Elaine
Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Por meio de
nota à imprensa, o Partido dos Trabalhadores condenou as buscas da Polícia Federal realizadas na manhã de hoje (23) na sede nacional do PT em São Paulo,
no âmbito da Operação Custo Brasil, um desdobramento da Lava Jato. A operação
de busca durou sete horas e, para o partido, foi
“desnecessária e midiática".
“Em meio à
sucessão de fatos e denúncias envolvendo políticos e empresários acusados de
corrupção, monta-se uma operação diversionista na tentativa renovada de
criminalizar o PT”, diz a nota do partido. A nota diz ainda que o PT não tem
nada a esconder e "sempre esteve e está à disposição das autoridades para
quaisquer esclarecimentos”.
A Operação
Custo Brasil foi deflagrada na manhã de hoje pela PF em conjunto com o
Ministério Público Federal e a Receita Federal. O objetivo é apurar o pagamento
de propina, proveniente de contratos de prestação de serviços de informática,
no valor de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a
funcionários públicos e agentes públicos no Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão.
Um dos presos
na operação foi o ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. A nota
do partido também cita acusações a correligionários: “a respeito das acusações
assacadas contra filiados do partido, é preciso que lhes sejam assegurados o
amplo direito de defesa e o princípio da presunção de inocência”, diz o texto, assinado
pela Executiva Nacional do PT.
Advogado do PT
O advogado do
PT Luiz José Bueno de Aguiar também se manifestou sobre as buscas na sede do
partido. Para ele, não havia necessidade do cumprimento de mandado de busca e
apreensão e a ação foi “uma busca para tirar foco de outras coisas”.
Questionado
por jornalistas, ao deixar a sede do PT, sobre o que seriam as "outras
coisas", Aguiar explicou: “tirar o foco de investigações óbvias que estão
sendo feitas no país inteiro e que não envolvem o Partido dos Trabalhadores.
Não há que mencionar nenhuma, mas são todas de conhecimento público”, afirmou.
Segundo o
advogado, os policiais recolheram documentos que já estão em órgãos oficiais e
recibos que poderiam ser obtidas de outras formas. “São documentos públicos
todos eles. Não vejo tanta razão para toda essa mídia, pessoal armado até os
dentes. Acho que faz parte do espetáculo midiático”, disse Aguiar. Além de
papéis, os policiais levaram, segundo o advogado, quatro computadores que ele
não soube dizer a quem pertenciam.
Luiz José
Bueno de Aguiar disse também não saber exatamente o que os policiais estavam
buscando. “São dois inquéritos policiais: um de 2015 e um processo da 6ª Vara
da Justiça Criminal de São Paulo de 2016”, completou. “Já estou providenciando
procuração para tentar ter acesso aos autos o mais rápido possível para saber
do que se trata”, disse.
De acordo com
ele, os policiais não entraram na sala da presidência do PT paulista. “Achei o
ato desnecessário, mas não houve violência. Não entraram na sala da
presidência. Não houve nada na sala da presidência. [A ação] limitou-se a
questões contábeis, o que faz parte do meu espanto, porque documentos contábeis
são públicos e não há necessidade de busca e apreensão, bastaria uma simples
requisição.”
O presidente
nacional do PT, Rui Falcão, chegou à sede do partido em São Paulo por volta das
13h, sem falar com a imprensa.
Bancada no
Senado
A bancada do
PT no Senado também divulgou nota questionando as reais motivações da prisão do
ex-ministro Paulo Bernardo e reiterando que o objetivo da ação foi desviar a
atenção da opinião pública de casos de corrupção que envolvem o governo
presidente interino Michel Temer.
“A bancada
estranha que tal prisão tenha ocorrido no momento em que a nação toma
conhecimento de fatos gravíssimos de corrupção que atingem diretamente o
governo provisório, o qual se instalou justamente para tentar paralisar as
investigações da Lava Jato”, diz a nota emitida em solidariedade à senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR), esposa de Bernardo.
O partido
também criticou o fato de o ex-ministro ter sido preso no apartamento da
senadora Gleisi por caracterizar, supostamente, uma violação à imunidade
parlamentar da senadora. "A residência oficial da senadora Gleisi Hoffmann
foi invadida, na presença de seus filhos menores, pela Polícia Federal, sem a
devida autorização do Supremo Tribunal Federal. Com isso, usurparam-se
atribuições constitucionais exclusivas do STF e da Procuradoria-geral da
República”, diz o texto.
O secretário
nacional de Organização do PT, Florisvaldo Souza, também se manifestou sobre a
Operação Custo Brasil. Segundo ele, a iniciativa da Polícia Federal (PF) teve
por objetivo desviar a atenção e tirar o foco do que ele chamou de “golpe”
contra a presidenta afastada Dilma Rousseff.
“Tem um golpe
em andamento e uma presidenta deposta sem motivo, sem crime e sem nada. E tem
um governo montado com gente envolvida em atos de corrupção. Ou seja, o foco
está lá. Não estamos entendendo a razão da Polícia Federal ter vindo à sede do
PT. Não tem nenhum dirigente envolvido ou citado, não tem nenhuma questão
direta envolvendo o Partido dos Trabalhadores”, afirmou Florisvaldo.
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