O ministro da
Justiça, Eugênio Aragão, disse que considera a reação de movimentos sociais do
campo, que têm se mobilizado contra o impeachment da presidenta Dilma
Rousseff, proporcional à ação de grupos que trabalham pelo impedimento.
Aragão foi
questionado por jornalistas sobre declarações dadas pelo secretário de Finaças
e Administração da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag),
Aristides Santos, de que os agricultores iriam ocupar fazendas e gabinetes de
parlamentares da chamada "bancada da bala". As afirmações foram
feitas por Santos na última sexta-feira (1º), no Palácio do Planalto, em
cerimônia de assinatura de decretos de desapropriação de terras para a reforma
agrária.
“Vamos ocupar
as propriedades da bancada da bala. Vamos ocupar os gabinetes deles, mas também
as fazendas deles”, disse Santos na ocasião. Ao discursar, momentos depois,
Dilma desencorajou atos de perseguição a autoridades.
Em referência
aos movimentos de luta no campo, Aragão disse que, sem o uso da violência, “a
reação de quem está acuado é realmente uma reação que tem intensidade
proporcional”. O ministro voltou a afirmar que as tentativas de
desestabilização do governo se devem à insatisfação com o resultado das
eleições por grupos que buscam minar a capacidade de governança do Executivo.
“Os setores
que mais ganharam com as conquistas sociais nesse governo devem também
demonstrar, de seu lado, a sua insatisfação. Não é que se deva descambar para a
violência, mas a manifestação de apoio a este governo é de absoluta rejeição a
qualquer tipo de [tentativa] de afastá-lo através de um golpe, mesmo com
qualquer aparência de constitucionalidade, me parece que é um movimento
legítimo”, disse Aragão.
O líder do
partido Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), entrou com representação na
Procuradoria-Geral da República contra Dilma, alegando que a presidenta foi
conivente com a incitação à violência ao não repreender diretamente as
declarações do dirigente da Contag no Palácio do Planalto.
Contag
A diretoria da
Contag repudiou hoje (5),no site da entidade, repudiando a intolerância, o
ódio e as ameaças que o secretário Aristides Santos e aos seus familiares
receberam, decorrentes da "divulgação parcial pelos meios de
comunicação", do pronunciamento feito no Palácio do Planalto.
Segundo o
comunicado, o objetivo do secretário foi criticar o governo federal quanto à
"timidez" das medidas aprovadas para a reforma agrária e deixar claro
que o "desrespeito às pessoas e às instituições públicas" pode levar
a reações que podem envolver a sociedade em uma crescente "espiral de
radicalização", o que "dificultará e impedirá" uma saída
democrática para a atual crise política e institucional por que passa o Brasil.
A Contag
reafirmou ainda o pedido às instituições públicas para que tenham
"serenidade necessária para o momento e respeitem o estado democrático de
direito".
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