O ministro da
Cultura, Juca Ferreira, disse hoje (21) que seria um retrocesso uma eventual
fusão entre os ministérios da Educação e da Cultura, como chegou a ser
especulado nos meios políticos nas últimas semanas. O ministro informou que não
recebeu nenhuma sinalização da presidenta Dilma sobre uma possível fusão de sua
pasta com a da Educação.
“Ela não
sinalizou e, por não ter sinalizado, eu não acredito que vá haver. É
um rumor que até tem uma base, alguém propôs, macos não acredito nessa
possibilidade de fusão. Seria um retrocesso muito grande”, afirmou Juca aos
jornalistas, antes do início do evento.
O ministro
participou na noite desta segunda-feira da cerimônia de abertura do Seminário
Internacional Cultura e Desenvolvimento, que contou com a presença da diretora-geral
da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco),
Irina Bokova.
Ele explicou
que a Cultura tem particularidades que precisam de um gerenciamento próprio e
que a pasta não se fortaleceria se fosse fundida com a da Educação. “Sob o
ponto de vista gerencial e administrativo, é importante que funcionem separado,
porque têm as tecnologias de patrimônio, as tecnologias de museus, toda a vida
do mundo artístico que precisa ser agilizada e as questões do campo da cultura
popular. Se você funde, reduz a capacidade do Estado de tratar com a
profundidade que a área cultural merece. Eu não acredito e não recomendo que se
leve adiante essa ideia.”
Juca citou
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que demonstram a distância que os
brasileiros ainda têm dos equipamentos e instrumentos culturais. “Os dados
detectados pelo IBGE e pelo Ipea é que pouco mais de 5% dos brasileiros
entraram alguma vez em um museu, só 13% vão ao cinema e [os brasileiros leem]
só 1,7 livro per capita por ano”.
De acordo com
o ministro da Cultura, o país tem um deficit grande nessa área e que é preciso
avançar muito, porque a cultura qualifica as relações sociais, permite a vida
democrática, pois educa as pessoas a conviverem com o outro e não transformarem
diferença em ódio. “Ela tem um papel de articular todas as outras dimensões da
vida pública”, afirmou.
Juca Ferreira
disse também que não acredita, em sua avaliação pessoal, que a reforma
ministerial vá atingir os ministérios ligados aos programas sociais do governo.
“Eu não acredito que os ministérios da área social sejam atingidos, porque eles
têm uma força simbólica grande, de sinalizar que o Estado apoia a justiça
social, igualdade, o combate ao racismo e à discriminação, apoia a luta das
mulheres por direitos iguais e pelo desenvolvimento cultural. Então eu acredito
que, mesmo com todas as dificuldades, é importante estrategicamente manter, e
creio que o governo vá manter.”
As mesas de
debate do seminário serão transmitidas ao vivo pela página do Ministério da Cultura na internet. O
evento ocorre até quarta-feira (23).
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