São muitos os
escândalos de corrupção que lançam suspeitas sobre tucanos e aliados.
O candidato do
PSDB à presidência, Aécio Neves, se apresentou como sendo o candidato da ética
e da moralidade nas eleições presidenciais de 2014, mas são muitos os
escândalos de corrupção que lançam suspeitas não apenas sobre ele, mas também
sobre seus colegas tucanos e aliados. Escândalos esses em torno dos quais o
PSDB opera para que não tenham destaque da mídia e não sejam
investigados. Confira abaixo 14 deles:
1 – Escândalo da Petrobrás: valor ainda não contabilizado
O candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, adora criticar a
candidata do PT à reeleição, Dilma Rousseff, pelo suposto envolvimento de
petistas no escândalo da Petrobrás. As investigações, entretanto, apontam
também para o possível envolvimento de lideranças tucanas. Em depoimento, o
ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, afirmou ter pago propina ao
ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que morreu este ano, para ele ajudar a
esvaziar uma CPI criada em 2009 para investigar a Petrobrás.
Na última terça (14), no debate da Band, a presidenta Dilma acusou Aécio Neves
de desviar R$7,6 bilhões da saúde quando foi governador de MG. O tucano disse
que ela estava mentindo e, então, Dilma convidou os eleitores a acessarem o
site do Tribunal de Constas do Estado (TCE). Naquela noite, o site saiu do ar,
segundo o TCE devido à grande quantidade de acessos. Nesta quarta (15), o site
voltou, mas os documentos citados por Dilma desapareceram por cerca de 4 horas,
até a imprensa denunciar a manobra. A presidenta do TCE, Adriane Andrade, foi
indicada por Aécio e é casada com Clésio Andrade (PMDB), seu vice-governador no
primeiro mandato. (http://goo.gl/LqdpP3)
3 – Aecioporto de Cláudio: R$ 14 milhões
Quando era governador de Minas Gerais (2003-2010), Aécio construiu cinco
aeroportos em municípios pequenos, todos eles nas proximidades das terras de
sua família. O caso mais escandaloso foi o de Cláudio, com cerca de 30 mil
habitantes e que já fica próximo a outro aeroporto (o de Divinópolis, há apenas
50 Km). A pista, que foi construída a 6 Km da fazenda do presidenciável, fica
nas terras do tio-avô de Aécio, desapropriadas e pagas com dinheiro público.
Quem cuida das chaves do portão são os primos de Aécio. Custou R$ 14 milhões
aos cofres mineiros.
4 – Relações com Yusseff : R$ 4,3 milhões
O doleiro Alberto Yousseff ficou conhecido nacionalmente devido ao seu
envolvimento no escândalo da Petrobrás. Mas a Polícia Federal também investiga
os serviços prestados pelas empresas de fachada do doleiro para outra estatal,
a mineira Cemig, controlada há anos pelo PSDB de Aécio Neves, principal líder
do partido no Estado. As suspeitas é que a Cemig tenha sido usada para
engrossar o caixa do grupo, através da parceria com a empresa Investminas, uma
sociedade de propósito específico, criada para construir e operar pequenas
hidrelétricas, cuja única operação comercial foi uma parceria firmada com a
Cemig. Vendida à Light, a participação na sociedade rendeu à Investminas, em
poucos meses, R$ 26,586 milhões, um ágil surpreendente de 157%. Três
semanas depois, R$ 4,3 milhões foram depositados pela Investminas na conta MO
Consultoria, empresa de fachada usada por Yousseff. As suspeitas é que tenham
sido destinados a pagar os agentes públicos envolvidos na operação. O caso carece
investigação.
5 - Favorecimento aos veículos da Família Neves: valor não contabilizado
Nem Aécio Neves e nem o governo de MG divulgam qual a fatia da publicidade
oficial do estado foi parar nos meios de comunicação da família do tucano, de
2003 até agora. E a falta de transparência, claro, gera suspeitas. A família
Neves controla a Rádio Arco Íris, retransmissora da Jovem Pan em Belo
Horizonte, e as rádios São João e Colonial, de São João Del Rei, além do
semanário Gazeta de São João Del Rei. Aécio é sócio da Arco Íris com a mãe e
irmã mais velha, Andrea que, quando ele foi governador, era coordenadora
voluntária do grupo de assessoramento do governo que tinha como atribuição
estabelecer as políticas de comunicação do governo e aprovar os gastos em
publicidade.
