Por
Michel Aires de Souza
Em suas obras, o filósofo alemão Theodor
Adorno diagnosticou que na atual sociedade administrada os controles
tecnológicos dissolveram o indivíduo autônomo. A lógica do capital nivela a
tudo e a todos aos imperativos da economia. Nada escapa a mão invisível do
mercado, que modela não somente os bens e serviços, mas também a alma humana. A
opressão do todo se impõe como uma força devastadora, impedindo os indivíduos
de realizarem sua plena autonomia e liberdade. Em tal sociedade, “os sujeitos são impedidos de se saberem como
sujeitos. A oferta de mercadorias que se abate qual avalanche sobre eles,
contribui para isso, da mesma forma que a indústria cultural e
incontáveis mecanismos diretos e indiretos de controle”. (ADORNO apud MAAR,
2009, p.26). Desse modo, o sujeito passa a ser determinado por instâncias
heterônomas. A realidade política, econômica e social determina o indivíduo em
seu íntimo, naquilo que deveria ser o núcleo de sua autonomia.
A primeira consequência da organização
totalitária do mundo capitalista é o enfraquecimento do indivíduo frente as
forças opressoras do todo. Para Adorno (1995), é a partir do enfraquecimento do
eu que surge as tendências fascistas na sociedade. Nesse sentido, a
personalidade autoritária não é fomentada por certas ideologias políticas
conservadoras, mas ela surge da impotência, da paralisia e da incapacidade do
indivíduo reagir frente a racionalidade opressora do mundo administrado. O
indivíduo fraco e impotente procura compensar sua fraqueza se identificando com
os opressores. Ele busca nas estruturas do poder uma satisfação
imaginária por sua insignificância e inaptidão à experiência. Na avaliação
de Adorno (1995), a sobrevivência da personalidade autoritária deve-se a
persistência dos pressupostos sociais objetivos que geraram o fascismo. Esta
não é produzido meramente a partir de disposições subjetivas; ao contrário, é
produzida pela ordem e organização econômica do mundo, que continuam obrigando
a maioria das pessoas a depender de situações dadas em relação as quais são
impotentes, bem como a se manter numa situação de não-emancipação. Para
sobreviver, elas precisam se conformar e abrir mão daquela subjetividade
autônoma, que está ligada a ideia de democracia. É a necessidade de adaptação,
de identificação com existente, com o poder enquanto tal, que fomenta a
personalidade fascista.
Na década de 20, o médico e psicanalista
Sigmund Freud já havia diagnosticado que o mal-estar na cultura surge de uma
enorme repressão aos impulsos e desejos, sacrificando a felicidade humana e
libertando os impulsos destrutivos do homem contra a civilização. Apesar desse diagnóstico
desolador, a realidade mudou muito no
decorrer do século XX.
Hoje vivemos em um mundo de abundância
material e intelectual, onde grande parte dos impulsos e desejos humanos podem
ser satisfeitos. Apesar disso, o mal-estar não desapareceu, ao contrário,
tornou-se mais intenso em nossa época. Adorno (1995b) desvelou, em seus
estudos, que a pressão social tornou-se muito mais aguda e os níveis de
violência cresceram de forma exponencial desde a época de Freud. Ele percebeu
um sentimento de claustrofobia nos indivíduos em relação ao mundo administrado.
Como consequência disso, o mal-estar surge causado por um
sentimento de enclausuramento, que os indivíduos experimentam numa
situação cada vez mais socializada, como uma rede densamente conectada. Quanto
mais densa é a rede, mais os indivíduos tentariam se libertar. Contudo, essa
densidade impede a saída. Isso libera as forças destrutivas contra a
civilização, que cada vez mais se torna irracional e violenta.
