O Ministério
Público de São Paulo (MPSP) continua a colher depoimentos dos investigados na
Operação Alba Branca, que apura fraudes em compras da merenda escolar da rede
estadual. A suspeita é que a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf),
localizada em Bebedouro, no interior paulista, pagava propina a funcionários
públicos em troca da celebração de contratos. A operação foi deflagrada no dia
19 de janeiro pelo MPSP e pela Polícia Civil de São Paulo.
Nos
depoimentos foram citados agentes públicos como o presidente da Assembleia
Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), o ex-chefe de gabinete da Casa
Civil do governo estadual Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita, e o
atual secretário de Logística e Transporte, Duarte Nogueira Júnior, que já foi
secretário de Agricultura. Foram citados ainda os deputados federais Baleia
Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB).
Por envolver agentes públicos com foro privilegiado, o MPSP criou uma força na Procuradoria-Geral de Justiça para conduzir as investigações. Com base no que for apurado, o promotor Leonardo Romanelli pode oferecer denúncia à Justiça.
De acordo com
o MP, a Coaf liderava o esquema de pagamento de propina. A cooperativa mantinha
contratos com diversas prefeituras, com valores superiores a R$ 1 milhão, e um
contrato com o governo estadual. A empresa também é investigada por fraudar a
modalidade de compra “chamada pública”, pois ela pressupõe a aquisição de
produtos de pequenos produtores agrícolas. A cooperativa, por sua vez, adquiria
também de grandes produtores e na central de abastecimento do estado, segundo
informou o MP.
Em nota da
Secretaria de Educação, o governo paulista diz que segue a legislação do
Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que determina o uso, na
merenda escolar, de 30% de alimentos cultivados e produzidos por meio da
agricultura familiar, e que se mantém à disposição da Polícia Civil e do
Ministério Público para dar sequência às investigações.
Para o
deputado federal Nelson Marquezelli, o depoimento que cita o nome dele “não
deixa claro" seu envolvimento "no esquema alvo da investigação”.
Segundo o deputado, a citação não tem consistência: "o próprio depoente
deixa claro que 'ouviu dizer', sem apresentar qualquer indício ou prova de
fatos que, seguramente, jamais ocorreram”. A nota enviada pela assessoria de
Marquezelli acrescenta que ele “foi envolvido de maneira torpe, com base em
declarações infundadas, sem base em nenhum fato e por versões desprovidas de
fundamentos”.
O deputado
Baleia Rossi repudiou a citação do nome dele nos depoimentos e disse que não
tem qualquer ligação com as denúncias de corrupção. “Não interferi, recomendei,
pedi ou gestionei em defesa de qualquer empresa fornecedora nas citadas
prefeituras ou quaisquer outras. Inclusive, o próprio delator [ex-presidente da
Coaf], Cássio Chebabi, afirma isso em sua delação, desmentindo o depoimento das
pessoas que mencionam o meu nome.” Rossi disse que estuda as medidas judiciais
cabíveis contra quem o tenha citado, fazendo “alegações criminosas”.
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