Denúncia
foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou hoje (26) o presidente
Michel Temer ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de corrupção passiva.
A acusação está baseada nas investigações iniciadas a partir do acordo de
delação premiada da JBS. O áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley
Batista, um dos donos da empresa, com o presidente, em março, no Palácio do
Jaburu, também é uma das provas usadas no processo. Procurado pela
reportagem, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou sobre a denúncia.
O
ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) também foi denunciado pelo
procurador pelo mesmo crime. Loures foi preso no dia 3 de junho por determinação
do ministro Edson Fachin. Em abril, Loures foi flagrado recebendo uma mala
contendo R$ 500 mil, que teria sido enviada pelo empresário Joesley Batista,
dono da JBS.
Para
o procurador, Temer usou Rocha Loures para receber vantagens indevidas.
"Entre os meses de março a abril de 2017, com vontade livre e consciente,
o Presidente da República Michel Miguel Temer Lulia, valendo-se de sua condição
de chefe do Poder Executivo e liderança política nacional, recebeu para si, em
unidade de desígnios e por intermédio de Rodrigo Santos da Rocha Loures,
vantagem indevida de R$ 500.000 ofertada por Joesley Batista, presidente da
sociedade empresária J&F Investimentos S.A., cujo pagamento foi realizado
pelo executivo da J&F Ricardo Saud", diz a denúncia apresentada por
Janot.
Câmara precisa autorizar
Mesmo
com a chegada da denúncia, o STF não poderá analisar a questão antes de uma
decisão prévia da Câmara dos Deputados. De acordo com a Constituição, a
denúncia apresentada contra Temer somente poderá ser analisada após a aceitação
de 342 deputados, o equivalente a dois terços do número de deputados da Câmara.
A
denúncia foi enviada ao gabinete do ministro Edson Fachin, relator da
investigação envolvendo o presidente. O ministro poderá conceder prazo de 15
dias para manifestação da defesa antes de enviá-la para a Câmara. A formalidade
de envio deverá ser cumprida pela presidente do STF, Cármen Lúcia.
Se
a acusação for admitida pelos parlamentares, o processo voltará ao Supremo para
ser julgado. No caso de recebimento da denúncia na Corte, o presidente se
tornará réu e será afastado do cargo por 180 dias. Se for rejeitada pelos
deputados, a denúncia da PGR será arquivada e não poderá ser analisada pelo
Supremo.
A
regra está no Artigo 86 da Constituição Federal. “Admitida a acusação contra o
presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade”.
Durante
a investigação, a defesa de Temer questionou a legalidade das gravações e os
benefícios concedidos ao empresário Joesley Batista pela PGR na assinatura do
acordo de delação premiada. Os advogados de Loures afirmam que a prisão é
ilegal e que o ex-deputado não fará delação premiada.
"Nada nos destruirá"
Em
discurso no Palácio do Planalto, na manhã de hoje (26), o presidente Michel
Temer disse que a agenda de reformas proposta pelo governo é a "mais
ambiciosa" dos últimos tempos. "Não há plano B. Há que seguir
adiante. Portanto nada nos destruirá. Nem a mim nem a nossos ministros”,
disse.
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