Dono
da empreiteira UTC e um dos delatores da Operação Lava Jato, Ricardo Pessoa
disse nesta segunda-feira (8) que não discutiu o repasse de propinas para o PT
com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em depoimento ao juiz federal
Sérgio Moro, Pessoa reafirmou o pagamento de vantagens indevidas a partidos
políticos para que a sua empresa pudesse firmar contratos com a Petrobras.
Segundo ele, os executivos eram “cobrados” a efetivar os repasses.
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As
vantagens indevidas eram repassadas às diretorias de Serviços e de
Abastecimento da Petrobras. Ele repetiu a versão de que a propina do PT era
paga ao então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, e ao PP, por meio de
três interlocutores. Na estatal, segundo Pessoa, os principais intermediários
eram os ex-dirigentes Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Renato Duque.
Como
o dono da UTC já firmou acordo de colaboração premiada e forneceu as informações
que tinha conhecimento sobre o esquema de corrupção, os investigadores do
Ministério Público Federal pediram que ele respondesse objetivamente às
questões. Ao final do depoimento, que durou pouco mais de 20 minutos, o juiz
Sérgio Moro pediu alguns esclarecimentos.
Questionamentos diretos
Respondendo
aos questionamentos diretos, o executivo da UTC negou que tenha tratado do
repasse de valores com o ex-ministro Antonio Palocci ou com o então presidente
Lula. Ricardo Pessoa contou que os repasses começaram a ocorrer após 2006.
Segundo ele, tendo como base as prioridades de investimentos da Petrobras, os
contratos eram acertados pelas empreiteiras, que ficavam responsáveis pelas
obras e repasse dos valores.
“Se
pagava propina porque éramos instados a colaborar, tanto para o PP, através do
diretor Paulo Roberto Costa [diretor de Abastecimento], do deputado José
Janene, depois a cargo do Alberto Youssef. E a diretoria de Serviços, que
ficava a parte dentro da 'Casa', como eles chamavam, dentro da própria companhia,
com o próprio Pedro Barusco, eventualmente com [Renato] Duque. E uma parte para
o Vaccari, que era para o PT. Éramos cobrados”, respondeu, ao ser indagado pelo
MP sobre o motivo das propinas.
Pessoa
deu as declarações na ação penal em que Lula, Palocci e Marcelo Odebrecht são
réus na Lava Jato. Durante a audiência, Sérgio Moro determinou uma série de
intimações para testemunhas de defesa e de acusação, após pedidos feitos pelos
advogados presentes e agendou parte das audiências. Na última sexta-feira (5),
o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, disse que o ex-presidente
tinha conhecimento e “comandava” o esquema.
“As
oportunidades eram tantas que suscitavam as empresas se reunirem para definirem
quem queria o que. Essa era a realidade. Nós definimos as prioridades, depois
alguns grupos se formavam para identificar o que queriam cada um desses.
Alguns consórcios se formavam”, disse o presidente da UTC, após detalhar que as
escolhas eram feitas durante três ou quatro encontros anuais que tinham como
base a prioridade de investimentos definida pela Petrobras.
De
acordo com Pessoa, os pagamentos, de cerca de 1% do valor da obra, eram feitos
mensalmente em parcelas fixas durante o período de contrato de duas formas: em
caixa dois ou por meio de contribuições políticas oficiais. “A propina era
discutida com cada um individualmente. Mesmo quando tinha consórcio, o assunto
vinha à tona depois já com a obra contratada, como se fazia a divisão para
pagamento dessa propina”, disse.
Outro lado
Por
meio de nota à imprensa, a assessoria de Lula disse que o depoimento de Ricardo
Pessoa não ajudou “a corroborar a tese dos procuradores”. De acordo com o
comunicado, o executivo confirmou não ter conhecimento de “qualquer ligação”
entre os esquemas de corrupção e o ex-presidente.
“Depois
do Ministério Público, nenhum advogado de defesa dos réus no processo se
interessaram em fazer mais perguntas, encerrando o depoimento. De acordo com a
lei, findadas as perguntas das partes, pode o juiz que conduz a audiência
também fazer questionamentos, exclusivamente para esclarecer pontos que possam
gerar dúvidas dentro do que já tenha sido dito pela testemunha. O juiz Sérgio
Moro, porém, achou por bem ir além do que permite a lei, e perguntou, por sua
própria vontade: 'O senhor tratou desses assuntos [propina] com Antônio
Palocci?'. A resposta: 'Não, excelência'. Depois, perguntou: 'O senhor tratou
desses assuntos com o senhor Luiz Inácio?'. 'Nunca, excelência'”, escreveu a
assessoria de Lula.
Em
comunicados recentes, o PP tem afirmado que “todas as doações recebidas foram
legais e devidamente declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral”. O partido
informou que “não compactua com condutas ilícitas e confia na Justiça para que
os fatos sejam esclarecidos”.
SAFADOS. e se todos nao pagassem !
ResponderExcluirqquanto mais tem mais querem...