A queda na
arrecadação tributária em julho e nos sete primeiros meses do ano continua
refletindo a retração na atividade econômica, disse o chefe do Centro de
Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias.
"A queda é explicada por uma conjugação de fatores, todos vinculados à
atividade econômica. A desaceleração impactou fortemente", afirmou.
Malaquias
ressaltou que os setores da economia que apresentam o melhor desempenho em 2015
- agronegócio e agricultura - refletem pouco na receita tributária. "É
importante que se faça essa análise, de como a arrecadação adere ao
comportamento da economia. Não é [um impacto] retilíneo", afirmou.
De acordo com
Malaquias, o agronegócio e as vendas externas são setores fortemente
desonerados.
"Alguns
tributos têm comportamento muito aderente ao consumo, ao desempenho da
indústria, à perspectiva de resultados positivos. Identificamos que alguns
setores que contribuíram positivamente para o PIB [Produto Interno Bruto, soma
dos bens e serviços produzidos em um país] foram o agronegócio, o setor de
serviços e as exportações. Quando contribuem para o PIB, temos de investigar em
que medida isso interfere na tributação. Tivemos desempenho positivo no
agronegócio, mas ele é um setor fortemente desonerado e o mesmo ocorre com as
exportações."
Questionado se
os dois setores deveriam passar por mudanças na tributação para ajudar a aumentar
a arrecadação, Malaquias afirmou: "de jeito nenhum". Segundo ele,
medidas para melhorar a atividade econômica e a receita tributária já estão em
curso. "Várias medidas estão sendo trabalhadas visando à retomada do
crescimento e da arrecadação. É nesse sentido que a gente tem de
trabalhar."
Quanto ao
impacto das desonerações tributárias na arrecadação, Claudemir Malaquias
destacou que a desoneração da folha de pagamento já perdeu impacto em julho,
respondendo por uma renúncia fiscal de R$ 7,74 bilhões, 3,34% inferior à
registrada no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, a renúncia,
que soma R$ 62,6 bilhões, ainda supera em 11,76% a do mesmo período de 2014.
Segundo Malaquias, a aprovação da Lei Complementar 147, que incluiu mais de 50 setores no Simples Nacional, também foi responsável pelo peso das desonerações na queda da arrecadação. "Um total de 93% dos contribuintes que, em janeiro fez a opção pelo Simples. Já eram contribuintes em outra forma de tributação. Como o Simples tem uma carga [tributária] menor, recolhe-se menos."
De janeiro a
julho, a renúncia fiscal por causa do Simples Nacional somou R$ 6,77 bilhões,
55,4% a mais que em igual período de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi