O
projeto de lei aprovado pelos senadores nessa terça-feira (26) prevê
que o fundo eleitoral terá financiamento de cerca de R$ 2 bilhões para custear
cada eleição. Para que passe a valer no ano que vem, a proposta ainda precisa
ser aprovada pela Câmara, mas durante a votação houve divergências entre os
parlamentares quanto ao valor exato que será repassado às campanhas devido às
expectativas de repasses do Orçamento.
Caso
não seja alterada pelos deputados, será instituído o Fundo Especial de
Financiamento de Campanha, composto por 30% do valor destinado a emendas
parlamentares de bancada durante os anos eleitorais. Outra fonte virá do
dinheiro arrecadado com o fim da propaganda partidária gratuita no rádio e na
televisão.
De
acordo com o projeto, relatado pelo senador Armando Monteiro (PTB-PE), o
montante do fundo "não alcançará sequer R$ 2 bilhões". Se mantidos os
valores atuais do Orçamento de 2018, o percentual das emendas de bancadas
equivaleria a aproximadamente R$ 1,3 bilhão. Além disso, a estimativa é de que
cerca de R$ 500 milhões sejam gerados por meio do fim da renúncia fiscal gerada
atualmente com a propaganda partidária. Com isso, o dinheiro arrecadado com
impostos dos veículos de comunicação seria revertido para o fundo.
Já
a propaganda eleitoral gratuita, veiculada nos anos em que ocorrem as eleições,
será mantida, contrariando o projeto original do senador Ronaldo Caiado
(DEM-GO).
Devido
às mudanças, a votação gerou polêmica e confusão entre os parlamentares. Em
diferentes momentos, os contrários ao relatório de Armando Monteiro verificavam
o quórum da sessão, na tentativa de obrigar os senadores a votar
individualmente pela proposta. Contudo, alegando seguir o Regimento Interno, o
presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), conduziu a votação de forma
simbólica.
Apoiado
por senadores do PT e do PSDB, o projeto relatado por Armando Monteiro foi
criticado por Caiado e outros colegas, que viram na proposta uma possibilidade
de se aumentar o fundo indefinidamente.
“Eu
desafio o relator a dizer qual é o teto do fundo de financiamento de campanha.
O fundo de financiamento de campanha só tem um piso: ele vai sair de R$ 1,6
bilhão e pode chegar a valores de R$ 4 bilhões, de R$ 6 bilhões, de R$ 8
bilhões. Porque há a prerrogativa de poder usar todas as emendas aditivas pela
reserva de contingenciamento”, criticou o senador do Democratas.
Já
os defensores da proposta aprovada argumentaram que o texto impede a utilização
de recursos das emendas que seriam destinados a saúde e educação. Previstas no
Orçamento Geral da União, as emendas de bancada impositivas são definidas com
base em um percentual da receita corrente líquida da União e devem ser
apresentadas pelos partidos para a realização de obras definidas pelas legendas
de acordo com as demandas das bases locais.
O
senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou a “demagogia” dos que, segundo ele,
foram contra o projeto porque são, na verdade, a favor do financiamento empresarial
das campanhas.
“Eu
quero dizer que o projeto do senador Armando Monteiro volta a valores de
campanha inferiores a 2002, quando foram gastos R$ 2 bilhões. Agora a previsão
de gastos é de R$ 1,6 bilhão, um terço dos gastos da campanha de 2014”, disse.
No
relatório, o senador Armando Monteiro afirma que as eleições de 2014 custaram
mais de R$ 5 bilhões e que a proposta atual prevê um valor bem menor. A opinião
é a mesma do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Segundo ele,
caso o horário eleitoral gratuito fosse extinto, apenas os políticos ricos
conseguiriam fazer propaganda.
“O
Congresso não pode afrouxar, tem que ter coragem de ter recursos para se fazer
campanha política, sob pena das facções do crime organizado bancarem as
eleições porque haverá caixa 2 se não houver caixa oficial. Eu quero que todos
tenham condição de disputar em igualdade, e acho que R$ 2 bilhões, ainda mais
se abrindo mão de dotações no Congresso, não é demais para se ter democracia no
Brasil”, declarou.
Após
a votação, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) disse que recorrerá ao
Supremo Tribunal Federal com o objetivo de evitar que o texto siga para a
Câmara. “Houve um golpe no procedimento de votação. Eles votaram o requerimento
[de preferência para que a matéria fosse aprovada] e não o mérito do projeto,
conforme tínhamos discutido na reunião. No nosso entender, foi uma clara ofensa
à Constituição”, reclamou.
politicos na hora H todos se juntam.
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