Quando a realidade não cumpre a promessa
de felicidade e autonomia, que deveria se assegurada pela reconciliação entre
os interesses individuais e o interesse coletivo, os indivíduos tornam se
indiferentes a democracia ou passam a odiá-la. Com isso, liberam seus impulsos
destrutivos contra a sociedade. Desse modo, a personalidade fascista é
reforçada pela insatisfação e pelo ódio, produzido e reproduzido pela própria
imposição e adaptação a uma realidade de opressão. A esse respeito, Bueno
(2009) explica-nos que a personalidade fascista, culturalmente
semiformada, desvia a hostilidade que deveria voltar-se contra uma
sociedade fria, injusta e desigual em direção a própria cultura. A gravidade
disso, é que essa hostilidade é orientada aos mais frágeis na hierarquia
social: os diferentes, os impotentes, inadaptados ou individuados de toda
ordem. Em outras palavras, o ódio, que deveria ter por alvo as estruturas da
sociedade, é descarregado contra os desamparados reais ou imaginários. Para
Adorno (1995b, p.122). “um esquema sempre
confirmado na história das perseguições é a de que a violência contra os fracos
se dirige principalmente contra os que são considerados socialmente fracos e ao
mesmo tempo – seja isto verdade ou não – felizes.”
A educação na infância também tem um
papel preponderante na formação da personalidade autoritária. É comum crianças
que tiveram uma formação disciplinar e violenta tornarem-se personalidades
fascistas. Todos os ritos de passagem, hábitos e trotes que existem na escola e
que infligem dor física são herdeiros dessas experiências brutais; pois
surgiram no seio da família e se tornaram costumes pela força do hábito na
educação tradicional. Nessa forma de educação, a virilidade, a coragem e
a capacidade de suportar a dor transformam-se em valores fundamentais. A grande
consequência disso é que os indivíduos tornam-se incapazes de desenvolver
experiências humanas afetivas, onde se valoriza a confiança, os projetos
compartilhados, o cuidado e o carinho pelo outro. Todos aqueles que
tiveram uma educação familiar severa, com pais autoritários, possuem grande
probabilidade de se tornarem pessoas frias e indiferentes ao sofrimento
humano. A educação baseada na força e voltada a disciplina pode
desenvolver sujeitos sados-masoquistas, que são indiferentes a dor.
Como escreveu Adorno (1995b), a ideia de virilidade, que está ligada a
capacidade de suportar dor, há muito tempo se converteu em fachada de um
masoquismo que – como mostra a psicologia – se identifica com muita facilidade
ao sadismo. Por esta razão, todo aquele que é severo consigo mesmo sente-se no
direito de ser severo também com os outros, vingando-se da dor cujas
manifestações precisou ocultar ou reprimir.
O desenvolvimento normal da criança não
ocorre pela submissão à autoridade paterna, ao contrário, a emancipação do
sujeito, como um ser autônomo, só pode se tornar realidade pela sua superação.
Na teoria freudiana, a autoridade do pai é fundamental para o desenvolvimento
normal da criança. Na primeira infância toda criança se identifica com a figura
do pai, portanto, com uma autoridade, interiorizando-a, apropriando-a, para
então ficar sabendo, por um processo sempre muito doloroso, que o pai, a figura
paterna, não corresponde ao eu ideal que aprenderam dele, libertando-se assim
do mesmo, e tornando-se, precisamente por essa via, pessoas emancipadas.
(ADORNO, 1995c), O pai na primeira infância serve como um modelo, um princípio
a ser seguido. Ao perceber que o pai não é um ser perfeito que poderia guiá-lo
e protegê-lo, o indivíduo passa a confrontar seus ideias e valores de infância
com a realidade de maneira critica, desse modo, torna-se um ser
consciente de si e do mundo, amadurecendo e podendo seguir seu próprio caminho.
A superação da autoridade paterna é o
caminho para o desenvolvimento do individuo maduro e civilizado.
Contudo, no mundo contemporâneo, criou-se as condições propicias para o
desenvolvimento da personalidade autoritária. Em nossa atualidade, a família
como formadora da individualidade se fragmentou. Os laços familiares se
tornaram frágeis por causa das exigências do mundo exterior. Hoje, família não
constitui mais um núcleo fixo de produção da individualidade. Com o fim do
capitalismo liberal e o advento da sociedade de massas, a família perdeu
sua centralidade e importância, ela não é mais a principal instância formadora
do aparato psíquico do indivíduo, que tinha como fundamento a autoridade do
pai. Hoje a formação dos jovens acontece de maneiras variadas e contraditórias.
