Agencia Brasil
O
presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Ives Gandra, disse
hoje (31) que a regulamentação da terceirização da atividade-fim de empresas
deve ser decidida no Supremo Tribunal Federal (STF). “Nós temos dois projetos
que tratam da mesma matéria. Se os dois conseguirem ser aprovados você pode sim
criar uma lei que assimile as vantagens de cada um. Acho que a questão vai
acabar sendo resolvida pelo próprio STF”, disse.
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No
dia 22 de março, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que trata da
terceirização para qualquer tipo de atividade de empresas privadas e do
setor público. Mas também está em tramitação no Senado Federal uma
alternativa ao projeto de lei aprovado pelos deputados.
A
aprovação do projeto pelos deputados ocorreu sob forte protesto de
representantes de centrais sindicais e de parlamentares da oposição, que
tentaram sem sucesso obstruir a votação. Como o projeto já tinha sido analisado
pelo Senado, o texto aprovado pelo plenário seguiu direto para a sanção
presidencial.
“Está
se pensando realmente no projeto do Senado ser utilizado para uma espécie de
híbrido, pegando um pouco de cada um. Eu acho muito difícil conseguir isso”,
disse o ministro.
Ives
Gandra participou hoje, em Brasília, do 9º Encontro Interempresarial de
Jurídico Trabalhista, em que especialistas e representantes de empresas de mais
de 30 setores da economia discutiram a reforma trabalhista. O evento foi
organizado pelo Grupo Interempresarial de Jurídico Trabalhista em parceria com
o Instituto Via Iuris de Direito de Trabalho.
Reforma
trabalhista
O
presidente do TST voltou a defender uma legislação trabalhista enxuta, com
direitos constitucionais garantidos, e que prestigie as negociações coletivas.
“Se fossemos pensar em uma CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] ideal seria
com os direitos comuns a todos os trabalhadores, e tudo o que diz respeito a
condições de trabalho de cada setor, aí teríamos as negociações coletivas,
acordo e convenções que são estabelecidas entre sindicatos e cada uma das
empresas dos setores de produção específicos”, disse.
Para
o ministro, a flexibilidade da legislação é a garantia de emprego,
principalmente em épocas de crise. “Nesses momentos, o trabalhador quer uma
proteção real. Se deixar uma legislação muito rígida, o empregador não tem
condições de manter o trabalhador. Se conseguir uma flexibilização através de
negociação coletiva, vai se resolver muito a questão da empregabilidade. Não se
dá, por exemplo, um reajuste da inflação, mas se consegue a garantia de
emprego”, disse.
Segundo
ele, às vezes, as indenizações deferidas aos trabalhadores em processos
trabalhistas e os direitos criados pela jurisprudência acabam onerando de tal
forma a empresa que muitas vezes ela pensa duas vezes antes de contratar o
trabalhador. Gandra explicou que, como está sendo proposto, a cada norma
flexibilizada há uma vantagem compensatória para o trabalhador. “O patrimônio
jurídico do trabalhador como um todo é mantido”, ressaltou Gandra.
O
Projeto de Lei 6.787/2016 altera a CLT e outros dispositivos possibilitando
que, nas negociações entre patrão e empregado, os acordos coletivos tenham
mais valor do que o previsto na legislação, permitindo, entre outros
pontos, o parcelamento de férias e mudanças na jornada de trabalho.
A
proposta enviada pelo Executivo recebeu mais de 800 emendas na
comissão especial da Câmara dos Deputados criada para analisar a matéria. A
previsão é de que a proposta seja apreciada na primeira quinzena de abril.
Para
o conselheiro jurídico do Instituto Via Iuris de Direito de Trabalho, Adalto
Duarte, o número de emedas é um sinal da importância do tema, mas que não é o
momento de uma grande reforma e sim de focar nas ações emergenciais.
“O
governo estava certo, enviou uma proposta de minirreforma. O desafio agora é
conseguir organizar tudo isso e, em vez de aproveitar mais de 800 emendas,
fazer com que sejam cerca de 30, mas que tenha impacto na geração de emprego e
renda, que para as empresas signifique segurança jurídica e para o trabalhador
que não está empregado signifique a possibilidade de retornar rapidamente ao
mercado de trabalho”, disse Duarte.
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