O
presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara,
deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), defendeu hoje (28) que o processo de
denúncia contra o presidente Michel Temer seja analisado de forma separada,
caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente novas denúncias.
Saiba
mais:
Na
última segunda-feira (26), o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot,
ofereceu denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra o presidente Michel Temer
pelo crime de corrupção passiva. Há a expectativa, no entanto, que Janot também
denuncie Temer sobre outros crimes, mencionados no pedido de abertura de inquérito,
feitos há algumas semanas, como obstrução de Justiça e corrupção ativa.
Para
ter prosseguimento, a denúncia precisa ser autorizada pela Câmara dos
Deputados, onde deve ser analisada pela CCJ e depois pelo plenário. “Minha
opinião pessoal é de que as denúncias que têm existência própria ou um fato
específico, ainda que possa ser conexo com outros fatos, cada denúncia tem que
ter um trâmite próprio, na Câmara, e um juízo de admissibilidade específico”,
disse Pacheco.
Segundo
o regimento interno da Câmara, duas ou mais proposições com o mesmo teor podem
tramitar de forma conjunta. No entanto, Pacheco afirmou que a decisão de
agrupar ou não as possíveis denúncias que podem chegar ao Congresso é
prerrogativa da presidência da Câmara.
“Esse
apensamento das denúncias é prerrogativa do presidente da Câmara dos Deputados.
É o deputado Rodrigo Maia [DEM-RJ] que decidirá se as denúncias devem ser
apensadas em analogia às proposições legislativas. Cabe a mim dar seguimento na
comissão àquilo que vier da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados”, explicou.
Relator
Caso
os processos tramitem em separado, eles também poderão ter relatores
diferentes.
Ainda
não foi escolhido o relator para a denúncia já apresentada por Janot. Pacheco
reforçou que escolherá um nome que tenha conhecimento jurídico e com “relativa
independência” em relação às bases governista e oposicionista. “Para cada
denúncia que chegar, será escolhido o relator mais adequado para enfrentar essa
discussão”.
Questionado
se ele próprio poderia ser o relator, Pacheco esclareceu que, apesar de o
regimento da Casa permitir, ele não considera conveniente relatar matéria dessa
natureza no momento. O deputado adiantou que somente o relator do processo e a
defesa de Michel Temer poderão se manifestar, pois não há previsão regimental
para a convocação de audiências com juristas ou outras pessoas, a exemplo do
ocorreu durante o processo de impeachment de Dilma Roussef.
Recesso parlamentar
Pacheco
sinalizou também que pode prosseguir com o trabalho da CCJ durante o período de
recesso parlamentar, previsto para as duas últimas semanas de julho.
“Estamos
diante de uma situação muito inusitada, de um fato inédito da República, que é
uma denúncia criminal contra o presidente da República, de modo que não podemos
ser intransigentes sobre uma eventual necessidade de não ter o recesso para
poder dar andamento a essa denúncia”, argumentou.
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