As
desonerações federais e a retração da indústria fizeram a carga tributária –
peso da arrecadação de tributos sobre a economia – cair em 2014. De acordo com
dados divulgados hoje (29) pela Receita Federal, o Brasil pagou 33,47% do
Produto Interno Bruto (PIB, soma de tudo o que o país produz) em tributos no
ano passado, contra 33,74% em 2013.
Segundo a
Receita, a redução da carga deve-se inteiramente aos tributos federais. Em
2014, os tributos da União responderam por 22,91% do PIB, queda de 0,35% ponto
percentual em relação a 2013. Os tributos estaduais somaram 8,48%, queda de
0,03 p.p., e os tributos municipais totalizaram 2,07%, com alta de 0,11 p.p.
Conforme a
Receita Federal, a queda da carga pode ser explicada, em parte, pelos efeitos
das desonerações concedidas em 2014, que fez a União deixar de arrecadar R$
103,8 bilhões. Em 2013, as reduções de tributos tinham feito o governo federal
deixar de arrecadar R$ 75,9 bilhões.
Outra parte do
recuo do indicador deve-se à retração da indústria e no comércio ao longo do
ano passado.
Os principais
tributos responsáveis pela queda da carga tributária foram o Programa de
Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (Cofins), o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A arrecadação dos quatro tributos caiu
0,56 p.p. do PIB no ano passado.
O PIS e a
Cofins incidem sobre o faturamento e estão diretamente relacionados ao consumo.
Segundo a Receita, a queda da arrecadação desses tributos foi provocada pela
retração do comércio varejista, mais as atividades de veículos, motos,
autopeças e material de construção, que caíram 1,7% em 2014.
Também
interferiu na queda a exclusão do PIS/Cofins da base de cálculo do Imposto
sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos produtos importados,
determinada pelo Supremo Tribunal Federal em 2013 e revertida pelo Congresso
Nacional neste ano.
A queda no
IRPJ e na CSLL está associada à redução dos lucros das empresas. Apesar da
retração da indústria no ano passado, a arrecadação de Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) subiu 0,06 p.p. do PIB por causa da reversão das
desonerações para o setor automotivo e da elevação das alíquotas do setor de
fumo.
Apesar de o
país pagar cerca de um terço do que produz em tributos, a Receita destaca que a
carga tributária é menor que a de outros países e está abaixo da média da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo dos
países mais industrializados, que corresponde a 35% do PIB.
Em relação aos
principais países da América Latina, no entanto, o Brasil lidera o indicador, à
frente da Argentina (31,2%), Bolívia (27,6%) e Uruguai (27,1%).
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