A
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara tentou retomar
hoje (13) as discussões em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
227/16, que prevê a convocação de eleições diretas em caso de vacância dos
cargos de presidente da República e vice-presidente. A proposta estava fora da
pauta desde 24 de maio e só foi reintroduzida depois de acordo firmado entre a
presidência da comissão e a oposição.
A
reunião de hoje foi convocada exclusivamente para debater a chamada PEC das
Diretas. Os deputados da oposição garantiram o quórum mínimo necessário para
abertura da reunião, mas a bancada governista cumpriu o que havia prometido e
obstruiu a discussão. A reunião foi marcada por discursos críticos e foi
encerrada em duas horas em função da divergência entre a base e a oposição
sobre o debate do tema.
O
deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) apresentou requerimento para inverter a
pauta do dia, a fim de colocar primeiro a leitura da ata e do expediente da
comissão e atrasar a discussão do mérito da matéria. “Esse é um assunto sobre o
qual nos debruçaremos no momento próprio. O constituinte foi sábio quando
decidiu não fazer uma eleição direta na hipótese de impedimento do presidente e
seu vice faltando dois anos apenas para o fim do mandato. Nós não temos que
tratar sobre questão diretas já. A Constituição num país democrático é um
guardião que deve ser usado, e não mudado, nos momentos de crise” argumentou
Aleluia.
A
oposição concordou em inverter a pauta para garantir o andamento dos trabalhos,
mas protestou contra a estratégia da base aliada. “Não achamos normal o governo
obstruir o debate sobre diretas e o funcionamento da principal comissão da
casa. Nós queremos que o governo tenha o mínimo de coragem de votar contra o
projeto, se quiser. Nós queremos enfrentar o tema e não aceitamos que seja o
Congresso que eleja o próximo presidente”, disse o deputado Alessandro Molon
(Rede-RJ).
Ao
perceber que o requerimento seria aprovado, os deputados governistas esvaziaram
o plenário. A falta do quórum mínimo para concluir a votação do requerimento
impediu a continuidade da reunião. Os líderes da oposição aproveitaram ao
máximo o tempo final para discursar em favor da análise da proposta e provocar
a base aliada dizendo que o governo não quer eleições diretas. Os governistas
rebateram dizendo que a mudança na Constituição é "casuísmo" da
oposição no momento de crise.
O
presidente da comissão, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse que convocará
nova reunião extraordinária para discutir o assunto na próxima semana. Apesar
de Pacheco ter se posicionado de forma contrária à mudança na Constituição, ele
defendeu que o governo retire a obstrução e permita o debate.
“Temos
que debater essa PEC, seja aprovando ou rejeitando a admissibilidade da
proposta. Vamos tentar convencer a base do governo para não obstruir e que
possamos debater logo essa pauta. Temos aqui uma série de itens que precisam
ser aprovados ou rejeitados. Não pode apenas um item travar toda a pauta da
comissão”, afirmou Pacheco após o encerramento da reunião.
Eleições diretas
De
acordo com a proposta em discussão na CCJ, de autoria do deputado Miro Teixeira
(Rede-RJ), se os cargos de presidente e vice-presidente da República ficarem
vagos, deve ocorrer eleição direta (voto popular) em 90 dias depois de aberta a
última vaga. Se a vacância ocorrer nos últimos seis meses do mandato, a PEC
estabelece que a eleição será indireta, ou seja, feita pelo Congresso Nacional,
em 30 dias.
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