A
denúncia de que o presidente Michel Temer teria atuado para garantir o silêncio do ex-presidente
da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) repercutiu entre parlamentares
da Câmara e do Senado. Desde ontem, a oposição vem pedindo a saída do
presidente, mas integrantes da base aliada defendem a permanência de Temer no
cargo.
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Na
tarde desta quinta-feira (18), Temer fez um pronunciamento no qual
disse que não vai renunciar, pediu celeridade nas investigações e disse que vai
provar que não feriu o decoro. “Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos e
exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo
brasileiro. Essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo”, disse
Temer, em pronunciamento.
Logo
após o pronunciamento, a bancada do PMDB, partido de Temer, na Câmara divulgou
uma nota na qual disse confiar na palavra do presidente da República. “No seu
pronunciamento o presidente defendeu a celeridade das investigações comandadas
pelo STF [Supremo Tribunal Federal] e deixou claro que irá responder a todos os
questionamentos”, diz a nota assinada pelo líder Baleia Rossi (SP).
A
direção do PR também divulgou nota solidarizando-se com Temer. O partido disse
que continua na base governista e que qualquer tomada de posição será precedida
de reunião do colegiado competente. “Reiteramos a condição de partido da base
governista no Congresso Nacional, na oportunidade em que renovamos a confiança
no trabalho do presidente Michel Temer”, diz a nota.
O
presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse em nota que o partido
defende um rápido esclarecimento dos fatos pela Justiça para que o país volte à
normalidade e recupere sua estabilidade política e econômica. “O PP reafirma o
seu compromisso com o Brasil e acredita que as políticas adotadas pelo atual
governo do presidente Michel Temer são necessárias para a retomada e
consolidação do crescimento do nosso país”, diz a nota.
O
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), alçado à condição de presidente interino do
PSDB após o afastamento de Aécio Neves (MG), disse que o partido vai manter
“sua responsabilidade com o país”. “O PSDB pediu a seus quatro ministros que
permaneçam em seus respectivos cargos, enquanto o partido, assim como o Brasil,
aguarda a divulgação do conteúdo das gravações dos executivos da JBS”, disse.
Críticas
Líder
do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) defendeu a renúncia de Temer e disse que,
ao insistir em permanecer no cargo, o presidente fez a “a pior das opções para
ele e para o país” e que permaneceu no cargo para preservar sua imunidade
institucional. “O gesto de grandeza que lhe resta – e pelo qual clama a
sociedade brasileira – é o da renúncia para que o país possa recompor, em
outras bases, o seu ambiente político”, disse o senador.
A
mesma avaliação foi feita pelo líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jordy (PA).
“Faltou grandeza ao presidente Michel Temer de renunciar e refazer o pacto na
condução da crise econômica”, disse Jordy.
O
líder do PT na Câmara, Carlos Zaratini (SP), disse que as denúncias mostram que
Temer agiu para obstruir a Justiça “com o objetivo de afastar qualquer
investigação e de eliminar a sua ligação com Eduardo Cunha” e que “se nega a
colocar o seu cargo à disposição da nação”.
O
líder do PSOL, Glauber Braga (RJ) disse que, após as denúncias, a permanência
de Temer na presidência ficou insustentável.
Abertura de inquérito
Nesta
quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de
inquérito para investigar o presidente Michel Temer. A medida foi tomada a
partir de depoimentos de delação premiada dos empresários Joesley Batista e
Wesley Batista, donos do grupo JBS.
Segundo
reportagem do jornal O Globo, que antecipou o conteúdo dos depoimentos, em
encontro gravado em áudio por Joesley, Temer teria sugerido que se mantivesse
pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio
Funaro para que estes ficassem em silêncio. Após a denúncia, parlamentares da
oposição protocolaram pedidos de impeachment de Temer.
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