Por Andreia Sadi
Em seu
depoimento à Polícia Federal, o policial afastado Jayme Alves de Oliveira
Filho, conhecido como Careca, disse ter ''ouvido'' que o ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa teria aterrado uma piscina em sua casa, no Rio de
Janeiro, para guardar dinheiro.
Ainda não é
possível saber o que os investigadores fizeram com a vaga informação fornecida
por Careca. Mas uma comparação entre imagens aéreas antigas e recentes do local
mostra que, de fato, uma piscina desapareceu do imóvel de Costa, que fica num
condomínio na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio).
No local onde
havia um nítido quadrado azul rodeado de um piso claro, bem na entrada de sua
residência, há agora só um gramado plano.
Conforme o
histórico de imagens de satélite do Google Earth, recurso disponível para quem
faz download da ferramenta, a casa de Costa ainda era equipada com a piscina em
17 de setembro de 2009. A imagem mais nítida da piscina, feita três meses
antes, é a que ilustra esta reportagem (confira abaixo)
Em 18 de
janeiro de 2010, porém, a piscina já não estava mais lá. Nesta quinta-feira
(15), a Folha sobrevoou o local. Na foto mais recente, feita pela reportagem,
também só é possível identificar um gramado.
Preso na
sétima etapa da Operação Lava Jato, em novembro, mas já em liberdade, Careca
trabalhava como carregador de dinheiro para o doleiro Alberto Youssef, detido
até agora.
Ele respondeu
questionamentos sobre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras no dia 18 de
novembro.
CONTATO
No depoimento,
disse que não mantinha contato com Costa, mas com seu genro, Márcio Lewkowicz.
"Conheço o Márcio da loja de móveis que ele tem em Ipanema. Era a pessoa
para quem eu entregava o dinheiro", disse.
O agente
federal afirmou ter entregue ''umas seis vezes'' dinheiro ao genro de Costa,
mas não soube informar os valores. Ele negou frequentar a casa do ex-diretor da
Petrobras: "Não sei nem onde fica'', afirmou.
Indagado sobre
o local onde Costa guardava o dinheiro que lhe era entregue através do genro,
disse supor que os montantes eram levados para casa. Foi aí que o policial,
voluntariamente, levantou a questão da piscina.
"Posso
acrescentar que já ouvi informações que, antes de sua prisão, Paulo Roberto
possuía uma piscina em sua residência na Barra da Tijuca, onde está preso
atualmente. Ouvi dizer que a mesma foi aterrada antes da sua prisão e que
possivelmente ele teria guardado valores onde existia a piscina", afirmou.
Costa foi
preso na Operação Lava Jato, mas deixou a cadeia após firmar um acordo de
delação premiada com o Ministério Público Federal no ano passado.
Atualmente ele
cumpre prisão domiciliar em sua casa –agora desprovida de piscina– na Barra da
Tijuca. O imóvel foi comprado por ele em julho em 2002.
A Folha
procurou o advogado de Costa, João Mestieri, para comentar a declaração de
Careca. Na quarta (14), ele disse que só falaria com seu cliente no dia
seguinte e faria o possível para dar algum esclarecimento à reportagem.
Nesta quinta,
ele não respondeu aos recados deixados em seu escritório, no celular e em seu
e-mail.
A assessoria
de imprensa do advogado também não respondeu. A Folha não localizou o genro de
Costa.
DEPOIMENTOS
Para
transportar dinheiro a mando de Youssef, Careca costumava usar as credenciais
de policial, uma forma de dissipar suspeitas. Ele fazia isso em malas, maletas
e até no próprio corpo.
O ex-policial
prestou três depoimentos à PF em novembro. Em um deles, revelado pela
<b>Folha</b> na semana passada, citou o nome de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), dizendo que Youssef teria lhe mandado entregar dinheiro numa casa
que seria do deputado.
No mesmo
depoimento, Careca disse também que entregou R$ 1 milhão ao senador eleito
Antonio Anastasia (PSDB-MG).
Tanto
Anastasia quanto Eduardo Cunha negaram participação no esquema. Disseram que
sequer conhecem Careca ou Youssef.
Na segunda
(12), o advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto, disse que seu cliente
não teve "negócios" com o tucano nem com o deputado peemedebista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi