O grupo de
manifestantes que pede a queda do atual governo, com intervenção militar e
realização de novas eleições, se mantinha hoje (21), pela manhã, no gramado em
frente ao Congresso Nacional. O prazo dado
pelo governador Rodrigo Rollemberg para saída expira às 19h, mas eles alegam
que o acampamento não recebeu qualquer documento ordenando a saída, e que têm
autorização para ficar.
“Nós fomos
intimados para cair fora verbalmente. Isso não existe. Nós vamos ficar dentro
da lei, vamos sair dentro da lei. Ninguém pode chegar com uma força policial
dizendo para sairmos sem um documento”, disse o produtor de audiovisual Mauro
Costa. “Se a polícia vier com um documento dizendo que temos que sair de forma
legal, sairemos. Não podemos aceitar [a retirada] à força”, completou.
“Estamos aqui
com uma ordem verbal dizendo que a gente tem que desocupar a área. E estamos
resistindo pacificamente. Já que não tem ofício, eu não vou sair daqui”, disse
Elias Sousa. servidor público da Bahia. Elias conta que veio à Brasília visitar
a namorada, viu o acampamento há 25 dias atrás e resolveu ficar. “A gente quer,
pacificamente, destituir esse governo que não nos representa”.
A assessoria
do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, confirmou que não foi
entregue nenhum documento exigindo a saída dos manifestantes. O aviso foi dado
após o encontro entre Rollemberg e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e
do Senado, Renan Calheiros, na última quinta-feira (19) .
“Como estão em
uma área pública, não é necessário um documento como uma reintegração de posse,
por exemplo”, explicou a assessoria do governador. A Polícia Militar (PM)
enviará o Batalhão de Policiamento de Choque para garantir a saída dos cerca de
70 manifestantes que acampam no local. O efetivo não foi divulgado pela PM.
Segundo a polícia e o GDF, no entanto, muitas pessoas já levantaram acampamento
e deixaram o local.
“Até aqui
estávamos admitindo as manifestações em respeito à liberdade de manifestação.
Mas, em função dos conflitos entre grupos que defendem pontos de vistas
diferentes e os confrontos que podem ter consequências imprevisíveis,
entendemos que é inadequada a permanência dos acampamentos", afirmou
Rollemberg, após encontro com Cunha e Calheiros.
Tumulto e
agressões
Uma confusão no
início da tarde de ontem (18) causou pânico e terminou com a detenção de dois
policiais civis no momento em que a Marcha Nacional das Mulheres Negras chegava
à Praça dos Três Poderes. Segundo relatos de participantes da marcha, algumas
mulheres teriam tentado derrubar um boneco inflável que estava em um
acampamento em frente ao gramado do Congresso Nacional.
Um policial
civil do Maranhão, que está acampado com o grupo que pede intervenção militar,
deu quatro tiros para o alto e se entregou à polícia. De acordo com os
manifestantes acampados, os tiros foram disparados para o alto para dispersar
um grupo de pessoas que agrediam uma jovem pró-intervenção. “Cinco pessoas
agrediam ela. Quando vieram com um facão, ele [o policial civil] puxou a arma e
atirou para cima. Ele nos salvou, não feriu ninguém”, disse Mauro.
Além disso, um
grupo de mulheres se colocou diante de um carro particular em frente ao
Ministério da Justiça. As manifestantes acusavam a motorista de não respeitar o
protesto e de invadir uma das faixas destinadas às mulheres.
“A motorista
jogou o carro em cima da companheira. Todas essas violências que aconteceram
aqui na Esplanada dos Ministérios foi só uma amostra do que acontece no nosso
dia a dia”, afirmou Verônica Lourenço, 45 anos, historiadora, educadora e
integrante da Rede Sapatá (Rede Nacional de Lésbicas e Bissexuais Negras).
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