6 -Nepotismo em Minas
Aécio diz que é a favor da meritocracia, mas, além de receber pelo gabinete do
pai, em Brasília, quando morava no Leblon, de 1980 a 1983, não deixou de
empregar parentes quando governou Minas. A lista é longa. Oswaldo Borges da
Costa Filho, genro do padrasto do governador, foi presidente da Companhia de
Desenvolvimento Econômico e Minas Gerais. Fernando Quinto Rocha Tolentino, primo,
assessor do diretor-geral do Departamento de Estradas e Rodagem (DER/MG).
Guilherme Horta, outro primo, assessor especial do governador. Tânia Guimarães
Campos, prima, secretária de agenda do governador. Frederico Pacheco de
Medeiros, primo, era secretário-adjunto de estado de Governo. Ana Guimarães
Campos e Júnia Guimarães Campos, primas, servidoras do Servas. Tancredo Augusto
Tolentino Neves, tio, diretor da área de apoio do Banco de Desenvolvimento de
Minas Gerais (BDMG). Andréia Neves da Cunha, irmã, diretora-presidente do
Serviço de Assistência Social de Minas Gerais (Servas). Segundo Aécio, o
trabalho da irmã era voluntário.
7 – Mensalão tucano: pelo menos R$ 4,4 milhões
Trata-se do esquema de desvio de verbas de empresas públicas armado em Minas
Gerais, em 1998, para favorecer a reeleição do então governador tucano Eduardo
Azeredo. Além dos políticos tucanos, os acusados são os mesmos
responsabilizados pelo chamado “mensalão petista”: o publicitário Marcos
Valério e os diretores do Banco Rural. Entretanto, embora tenha acontecido
antes, o esquema tucano ainda não foi julgado. E mais, não o será pelo STF, mas
pela justiça comum. O processo está engavetado há tanto tempo que vários
envolvidos já se beneficiaram pela prescrição. Pela denúncia feita pelo
Ministério Público, foram desviados pelo menos R$ 4,4 milhões. Mas os valores
são discutíveis: como as operações de algumas empresas públicas, como a Cemig,
ficaram de fora da denúncia, há quem defenda que possa ser bem maior.
8 - Mensalão tucano II: R$ 300
As conexões dos tucanos com o esquema de Marcos Valério são profundas. O
candidato derrotado ao governo de Minas Gerais pelo PSDB nas eleições deste
ano, Pimenta da Veiga, é alvo de um inquérito da Polícia Federal que investiga
porque ele recebeu, em 2003, um total de R$ 300 mil de agências de publicidade
de Marcos Valério.
9 – Máfia do Cachoeira: valor não contabilizado
Em 2012, o Congresso instalou uma CPI para investigar as relações entre a máfia
do bicheiro Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. Entre os
públicos, estavam o ex-senador Demóstenes Torres (à época filiado ao DEM), o
então governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e o então procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, acusado de prevaricar ao descontinuar as investigações
da Polícia Federal. Entre os agentes privados, destacaram-se veículos de
imprensa, como a revista Veja, e empreiteiras, como a construtora Delta. Em
função da pressão política dentro do parlamento, para aprovar seu relatório
final, o deputado Odair Cunha (PT-MG) teve que retirar os pedidos de
indiciamento de jornalistas e do ex-procurador geral. O mandado de Demóstenes
no Senado foi cassado, mas, por decisão do ministro do STF, Gilmar Mendes, o
mais afinado com o ideário tucano, ele teve o direito de reassumir sua vaga de
promotor em Goiás.
10 – Cartel dos metrôs de SP e DF: pelo menos R$ 425 milhões
O escândalo vem de longa data, mas até agora nenhum político foi punido.