A socialização se constitui em contextos sociais múltiplos. Por esta razão, a
internalização mal sucedida do superego enfraquece o ego. Sem a
autoridade paterna o Ego torna-se fragilizado, podendo assim ser determinado
por instâncias heterônomas. Desse modo, o indivíduo fica enfraquecido frente as
forças sociais, tornando-se receptivo a ideologias racistas e etnocêntricas.
Quando Adorno exilou se nos EUA, fugindo
do Nazismo, ele percebeu que indivíduos aparentemente normais apresentavam
características fascistas, semelhantes as encontradas na Alemanha. Foi a partir
daí que surgiu o estudo sobre “The Authoritariam Personality” (1950). Este
trabalho foi desenvolvido em conjunto pelos teóricos de Frankfurt. É um estudo
eminentemente empírico, cujo objetivo era analisar a cultura norte-americana,
fazendo uma reflexão sobre a personalidade e sua relação com as condições
políticas e sociais deste país. Este estudo deu continuidade aos “Estudos sobre
Autoridade e Família” desenvolvido em Frankfurt. Tal como aquele, Marx e Freud
são os teóricos principais que nortearam a análise da personalidade
autoritária.
Nestes estudos interdisciplinares sobre a
personalidade autoritária foi criada uma escala fascista, desenvolvida a partir
de questionários, entrevistas e testes psicológicos, cujo objetivo era
compreender as opiniões, atitudes e comportamentos autoritários. A ideia era
que fatores internos e externos se combinariam para chegar a um comportamento
antissemita e de que a escala mediria algo próximo de uma estrutura latente de
personalidade, determinante da receptividade do sujeito a ideologias racistas e
etnocêntricas. A partir dessa escala se concluiu uma série de traços que
comporiam os primeiros traços do caráter autoritário, sendo estes:
convencionalismo; submissão acrítica; agressividade autoritária;
destruição e cinismo; poder e rudeza; superstição e estereotipia;
exteriorização; projeção; e atitudes exageradamente preocupadas do autoritário
com relação aos atos da sexualidade (GOMIDE & MACIEL, 2015)
Uma das grandes descobertas de Adorno, foi
a de que todos aqueles que possuem o potencial fascista são seres incapazes de
lutar por sua autonomia, são seres conformados, que acreditam no poder e na
força do universal para a resolução de todos os problemas da humanidade. “Eles
representam a identificação cega com o coletivo”. (ADORNO, 1995b, p. 127)
Existe na personalidade autoritária o desejo de uma ordem sustentada por um
grande aparato estatal, que governa com mãos de ferro, tendo como função
representar o povo frente ao individuo. É nesse sentido que esse tipo de
personalidade se coaduna com os valores do nacionalismo. É dai que surge o
orgulho nacional e o narcisismo coletivo. É comum a esses indivíduos palavras
de ordem, exaltação das forças armadas e o uso de símbolos nacionais O falso
sentimento de integração, o calor de estar entre iguais, a satisfação de estar
protegido frente ao poder é uma característica desses indivíduos. Desse modo, “a personalidades com tendências autoritárias
identificam-se ao poder enquanto tal, independente do seu conteúdo. No fundo
dispõe de um eu fraco, necessitando, para se compensarem, da identificação com
grandes coletivos e da cobertura proporcionada pelos mesmos” (ADORNO,
1995a, 37)
Freud (1996), em seu livro “Psicologia de
Grupo e Análise do Ego”, de 1921, desvelou, a partir das ideias de Gustave Le
Bon, as transformações psicológicas que passa o indivíduo ao fazer parte de uma
coletividade, seja um partido político, uma religião, um time de futebol ou um
grupo de jovens. Aquele que faz parte de um grupo reproduz sentimentos
inconscientes de tempos primordiais da humanidade. Ele adquire um
enorme sentimento de poder, que o leva a dar vazão aos seus impulsos de
forma irracional. Ele sente que seus desejos emocionais podem ser facilmente
realizados sem grandes consequências. Surge daí o sentimento de se fazer parte
de algo maior que o indivíduo. Nos sentimos queridos e amados e, por estas
razões, somos facilmente levados pelas ações e ideias do resto do grupo. Quando
se participa de uma coletividade, perdemos mais facilmente a noção de
controle e equilíbrio emocional. O autocontrole deixa de existir, nos tornamos
mais impetuosos, mais agressivos e mais emocionais. A automotivação fica
mais sujeito as motivações do grupo.
