, Katherine conta que alguns dos engenheiros usavam rip sticks, skates de duas rodas, para se locomover entre os departamentos. E isso era algo que não espantava os demais funcionários. “Trabalhei com vários jovens com comportamento infantil, mas nós nos dávamos bem como colegas.

O importante era concentrar os esforços no crescimento do site e fazer as coisas funcionarem de forma eficiente”, diz. Fora da empresa, as festas eram comuns, e muito parecidas com as das universidades. A outra parte do trabalho era pura rotina, como em qualquer empresa. “Eu chegava às 10h e abria o expediente com e-mails sobre o site ou qualquer outro assunto que precisasse de atenção. Trabalhava até resolver todos os problemas, o que acontecia lá pelas 19h.”

O rei da rede - No livro, Katherine descreve Mark Zuckerberg como uma pessoa introspectiva e extremamente dedicada ao trabalho. “Ele é quieto, se concentra muito na construção do Facebook e na realização das suas ideias”, diz. Segundo a autora, Zuckerberg também é um pouco mais calmo do que a sua versão apresentada no filme A Rede Social. “Ele gosta de se socializar algumas vezes, aos finais de semana, mas há ocasiões onde é visível a sua preferência pelo trabalho.”

Para a autora, a recente queda no preço das ações da companhia, em julho, não está ligada à imagem de Zuckerberg – que foi amplamente criticada por analistas financeiros –, e sim às dificuldades da empresa em atender às altas expectativas do mercado.

Ambiente machista - No dia do aniversário de 22 anos de Zuckerberg, em 2006, a autora conta que todas as mulheres do escritório foram obrigadas a usar camisetas estampadas com a imagem de seu chefe. Os homens deveriam apenas usar sandálias da Adidas. “O código sexual ficou claro: mulheres deveriam mostrar sua dedicação ao Mark, enquanto que os homens deveriam se tornar o Mark”, diz o trecho do livro. A passagem reflete uma companhia composta principalmente por jovens engenheiros. As poucas mulheres estavam restritas à área de atendimento ao cliente.
“Não acho que ele realmente queria essa imagem de fraternidade universitária para a companhia, mas foi o que aconteceu – por algum tempo”, afirmou a autora na entrevista a Veja. “Os engenheiros ditavam o tom de forte influência masculina na empresa. Talvez isso esteja mudando hoje, com a chegada de mais mulheres em postos importantes dentro do Facebook.”

Privacidade - Katherine conta que, em 2006, os engenheiros da rede criaram um recurso experimental chamado “Dark Profiles”, capaz de criar perfis secretos para pessoas que não estivessem cadastradas no Facebook. O sistema coletava nomes e imagens em fotos com tags, criando um pequeno banco de dados. Caso a pessoa resolvesse entrar no site, ela já teria um perfil pré-montado. “Por trás dos panos, a maioria das companhias na área de tecnologia recolhem esses dados de qualquer um que utilize seus serviços”, afirma a autora.

Outro exemplo citado no livro sobre as ideias malucas que ja fizeram parte dos mentores do site é a existência de uma senha mestra, capaz de acessar qualquer perfil na rede, com direito à alteração e remoção de informações. Katherine diz que essa é uma ideia que ficou no passado, não faz mais parte do sistema. “Esse recurso foi abolido do site, e não existe mais.”

Vinda ao Brasil - Ainda acordo com o livro, em 2009, o CEO do Facebook quase desistiu de uma viagem ao Brasil para divulgar a empresa porque ficou em dúvida se a empreitada valeria o esforço. Zuckerberg tinha uma preocupação exagerada com segurança. Ele temia sobretudo ser alvo de um sequestro. Só concordou com a viagem ao cercar-se de uma poderosa equipe de guarda-costas formada por ex-militares – incluindo um soldado americano que serviu no Iraque e um segurança que atuou na guarda pessoal da cantora Britney Spears. Katherine entende que o investimento faz sentido para um executivo na posição de Zuckerberg. “Muitas pessoas nos Estados Unidos têm a percepção de que o Brasil é um lugar perigoso. Provavelmente essa foi a justificativa para a busca de tanta segurança”, disse.

