Por Dag Vulpi 07/06/25
Muito se fala em "polarização" para tentar explicar a crise política e social que vivemos no Brasil. Mas, ao contrário do que repetem por aí, o que temos hoje não é uma disputa equilibrada entre dois extremos. O que há, na verdade, é um radicalismo crescente da direita brasileira, que se intensificou a partir do bolsonarismo e que vem contaminando até setores antes considerados moderados ou liberais.
Enquanto setores da esquerda e do campo progressista seguem defendendo direitos sociais, fortalecimento das instituições, preservação da democracia e políticas públicas voltadas ao bem comum, a direita — cada vez mais dominada por discursos de ódio, revisionismo histórico, negacionismo e autoritarismo — se radicalizou ao ponto de abandonar completamente qualquer compromisso com a verdade, o diálogo ou os princípios democráticos.
Não há “dois lados igualmente radicais”. Isso é uma falsa equivalência perigosa, que apenas ajuda a normalizar o extremismo real e violento de uma ala que passou a flertar com o golpismo, a militarização da política e a criminalização dos adversários. Pior: essa extrema-direita não só se fortaleceu com Bolsonaro, como arrastou junto grande parte da velha direita conservadora, que hoje repete seu discurso e seus métodos.
Chamar esse cenário de “polarização” é uma forma preguiçosa — ou mal-intencionada — de tentar empurrar a responsabilidade por esse caos para todos os lados. Mas não: a democracia brasileira não está em risco por causa de uma disputa entre dois projetos extremos. Ela está sob ataque direto de um lado só.
É preciso parar de suavizar o que está acontecendo. O nome disso não é polarização. É radicalização autoritária da direita brasileira. E o combate a isso exige clareza, coragem e compromisso com a verdade.
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Dag Vulpi