Para
aqueles ( e que não são poucos) que até hoje ainda duvidam da influência direta
do fascismo na criação da legislação trabalhista vigente, a leitura deste
fabuloso livro, “O Fascismo no Direito do Trabalho Brasileiro”, do professor
Arion Sayão Romita, editora LTR, é um importante ponto de partida
para se compreender a influência e os efeitos da Carta del Lavoro na
criação da Justiça do Trabalho no Brasil e sobretudo na Consolidação das Leis
do Trabalho-CLT.
A Carta
del Lavoro, aprovada pelo Gran Consiglio fascista em 21 de Abril de
1930, consiste num documento constituído por trinta declarações que coordenam
as leis sobre previdência e assistência dos trabalhadores. Embora a Carta,
mesmo não tendo caráter de lei, ditou as normas e diretrizes para a regulação
das relações jurídicas no campo da produção e do trabalho na Itália.
O autor
analisa com muita competência as trinta declarações da Carta. Qualquer
semelhança com a Consolidação das Leis do Trabalho-CLT não é mera coincidência.
Vemos que muitas passagens das declarações foram copiadas e transcritas ipsis
litteris na composição de nossa CLT. Praticamente todos os principais
“direitos” da legislação trabalhista vigente no Brasil, tiveram suas origens na
Carta del Lavoro, aberração nascida do Estado corporativo e regulador de
Benito Mussolini que por aqui, teve seu séqüito de admiradores, entre os quais,
o ditador Getúlio Vargas, criador do Estado Novo paternalista que até hoje
mantém seus tentáculos por toda parte.
Entretanto,
faltou um pouco de análise política ao ilustre professor. Romita faz uma
confusão dos diabos ao confundir direita e esquerda. O autor, coloca o fascismo
como movimento de extrema direita, o que não corresponde à verdade
absolutamente. A defesa de um Estado forte, regulador e intervencionista nunca
esteve presente na agenda da direita e sim da esquerda e do mais tacanho
pensamento revolucionário. O fascismo é um movimento de esquerda por definição
e existe farta literatura analítica sobre o tema. O próprio Mussolini foi um
voraz leitor e admirador do vigarista Karl Marx. Mesmo quando foi expulso do
partido, suas palavras foram: “Sou e sempre serei um socialista”. Palavras
ditas pelo próprio Duce.
Lindolfo
Collor foi o primeiro ministro a assumir a pasta na criação do Ministério do
Trabalho em 1930. Estava cercado de assessores socialistas muito simpáticos ao
regime marxista russo, entre os quais, Joaquim Pimenta, Evaristo de Moraes e
Agripino Nazaré. Foram os criadores das primeiras leis trabalhistas inspiradas
exatamente no modelo fascista o que comprova que estavam cientes de que
fascismo e socialismo são lados da mesma moeda.
O
Fascismo no Direito do Brasileiro é portanto, leitura obrigatória para todos os
profissionais que atuam na área trabalhista, profissionais de RH, estudantes de
Direito, Ciências Humanas e pesquisadores do tema. Enquanto na Itália, o
fascismo foi devidamente sepultado e o país prosperou e avançou nas relações do
trabalho, por aqui, a mão pesada do Duce ainda assombra e faz misérias
entre as páginas dos 922 artigos da Consolidações das Leis do Trabalho.