A saída - A decisão de deixar seu cargo dentro Facebook foi difícil para Katherine. Ela escreve que, a partir de 2009, a rede social começou a se dedicar inteiramente à obtenção de dados dos usuários. A cultura de unir as pessoas se perdia dentro de tantas oportunidades financeiras, que dependiam da oferta de dados intimamente relacionados à privacidade dos usuários. Por fim, em 2010, ela decidiu abandonar Zuckerberg e sua equipe. “Eu queria explorar outras oportunidades, e por isso eu saí”, argumenta com diplomacia.
The Boy Kings: A Journey into the Heart of the Social Network

O livro conta detalhes de bastidores do Facebook, a maior rede social do planeta. A autora revela segredos da empresa e fala do machismo no ambiente de trabalho.
Autor: Katherine Losse
Editora: Free Press

sábado, 7 de julho de 2012

Deus perde a paciência e, finalmente, esclarece à humanidade o grande mistério da vida


Por Eberth Vêncio

“Já estou de saco cheio com vocês”, foram com estas palavras de desabafo que Deus, finalmente, apareceu para esclarecer à humanidade o grande mistério da vida. Sim. Deus existe, meus caros. E creio que todos tenham acompanhado a sua inédita aparição por meio das rádios, jornais e televisão. Com o adjutório dos principais líderes religiosos do planeta, Deus convocou a imprensa mundial para uma entrevista única, definitiva e jamais sonhada nem mesmo pela mais crente criatura humana.

Valendo-se de vozes no meio da noite e visões oníricas, Deus requisitou aos seus multiplicadores de fé que arrebanhassem os mais renomados repórteres, âncoras televisivos, apresentadores de programas de auditório, além de líderes políticos de todas as nações, para uma esclarecedora entrevista coletiva que ocorreu, não por acaso, no Corcovado, aos pés do Cristo Redentor.

Muitos países deixaram de enviar representantes legais, temendo que se trataria de mais uma espécie de pegadinha, uma piada de extremo mau gosto, senão um golpe de mestre engendrado por algum mentecapto ateu suicida interessado em implodir o monumental cartão postal carioca, num dos maiores atentados da história desde a destruição das torres gêmeas por Osama Bin Laden.

Deus deu aos Homens apenas 72 horas para que todas as providências fossem tomadas, do ponto de vista técnico-operacional, a fim de que o Brasil recebesse a volumosa legião de perguntadores. Em tempo recorde, centenas de pedestais com microfones foram instalados no Corcovado, a fim de servirem aos questionamentos dos convidados. Não houve tempo nem espaço para que os organizadores brasileiros subissem até o morro tantas cadeiras a fim de sentarem tantas pessoas. A multidão permaneceu em pé mesmo durante as sessenta e três horas de entrevista, tempo considerado ínfimo para espairecer tantas dúvidas que há séculos permaneciam entaladas na garganta da humanidade.

Deus não apareceu em carne e osso, como se esperava. Valendo-se do primeiro homem barbudo e maltrapilho que avistou pela frente mendigando nas redondezas do Cristo, num fenômeno de incorporação dos mais instigantes, ele falou através da boca do renegado que permaneceu em transe durante todo o tempo.

Num rápido preâmbulo, Deus explicou que a gota d’água que o levara a descer dos céus e acabar com tantas lamentações, especulações, acusações, lucubrações, palpites e até injustiças a respeito da sua existência ou não, foi o desmoronamento daquela escola na cidade de Brejinho das Vacas que matou dezenas de crianças pobres, levando milhares de pessoas ao redor do mundo a acenderem velas, chicotearem os próprios lombos e a dizerem “Deus quis assim... Deus quis assim...”.

Um titubeante monge tibetano: E Deus queria assim?

(Nota: o mais incrível é que cada qual falava em sua língua pátria e era compreendido pelos demais, um fenômeno incrível jamais verificado. Pela evidente falta de caracteres, das sessenta e tantas horas de entrevista, pincei as perguntas que considerei as mais relevantes e esclarecedoras, a fim de publicar neste ilibado veículo de comunicação...)

Deus: Se alguém pula de um prédio, Deus quis assim. Se um ônibus lotado erra a tangente da curva e capota, Deus quis assim. Se o pequeno nascituro padece mortalmente no canal do parto, vitimado pela estreiteza óssea da pélvis materna, Deus quis assim. Se um senil canceroso finalmente é consumido pelo tumor, Deus quis assim. Se um vulcão acorda e dizima com lava e rochas flamejantes uma pequena aldeia sonolenta, Deus quis assim. Se um centroavante erra um pênalti, Deus quis assim. Se alguém perde o emprego ou perde dinheiro ou perde as estribeiras, Deus quis assim. Ora, não se trata de querer ou deixar de querer. Estas coisas simplesmente acontecem.

O Papa visivelmente comovido: Por que tu escolheste o corpo deste pobre homem maltrapilho para, por meio dele, falar ao teu povo? Como será a tua imagem, a cor de teus olhos, o tom dos teus cabelos...

Deus: Simplesmente não dá, meu caro. Eu não caibo aí entre vocês. Verdadeiramente, todo o planeta nada mais é que um viveiro, uma espécie de câmara a vácuo, um meio de cultura, um laboratório em que estudamos todas as formas de vida existentes. Aquilo que vocês denominam Universo, Infinito, realmente existe e é de lá que eu falo neste exato instante, abrindo o jogo de uma vez para sempre, cessando todas as dúvidas. Da mesma forma que vocês estudam os micróbios e outras criaturinhas invisíveis a olho nu, nós estudamos o vosso comportamento. Sim. Vocês ouviram bem. Nós. Há vários de mim, milhares, milhões.

Uma mulher não identificada: Afinal, o senhor é um homem ou uma mulher?

Deus: Nem homem, nem mulher. Nós não temos sexo. Nós não procriamos. Nós sempre fomos, somos e seremos, entende? Não, eu não espero que você esteja me entendendo...

Um cientista renomado: Existe ou não existe vida após a morte?

Deus: Pergunte às suas bactérias, doutor. O que acontece a elas quando o senhor ministra potentes antibióticos. Para onde vão as almas destes microrganismos?

Uma ateia quase convicta: Por que, então, você e os seus iguais demoraram-se tanto a esclarecerem estes fatos gravíssimos e essenciais à humanidade? Quanta maldade. Com todo respeito, senhor: quanta sacanagem!

Deus:  Eu lhe respondo com outra pergunta, cética e desprezível criatura. Como você, que se julga tão convicta, espera viver o final de seus dias após esta relevante e inimaginável revelação? E mais: não fui eu quem começou esta estória de Deus, diabo, céu e inferno. Isto partiu de vocês, dos seus ancestrais, desde os primórdios, a partir do momento em que os Homens dominaram a fala e começaram a cultuar o sol, a lua, o fogo, o trovão e tudo o mais que fosse cientificamente inexplicável.

Presidente dos Estados Unidos da América: Há tempos está escrito em nossas cédulas de dólar que “Em Deus nós acreditamos”. Portanto, apesar de termos massacrado tanta gente em incontáveis guerras sanguinárias, como você e os seus companheiros universais veem o papel do meu país no contexto mundial. Algum dia na vida, nossos foguetes sequer passaram perto do local de onde o senhor fala neste instante. Seria factível instalarmos uma base americana no seu mundo?

Deus: Se Deus quiser — e nós queremos, pode ter certeza disto — jamais permitiremos que qualquer criatura da Terra deixe este habitáculo e lance sementes noutros recantos do Universo. Não temos antibióticos, mas dispomos de outras formas bastante eficazes para frear o ímpeto humano, como as pestes, as calamidades naturais, isto sem contar com a mortandade a que você se referiu, Presidente.

Curandeiro de uma tribo aborígene africana: Vamos mesmo morrer se continuarmos derrubando árvores, empestilhando a atmosfera e poluindo rios? É possível ao senhor e aos seus iguais refazer todas as coisas num simples estalar de dedos?

Deus: Eu já disse e repito. Nós não criamos nada. Vocês, assim como nós, simplesmente existem e pronto. Há milhares de anos vocês têm sido observados e estudados. De fato, reconhecemos que houve muita evolução científica ao longo da história. Entretanto, os danos cotidianos que uns infligem aos outros e ao meio ambiente parecem muito mais relevantes. Se dependesse só de mim, já tinha enviado o seu globo para o expurgo. Mas fui voto vencido.

Um pastor-alemão: E quanto a Jesus?

Deus: Jesus foi um homem pacifista, diferente, assim como Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Francisco de Assis e tantos outros. Foram espécimes que tentaram viver em prol da coletividade, embora, sem convencer os seus pares.

Eberth Vêncio, enviado especial desta publicação nonsense: Agora que está tudo praticamente esclarecido, a vida na Terra não terá perdido toda a graça? O que será feito dos homens, das religiões, dos sacrifícios, das peregrinações, dos dízimos, dos sonhos dizimados, e das aplicações bancárias das principais entidades religiosas do planeta?