Na teoria psicanalítica, o que liga
os indivíduos em um grupo é a libido. Eles possuem uma necessidade inconsciente
de se pertencer a uma coletividade, de viver em harmonia, ser amado e
respeitado. Eles também possuem a necessidade de um líder. Ao analisar a igreja
e o exército, Freud chegou a conclusão que o líder é o segundo fator depois de
Eros na unificação do grupo. Por meio dele todos os membros ligam-se uns
aos outros por relações de amor (Eros). O líder mantém o grupo unido por um
estado de identificação mediante seu amor e através de um catarse sobre os
membros, isto é, agindo hipnoticamente sobre o grupo. O líder personifica
o “ideal do Ego”, e assume as funções de auto conservação, consciência moral e
repressão. Cabe ao líder, portanto, o controle das consciências da
coletividade. Ele une todos pela identificação uns com os outros e
pela mesma percepção da realidade.
Freud escreveu sobre a “Psicologia do grupo e análise do Ego”
antes do advento dos regimes totalitários, mas nessa obra já se delineava os
motivos inconscientes da personalidade autoritária. Ele já havia diagnosticado
que toda coletividade tem a tendência de ser conservadora, ama as tradições e
as ilusões que lhe dão força. Os indivíduos são dominados por uma espécie
de inconsciente coletivo. Suas atitudes são sempre conservadoras, daí a
perseguição a judeus, homossexuais, negros, prostitutas e pobres. Eles
adotam atitudes extremas em sua conduta ética. Muitos desses indivíduos são bem
educados, têm boa formação, contudo, a capacidade intelectual do grupo é bem
abaixo de seus membros isoladamente.
No diagnóstico de Adorno, as pessoas que
cegamente se enquadram em grupos ou coletivos convertem-se a si próprios em
objetos. Eles são facilmente autodeterminados. Por esta razão, possuem um
“caráter manipulador”, possuem disposições para tratar os outros como coisas.
Ele identificou esse traço de personalidade em lideres nazistas, como
Himmler, Hoss e Eichman. Esses lideres também se distinguiam “pela fúria
organizativa, pela incapacidade total de levar a cabo experiências humanas
diretas, por um certo tipo de ausência de emoções, por um realismo exagerado”
(ADORNO, 1995b, 129). As pesquisas de adorno demonstraram que, em países
democráticos, essas características também são encontradas em indivíduos
aparentemente normais. O que caracteriza esses indivíduos é a “consciência
coisificada”. Em um primeiro momento, eles são manipulados como objetos a
serviço de qualquer forma de poder, mas logo se tornam manipuladores e tratam
os outros como coisas. No fundo são incapazes de fazer experiências, por isso
mesmo revelam traços de incomunicabilidade. Assim, se identificam com os
doentes mentais ou personalidades psicóticas. (ADORNO, 1995b)
O indivíduo fascista carece de
consciência, é o sujeito semiformado, que é permeável a manipulação
antidemocrática. Por esta razão, os regimes totalitários sempre fizeram uso dos
meios de comunicação para inculcar seus valores políticos e estéticos no
imaginário do povo alemão. Quando Hitler tomou o poder, uma das primeiras
medidas foi criar em 13 de março de 1933 o Ministério da Propaganda, cujo
diretor nomeado era Joseph Goebbels. Ele foi o grande responsável pela
introdução da saudação, “Heil Hitler”, considerado uma de suas maiores
realizações no campo da propaganda. Com Goebbels, a propaganda nazista atingiu
todas as esferas da vida social: nas ruas, escolas, fabricas, estádios e
prédios circulavam mensagens, slogans e símbolos do partido. Ele também criou
os grandes espetáculos públicos difundindo a estetização da política,
universalizando os ideais hitleristas.
Em seu ensaio sobre “Televisão e
Formação”, Adorno (1995d) mostrou-nos que a indústria cultural gera modelos
ideais: o modelo ideal de família, de saúde, de bom comportamento, de bom
trabalhador, de boa dona de casa, de bom marido. Ela cria uma falsa imagem do
que seja a vida verdadeira. Assim, a falsa consciência é gerada na medida
em que a harmonização e deformação da vida são imperceptíveis para as
pessoas. Foi desse forma que o regime totalitário na Alemanha conseguiu cooptar
os cidadãos para a barbárie. A fim de reforçar seu ideário político na
mentalidade da população, fez da propaganda no radio, na televisão
e no cinema sua expressão mais influente. Através destes meios houve a
propagação de ideais como o embelezamento da vida, rituais de
limpeza, culto ao corpo belo, forte e saudável, e a apologia da
identidade nacional do povo ariano. Através da propaganda, o nacionalismo, o
patriotismo, o heroismo, a xenofobia e o antissemitismo foram disseminados pela
indústria cultural. Em consequência disso, levou seis milhões de judeus à
morte. Desde aquela época, os meios de comunicação tornaram-se instrumentos de
regressão psíquica gerando a perda da consciência crítica e tornando-se um
grande incentivador da personalidade autoritária.
Hoje, no Brasil, os meios de
comunicação de massa têm colaborado para fomentar a personalidade autoritária.
Em programas sensacionalistas, onde é explicito a violência do dia a dia,
jornalistas são responsáveis por criar um tipo subjetivo, que tem conservado as
formas de domínio social e têm mantido as elites conservadoras no poder. Esses
programas produzem o típico cidadão conservador, semiformado, consumidor dos
produtos padronizados da indústria cultural. Mas não se trata do indivíduo sem
educação, mas do cidadão médio, com nível universitário, em uma dessas
carreiras técnicas. Esses programas incentivam a violência, disseminam o
medo, exaltam o autoritarismo e a força policial; criam
estereótipos, desenvolvem o machismo, a homofobia, o racismo e todo tipo
de preconceito. Todos aqueles que não se encaixam na ideia de cidadão de bem e
no sistema mental de explicações pré-determinadas pelas formas de domínio social
devem ser excluídos.
A resposta de Adorno para a resolução do
problema do fascismo é a educação. A primeira exigência da educação para o
Frankfutiano é que “Auschwitz não se repita”. (ADORNO, 1995b, p. 119)
Qualquer debate sobre educação, que não leve em consideração esse
princípio, não tem sentido, carece de importância. Cabe aos estabelecimentos de
ensino, portanto, desvelar os mecanismos que levam as pessoas a cometerem tais
atrocidade. É necessário uma consciência geral acerca desses mecanismos. Desse
ponto de vista, a educação deve desenvolver uma sensibilidade contrária a
violência, e sensível aos oprimidos, que desvele os mecanismos de
opressão da sociedade administrada, e que pense a violência e barbárie
cometidas pelo mundo ocidental. A educação também deve se voltar para a crítica
da ideologia, disseminada pela indústria cultural. O que se torna relevante
para Adorno é que os indivíduos sejam capazes de julgar a sociedade
contemporânea. Para isso, devem ter a capacidade de informação e entendimento
para uma análise e avaliação das sociedades em que vivem. Assim, é através da
escola que se deve fomentar a prática política que leve a cabo desenvolver
nos sujeitos a consciência das possibilidades transcendentes de liberdade.
Desse modo, a educação em Adorno é uma “pedagogia do esclarecimento” onde “a
educação política é levada a sério e não como simples obrigação inoportuna”
(ADORNO, 1995a, p.45).
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