A Justiça de
São Paulo aceitou denúncia contra sete executivos das empresas Alstom e CAF,
acusados pelo Ministério Público de participação no cartel de trens que operava
na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), durante o governo de José
Serra (PSDB).
A decisão é da
juíza Roseane Cristina de Aguiar Almeida, da 28ª Vara Criminal da capital. Os
sete acusados terão prazo de dez dias para responder à acusação, por escrito, e
para arrolar testemunhas.
Da Alstom, os
executivos Antonio Oporto Del Olmo, Cesar Ponce de Leon, Isidro Ramon
Fondevilla Quinonero, Luiz Fernando Ferrari e Wagner Tadeu Ribeiro, foram
denunciados pelo Ministério Público-SP por crime contra a ordem econômica. Da
CAF, Agenor Marinho Contente Filho e Guzmán Martín Diaz foram denunciados por
crime contra a ordem econômica e contra a administração pública.
Segundo a
denúncia do promotor Marcelo Mendroni, em setembro de 2009, os denunciados
passaram a discutir a divisão do escopo do projeto de aquisição e manutenção
dos trens da CPTM. Para o promotor, os acusados formaram um cartel para evitar
concorrência e direcionar a licitação, violando a lei da livre concorrência.
Inicialmente,
de acordo com a denúncia, estavam interessadas na licitação as empresas
Bombardier, Siemens, Tejofran; a Mitsui, a CAF, a Alstom e a MGE. Ao final, no
entanto, somente a CAF apresentou proposta.
Os denunciados
direcionavam a licitação para saber previamente qual empresa seria a vencedora,
“o que fazia com que as outras empresas que participavam do cartel ofertassem
suas propostas a preços superiores ou simplesmente não participassem da
concorrência na referida licitação, deixando de oferecer proposta”, disse o
MP-SP. Segundo a promotoria, uma das consequências foi o superfaturamento do
preço final contratado.
Por meio de
nota, a CAF informou que “reafirma que tem colaborado com as autoridades no
fornecimento de todas as informações, e que atua estritamente dentro da
legislação brasileira”.
A Alstom disse
que a decisão "é uma ação que tem como parte apenas pessoas físicas".
"A Alstom acompanha o desenrolar do processo e irá colaborar com as
autoridades quando solicitada. A empresa, como sempre indicou, opera de acordo
com um código de ética e com todas as leis e regulamentos dos países onde atua.
A prática de cartel ou de qualquer concorrência desleal não são permitidas pelas
regras da Alstom”, informou a empresa.
A CPTM
informou ser "a maior interessada na apuração dos fatos, com intuito de
que os responsáveis sejam punidos na forma da lei e de que haja restituição dos
prejuízos aos cofres públicos. A companhia está à disposição para colaborar com
a Justiça, caso seja solicitada, evitando o risco de ser vítima dessa prática
em futuras licitações".
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Dag Vulpi