Vista aérea da Península Antártica |
Vinicius Lisboa - Repórter da
Agência Brasil*
A pesca
desenfreada pode ser mais prejudicial a ecossistemas marinhos que a poluição,
alertou a diretora-geral da organização não governamental (ONG) Oceana no
Brasil, Monica Peres. Nesta segunda-feira (8), comemora-se o Dia Internacional
dos Oceanos.
A
diretora-geral da ONG afirmou que o Brasil precisa investir na produção de
dados e no manejo da pesca no país. "No Brasil, temos um problema muito
grave de falta de manejo, de falta de dados, de falta de pesquisas necessárias
para manejar bem essa atividade. Hoje em dia, não se sabe bem quantos barcos de
pesca existem no país. Não sabemos, há muitos anos, sobre o que desembarca da
pesca no Brasil. Isso é um problemão, e a pesca não manejada e intensa, acima
da capacidade de as espécies se reporem, é um impacto talvez maior que o da
poluição."
Para Monica, muitas pessoas pensam que os oceanos têm uma distribuição uniforme das formas de vida em toda a sua extensão quando, na verdade, há grandes agregações de seres vivos em espaços restritos e áreas gigantescas sem vida. Quando a pesca é feita sem o manejo adequado nessas áreas em que a vida se concentra, o equilíbrio dos ecossistemas é ameaçado. "Às vezes, a pesca é feita para retirar uma espécie que é abundante, mas vem junto com ela uma espécie que vive muitos anos, que fica adulta muito tarde, que tem poucos filhotes. Essas espécies mais vulneráveis não aguentam a intensidade de pesca que a espécie-alvo aguenta", disse Monica, destacando que é preciso proteger as espécies que são pescadas e usadas como alimento e as demais, que, quando acabam caindo nas redes de pesca, são devolvidas mortas ao mar sem que haja qualquer benefício com isso.
"A gente
precisa respeitar a capacidade daquelas populações de se reporem. Toda extração
de recursos vivos precisa ser feita dentro da capacidade do organismo de se
repor".
Ações de
preservação e de manejo, na visão da pesquisadora, servirão também para que os
ecossistemas marítimos sejam mais capazes de resistir às mudanças climáticas no
planeta. "O que se sabe hoje é que os ambientes marinhos e oceânicos serão
os mais afetados pelas mudanças climáticas", disse. Mudanças na
temperatura, explica Monica, podem provocar alterações, por exemplo, nas
correntes marítimas e na disponibilidade de oxigênio e nutrientes na água. A falta
de sódio, por exemplo, poderia levar à morte de corais.
*Colaborou
Mara Régia, das Rádios EBC
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