Deus: Eu já esperava esta petulante pergunta. A verdade é esta que eu lhes trouxe por meio da garganta deste homem faminto miserável, há tempos requisitada pelos seus e pelos que já sucumbiram no decorrer da história. Teoricamente, como foi dito, a verdade deveria vos libertar. Aí está ela. Chupem-na. E passar bem..


domingo, 1 de julho de 2012

Roberto Pompeu de Toledo: A fábula do minuto e meio — o Mestre, o Discípulo e Belzebu


Mestre e Discípulo e a tentação de Belzebu: e Michelangelo já previra tudo sobre esse pecado nada original
Mestre e Discípulo e a tentação de Belzebu: e Michelangelo já previra tudo sobre esse pecado nada original (Detalhe do quadro "Cadutta dalla Grazia", de Michelangelo Buonarotti)



 A FÁBULA DO MINUTO E MEIO
Iam Mestre e Discípulo por uma bucólica estrada do Oriente quando ouviram uma voz a apregoar, por detrás da árvore: “Tenho um minuto e meio para vender”. Ao Mestre, o mais sábio entre os sábios, a voz não enganava. O tom artificial, o jeito de escandir as sílabas forçando-as até o limite…


Era ele: Belial, Belzebu, Mastema, Semihazah, Azazel, Satã, Satanás. Também conhecido como o Cão, o Tinhoso, o Tisnado, o Coxo, o Rabudo.

O Discípulo olhou para o Mestre, em busca de orientação. “Tenho um minuto e meio para vender”, repetiu a voz.

O Mestre considerou por um instante a situação. Um minuto e meio era artigo precioso demais para ser rejeitado assim sem mais nem menos. Além disso, se não o comprasse ele, outro o faria.

Na mochila em que preparava a ração do Discípulo, ele já levava quase seis minutos. Com mais um e meio poderia considerar-se um milionário de minutos. A medida de Deus, como se sabe, é a eternidade. O Demônio, que é mais realista, aprendeu que em certas situações mais vale seduzir com minutos.

O Mestre apaziguou o inquieto Discípulo, “Não se preocupe. Venha comigo e faça sempre o que lhe disser.” O Mestre tinha confiança desmedida em sua própria sabedoria e em suas intuições. Esperto por esperto, pensou, não é um Rabudo qualquer que vai me passar a perna.

"Não se preocupe, faça tudo o que eu lhe disser", disse o Sábio dos sábios

"Não se preocupe, faça tudo o que eu lhe disser", disse o Mestre ao Discípulo, antes do encontro com Belzebu

Pegou o Discípulo pelo braço e enfiou-se com ele para detrás da árvore. Negociaram no escondidinho. “Ufa, assim é melhor”, pensou o Discípulo. Mais confiança ainda depositada no Mestre: ele sempre sabe o que faz! A negociação fluiu muito bem, à sombra protetora da árvore. Acertaram o preço. Tudo já praticamente liquidado, faltava a entrega da mercadoria.

Satanás disse que a guardava em casa. Um minuto e meio é produto precioso demais para ficar andando com ele no bolso. Convidou-os a ir à sua casa, para apanhá-lo.

Como é sabido, se o ofício de Deus é perdoar, o do Demônio é tentar. Azazel tinha um plano, ao atraí-los à sua casa. Bem que o Mestre, a quem nada escapa, pensou duas vezes antes de concordar. Mas o prêmio do minuto e meio falou mais alto. Belzebu, como é também amplamente sabido, mora num lindo palacete. A mansão tem muros altos; impossível ser vista de fora. O Mestre considerou que estariam tão protegidos quanto atrás da árvore. “Nada a temer”, disse ao Discípulo, cuja inexperiência se revelava numa expressão de desassossego. “É só vir comigo e fazer sempre o que lhe disser.”

A princípio tudo correu bem, na casa do Príncipe das Trevas. Ele mostrou-lhes o minuto e meio. Ali estava, reluzente como uma joia, num baú em que os visitantes puderam vislumbrar, porque escapavam pelas bordas, também extratos de contas de bancos em várias partes do mundo e até, estranhamente, alguns frangos. Depois, convidou-os a passar aos lindos jardins do palacete. Era nesse cenário que, segundo seu plano, teria lugar a melhor parte da peça.

Outro nome de Satã é Macaco de Deus. Ele está sempre a macaquear Deus. Estes enviados de Deus que são os santos promovem curas ao simples toque das mãos no corpo dos aflitos. O Macaco de Deus imita-os. Como é de sua índole perversa, porém, não é para curar que o faz. A intenção do Tisnado é tisnar o tocado com suas manhas.

