Pelo
menos 3,3 mil pessoas morreram na província de Kasai, na República Democrática
do Congo, devido a uma onda recente de violência causada pela milícia Kamuina
Nsapu, que semeia o terror na região desde agosto do ano passado, informou
nesta terça-feira (20) a Igreja Católica no país. A informação é da agência
EFE.
"Pelo
menos 3,7 mil casas e 20 povoados foram destruídos, dez deles pelo Exército e
quatro pela milícia", apontou a Igreja, que tem atuado como mediadora em
conflitos locais. Mais de 1,3 milhão de pessoas já fugiram de Kasai desde o
início da onda de violência. Mais da metade delas jovens que, em algumas
ocasiões, foram separados dos seus pais ou recrutados por milícias, informou
hoje o Conselho de Refugiados Norueguês (NRC, na sigla em inglês).
Em
maio, durante uma escalada da violência na região, 8 mil pessoas por dia se
viram obrigadas a fugir, disse o NRC. Segundo a Agência das Nações Unidas para
os Refugiados (Acnur), 475 mil congoleses já fugiram para países vizinhos,
sendo que cerca de 30 mil para Angola. Os civis são as principais vítimas das
atrocidades, em particular os dos grupos étnicos luba e lulua.
As
Nações Unidas denunciaram hoje (20) em Genebra a existência de uma nova
milícia, a Bana Mura, criada e organizada pelas autoridades para apoiar as
ações do Exército congolês nas três províncias da região de Kasai.
O
alto comissionado da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al Hussein, pediu
que seja promovida uma investigação internacional independente, algo que foi
rejeitado pelo ministro da Justiça da República Democrática do Congo, Alexis
Thambwe Mwamba, que argumentou que "aceitar uma investigação independente
é aceitar que o país não é independente".
O
conflito adquiriu notoriedade internacional quando a milícia matou dois
funcionários estrangeiros da ONU, a sueca Zaida Catalán e o americano Michael
Sharp, encontrados mortos em 28 de março em Kasai Central quando avaliavam
abusos aos direitos humanos na província.
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