Envolvem dois casos diferentes, mas com relações entre si: o Casol Alston, a
multinacional francesa que teria subornado políticos ligados ao governo Alckmin
para ganhar o contrato da expansão do metrô de SP, e o Caso Simiens, a empresa
que admitiu ter formado cartel com outras 13 para fraudar as licitações do
metrô de SP e do DF. A Simens entregou ao Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) uma série de documentos que comprovam que o governo tucano
tinha conhecimento da formação do cartel. Reportagem da Istoé estimou em R$ 425
milhões de reais os prejuízos para os cofres públicos. No Caso Alston, a PF
indiciou, por corrupção passiva, o vereador Andrea Matarazzo (PSDB),
ex-ministro do governo FHC.
11 - Privataria tucana: R$ 124 bilhões
Registradas e documentadas no livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro
Junior, as denúncias revelam os descaminhos do dinheiro público desviado pelos
tucanos na era das privatizações, instaurada pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso e seu então ministro da Fazenda, José Serra. Resultado de 12
anos de investigação do ex-jornalista da Isto É e de O Globo, o livro irritou o
ninho tucano. Serra o classificou como “lixo”. FHC, como “infâmia”. Aécio
Neves, como “literatura menor”. Pelos cálculos do deputado Protógenes Queiroz
(PCdoB-SP), delegado da Polícia Federal que atuou no caso, o montante desviado
dos cofres públicos pelos tucanos para paraísos fiscais chega a R$ 124 bilhões.
12 – Emenda da reeleição de FHC: valor não contabilizado
Em 1997, durante o governo FHC, a Câmara aprovou a emenda que permitiria a
reeleição presidencial. Poucos meses depois, começaram a pipocar as denúncias
de compra de votos pelo Executivo para aprovação da matéria. Um grampo revelou
que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL do Acre, receberam
R$ 200 mil cada um. Na gravação, outros três deputados eram citados de maneira
explícita e dezenas de congressistas acusados de participação no esquema.
Nenhum foi investigado pelo Congresso nem punido. Apesar das provas
documentais, o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, engavetou
as denúncias. No ano seguinte, FHC se reelegeu para um novo mandato. Brindeiro
foi nomeado para um segundo mandato no cargo.
13 – O caso da Pasta Rosa: US$ 2,4 milhões
Em 1995, servidores do Banco Central que trabalhavam em uma auditoria no Banco Econômico
encontraram um dossiê com documentos que indicavam a existência de um esquema
ilegal de doação eleitoral, envolvendo a Federação Brasileira de Bancos
(Febraban) e Antônio Calmon de Sá, dono do Econômico e ex-ministro da Indústria
e Comércio da ditadura. O esquema apontava a distribuição ilegal de US$ 2,4
milhões dos bancos a 45 políticos que se candidataram nas eleições de 1990,
entre eles o José Serra (PSDB), Antônio Magalhães (do antigo PFL, hoje DEM) e
José Sarney (PMDB). O ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá foi indiciado pela
Polícia Federal por crime contra a ordem tributária e o sistema financeiro, com
base na Lei do Colarinho-Branco. Nenhum político foi punido por causa do
escândalo.
14 – Caso Sivam: valor não contabilizado
Primeiro grande escândalo de corrupção do governo FHC, o Caso Sivam, que
estourou em 1995. envolve denúncias de corrupção e tráfico de influência na
implantação do Sistema de Vigilância da Amazônia. O ponto alto foi quando o
vazamento de gravações feitas pela Polícia Federal expôs uma conversa entre o
embaixador Júlio César Gomes dos Santos, à época chefe do cerimonial de FHC, e
o empresário José Afonso Assumpção, representante da empresa norte-americana
Raytheon no Brasil, em que ambos defendiam os interesses dessa última no Sivam.
E foi justamente a Raytheon que arrematou, sem licitação, o contrato de US$ 1,4
bilhão. O escândalo também envolvia ministros e outros assessores de FHC, além
de empresas brasileiras. Em 1996, o deputado Arlindo Chinglia (PT-SP)
protocolou pedido de instalação de uma CPI, que só saiu em 2001, mas de forma
esvaziada. Como tinha maioria no parlamento, o governo FHC conseguiu abafar as
denúncias. Ninguém foi punido.