Uma vez no jardim com os convidados, Belial mostrou-se insuperável na arte da expressão corporal e do toque. Dirigiu-se ao Mestre com os polegares em sinal de positivo. Abraçou-o como se fossem velhos camaradas. E, num momento entre todos significativo, levou a mão à cabeça do Discípulo, acariciando com paternal beatitude seus negros cabelos.

belzebu-discípulo
E Belzebu fez seu o Discípulo, acariciando com paternal beatitude seus negros cabelos (Foto: Divulgação / " O Labirinto do Fauno")


Com o gesto, fazia-o seu. Indicava que, tal qual o Mestre, também tinha reservas de ternura e zelo protetor a oferecer. Ao invés do que ocorrera por detrás da árvore, fotos e filmes registraram a cena. Se há uma coisa que o Demo aprecia é fazer as coisas ao contrário. Desta vez, posou para as câmeras como se fosse um ente normal, com quem não se teme fazer negócio às claras. Era isso que tinha em mente: conseguiu-o.
O Mestre parecia constrangido, mas, bem pesadas as coisas, consolava-o o minuto e meio que já tinha guardado na mochila. Quem vai lembrar, quando chegar a hora de a onça beber água, que para consegui-lo pagou um sobrepreço?

O Discípulo tinha a pulga atrás da orelha, mas quem era ele para duvidar das estratégias e dos estratagemas do Mestre?

Esta fábula não tem moral. No Oriente, onde se passa, costumam dizer que o que tem é imoral, ou amoral. São muito escrupulosos por lá.

Roberto Pompeu de Toledo







Roberto Pompeu de Toledo

(Artigo publicado na edição impressa de VEJA)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Dicas para passar no exame de direção


Algumas pessoas têm medo de fazer a prova de direção. Se você vai fazer o exame pela primeira vez ou está repetindo, algumas dicas:

1-Na véspera da prova, procure ter uma refeição leve e vá dormir cedo. Chegar descansado no exame vai lhe ajudar muito;

2-Não puxe conversa com as outras pessoas que farão a prova, com papos do tipo " vocês estão nervosos?". Isso só fomenta a tensão e não ajuda nada.Antes da prova, procure se distrair sozinho, por exemplo ouvindo música (baixa, claro, para ouvir seu nome para fazer o teste);

3-Na hora da baliza, faça com calma. Está longe da faixa amarela? Basta engatar a 1a marcha, ir um pouco para a frente (cuidado para não bater no bastão) e depois voltar de ré, chegando perto da faixa.Depois, acerte a roda. Sem pressa, você tem cinco minutos para tentar. Nunca esqueça de dar seta para estacionar. Você pode perder pontos importantes se esquecer da seta. É essencial também lembrar dos pontos da baliza. Não tente fazê-la de cabeça, você ainda não é o rei da direção;

4-No percurso, vá devagar,não precisa correr. Não se esqueça de ir diminuindo a velocidade perto dos sinais (ou semáforos, como falam em alguns lugares). Se parar embaixo do sinal com ele amarelo, estará automaticamente reprovado. Não adianta acelerar para tentar pegar

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Economizando no transporte utilizando a carretinha reboque

Por que investir em uma carretinha reboque? Em algumas regiões brasileiras, o termo reboque é costumeiramente utilizado, enquanto em alguns estados é normal ouvir os termos carreta reboque ou, simplesmente, carretinha.

Regionalismos à parte, a carretinha é um excelente equipamento acessório para veículos motorizados. A carretinha cumpre perfeitamente seu papel no apoio ao transporte e reboque de outros veículos, barcos, iates e até animais. Na área rural, por exemplo, você encontrará vários destes veículos reboque trafegando pelas vias públicas, onde dentre eles há um modelo dedicado à transportar animais. Na área urbana, é possível ver várias carretinhas circulando com

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Bule Voador de Bertrand Russell.



O Bule de Chá de Russell,

Eventualmente chamado de Bule Celestial, é uma analogia criada pelo filósofo Bertrand Russell (1872–1970) que tem por finalidade mostrar que a dificuldade de desmentir uma hipótese não torna esta verdadeira, e que não compete a quem duvida desmenti-la, mas quem acredita nela é que deve provar sua veracidade. Num artigo chamado "Existe um Deus?", Russell escreveu:

“Muitos indivíduos ortodoxos dão a entender que é papel dos céticos refutar os dogmas apresentados – em vez dos dogmáticos terem de prová-los. Essa ideia, obviamente, é um erro. De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um pote de chá de porcelana girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice.

Entretanto, se a existência de tal pote de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada”.

Fonte: Wikipedia


Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

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