O navio de
pesquisas Vital de Oliveira, comprado este ano pela Marinha, chegou hoje (24) à
tarde em Vitória (ES) para reforçar as equipes que estão verificando os
impactos da lama de rejeitos de mineração na fauna e na flora das áreas
oceânicas atingidas no último domingo (22).
A expectativa
é que os equipamentos a bordo do navio, com previsão de atuar na foz do Rio
Doce, no município de Linhares (ES), permitam a caracterização física, química,
biológica e geológica da região nas próximas semanas.
Além dos
pesquisadores da Marinha, o navio receberá técnicos do Instituto Estadual de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEAPM) e da Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES).
O Vital vai se
juntar amanhã a mais duas embarcações da Marinha que estão na região, a fragata
Rademaker, que está a cerca de 18 quilômetros da costa da praia de Regência e
aguarda os resultados de testes com coletas da água, e o rebocador de alto-mar
Tridente, que chegou na madrugada de segunda-feira (23).
O pró-reitor
de pesquisas da Ufes, Neyval Reis, disse que ainda é cedo para estimar os
estragos ambientais, sociais e econômicos da lama que atingiu o oceano.
“Naquele primeiro momento após o acidente, emergencialmente, os nossos
especialistas fizeram uma atividade de assessoria e apoio técnico aos órgãos
que estão cuidando do problema. Agora estamos começando a ter algumas amostras
coletadas pela própria universidade e vamos começar a fazer análises”, disse.
Reis informou
que a Ufes oficializou hoje a criação de um grupo de 79 pesquisadores que vão
atuar no caso. Eles foram divididos em três grupos. Um vai fazer o
monitoramento ambiental e propor ações de remediação dos estragos e será
composto por especialistas em engenharia ambiental, tratamento e qualidade da
água, tratamento de resíduos, fauna e flora, oceanografia, entre outros.
O segundo
grupo vai avaliar os impactos sociais do acidente e é composto por economistas,
antropólogos, profissionais de saúde e especialistas em gestão pública. O
terceiro grupo é de comunicação e gestão institucional e vai sistematizar as
demandas e os resultados das pesquisas entre os órgãos e técnicos.
A
mancha
A mineradora
Samarco, que tem como acionistas a Vale do Rio Doce e a BHP Billiton, informou
que prossegue usando 9 quilômetros de barreiras de contenção para
proteger as áreas mais sensíveis do estuário localizado em Regência, distrito
de Linhares (ES). A empresa disse, por meio de nota, que “a pluma de turbidez
está a aproximadamente 12 km da boca do rio de Regência ao alto mar, cerca de
15 km da boca do rio ao Norte e 7 km para o Sul”.
Ainda de
acordo com a Samarco, no monitoramento da manhã desta terça-feira, a eficiência
das barreiras instaladas nas áreas protegidas variou de 47% até 91%, se
comparado a turbidez da água de dentro do estuário ao canal principal do rio.
Procurada pela Agência
Brasil, a assessoria de imprensa da empresa disse que está cuidando do
recolhimento das espécies mortas da fauna. A ação é uma demanda estabelecida
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) para evitar a geração de odor e a proliferação de vetores.
"Nos
locais onde se identificou morte de peixes, uma empresa especializada, em
conjunto com pescadores da região, está recolhendo as espécies, em atendimentos
às determinações das autoridades competentes e armazenando-as em bombonas, para
posterior destinação em local devidamente habilitado para recebê-los”,
informaram, sem dizer quantos quilos de peixes já foram recolhidos.
A prefeitura
de Linhares (ES) interditou as praias de Regência e Povoação após a chegada da
lama do rompimento de barragem em Mariana (MG) no mar. A prefeitura espalhou
placas ao longo das praias informando que a água está imprópria para o banho.
O rompimento
da barragem da Samarco em Mariana (MG), no dia 5 de novembro, liberou cerca de
62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no meio ambiente.
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